Conversa Afiada: Se chove em Londres, tucano usa guarda-chuva

O ansioso blogueiro se penitencia.

Não é só o Cerra que padece do mal de jamais ter tido uma ideia original.

Em sessenta anos de vida publica, nada, uma única, misera ideia original …

Não fosse o PiG, esses tucanos de São Paulo não passavam de Resende …

O Farol de Alexandria também só teve uma ideia original: a dependência.

Entrar nos Estados Unidos sem sapatos.

O resto da obra do Príncipe da Privataria constava do Consenso de Washington.

E, mesmo assim, desde os luzias imperiais alguns brasileiros preferem ser Colônia.

O Cerra voltou ao Senado – graças à tucanização do Suplicy e tucano, por tucano, nada como o original … – e já teve duas ideias originais:

- vender a Petrobrax à Chevron.

- e instalar o voto distrital para vereadores, a velha mágica tucana para governar sem voto.

Segundo a Fel-lha, o ex-comunista (pior que um ex-comunista só …) Roberto Freire, que se converteu à carta de vinhos do FHC, vai também apresentar uma "reforma parlamentarista".

O senador tucano Cássio Cunha Lima – cujo prontuário não chega a ser imaculado … – quer acabar com o "Mais Médicos", para não sustentar a "ditadura castrista".

Lançou um "decreto legislativo",  que o Senado aprova, sem sanção presidencial. 

O que ele vai fazer com os médicos brasileiros, argentinos,  uruguaios, europeus do "Mais Médicos" ?

Submeter a um pelotão de fuzilamento em Campina Grande ?

E com os técnicos da OMS, Organizacão Mundial da Saúde, órgão da ONU, que celebrou o acordo com o Governo brasileiro ?

O senador tucano pretende transformar o prédio da ONU em Manhattan em novas torres gêmeas ?

As organizações sociais tem aí um bom motivo para mobilizar a populacão pobre do país inteiro: resistir à fúria do paraibano que pretende emular os tucanos paulistas.

Também, nada de novo.

Os tucanos fizeram a opção preferencial pelos ricos.

Mas, não acaba aí a falta de originalidade tucana.

O Globo Overseas publica nesse sábado (4/4) um artigo extraído dos escombros do Governo Bush.

http://oglobo.globo.com/opiniao/momento-de-reativar-alca-15768406

(O Globo é o único lugar do mundo – nem no Partido Republicano – onde o Bush, filho, ainda faz sucesso …)

Trata-se de um artigo do ilustre tucano Edmar Bacha sobre o "Momento de reativar a Alca".

Nem os americanos querem mais a Alca …

O grande chanceler Celso Amorim – leia a analise que fez do acordo Irã/EUA – detonou a proposta da Alca com um argumento muito simples e preliminar: antes de negociar qualquer item da relação comercial Brasil-EUA, vamos tratar da Agricultura.

E, como se sabe, não fossem os subsídios e as restrições não-tarifárias, a Agricultura brasileira quebrava a americana, porque é mais eficiente, tem preços mais competitivos.

Açúcar, etanol, laranja – para ficar no estado da Flórida.

E aí a Alca empacou.

Empacou e os americanos trataram de criar uma tal de "Parceria Transatlântica".

Ela reuniria os latino-americanos pró- Estados Unidos, como México e Colômbia, e os países asiáticos que competem com a China.

É o obvio ululante – os Estados Unidos põem no balaio os países do "quintal" latino-americano e enfrentam a China, mais fortes.

Só tem dois pequenos problemas nessa geopolítica, que o insigne tucano Edmar Bacha, subitamente consumido pela clarividência do Ataulfo Merval parece ignorar.

Os chineses não dormem de touca e acabam de criar um pequeno banco a que aderiram entusiasmadamente o Brasil, a Asia quase toda, e a Europa quase toda, inclusive protetorados americanos, como a Alemanha e a Inglaterra.

E um ultimo e derradeiro obstaculo à logica tucana: os americanos começam a desconfiar de que essa Parceria Transtlântica pode ser uma faca de dois legumes:http://www.nytimes.com/2015/03/26/business/trans-pacific-partnership-seen-as-door-for-foreign-suits-against-us.html?_r=0

Assim como os americanos desistiram da Alca, breve desistirão dos processos judiciais gerados na Parceria.

É sempre assim.

A Metrópole muda e se esquece de avisar à Colonia.

Os adversários do Jorge Luiz Borges diziam que, de manha, Borges lia o Times e saía de guarda-chuva em Buenos Aires, se houvesse previsão de chuva em Londres.

É o caso do ilustre professor Bacha.

Foi ao Globo de guarda-chuva.

Paulo Henrique Amorim

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