Conversa fiada, claro, esta história de que a ideia de Dilma Rousseff não falar na TV no 1° de Maio é para "privilegiar as redes sociais".
É obvio que se trata de uma tentativa de deixar que sigam minguando as manifestações de hostilidade dos grupos de direita com um novo panelaço.
Duas ou três mil caçarolas batendo em São Paulo, na Zona Sul do Rio, na Savassi, em BH ou nos Moinhos de Vento, em Porto Alegre, multiplicadas pelo poder de foco da mídia se transformariam, é claro, numa nova "onda de protestos", corresponda ou não isso à atitude da população.
Porque, como observa com razão Paulo Henrique Amorim, a mídia – com a Globo à frente – calou a Presidenta eleita pelo voto da maioria dos brasileiros.
Mas há algo que, ao que parece, os estrategistas (não sei se uso aspas) da Presidente parecem não ter percebido ou desconsideram.
É que é nas redes sociais que se armam os eventos "espontâneos" que, depois, viram fatos na mídia.
E é dentro das "instituições republicanas" que se monta o clima de "roubalheira generalizada" que domina os jornais.
As ameaças à democracia brasileira estão lá, no comportamento desarvorado da Polícia Federal, do MP e da mídia.
Todos tratados a pão-de-ló em mais de um década de PT.
Que acreditou no que a elite brasileira jamais acreditou ou acreditará.
Que o Brasil é "um país de todos".
Não é, nunca foi e, a depender dela nunca será.
Mas para que seja o país da maioria, de imensa maioria, é preciso fazer escolhas.
Ir à TV neste 1° de maio é irrelevante.
Relevante é que o discurso da esquerda foi mantido fora do eixo.
Talvez uma contagem de expressões nos discursos presidenciais mostre que "classe média" apareceu muito mais que "trabalhador".
"Trabalhadores do Brasil" sempre foi um "populismo demodé".
É isso que fez e faz falta, muito mais que uma fala na televisão para "cumprir o ritual".
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