Antonio Neiva. 1949-2015.
Carta de Zé Dirceu lida no velório
“Com Neiva eu tinha muitos laços políticos, fortes e profundos, vindos da militância, da clandestinidade, das prisões, das ideias e dos sonhos em comum. Mas alguns eram da infância e dos amores. O Flamengo, minha paixão da infância em Passa Quatro, (chegando em Sampa com 14 anos virei Corinthiano, mas uma vez Mengo sempre Mengo). E os filhos, tema obrigatório em nossos encontros, para rirmos e sofrermos as alegrias, as culpas e as angústias dos pais de esquerda, ausentes pela causa mas presentes sempre no amor , na paixão e no orgulho pelos filhos.
Mas foi o PT que nos uniu, nos aproximou, primeiro na disputa e na divergência. Neiva queria me matar em 1998, quando fizemos a intervenção no Rio de Janeiro para apoiar Garotinho… Depois, na imensa e inestimável presença e solidariedade do nosso Neiva quando fui cassado, depois processado e condenado na AP 470, presente de novo nos meses em que estive preso na Papuda. Ele foi um dos primeiros a me visitar assim que sai para o semiaberto.
Com ele e Vladimir sempre partilhei uma amizade e uma relação sagrada, dessas que nos faz cada vez mais humanos. Aprendi e aprendo muito com eles. Ao tomar decisões cada vez mais difíceis nesses tempos duros nunca deixei de ouvir um ou os dois, ou de pensar como reagiria
Neiva a uma posição ou proposta. Neiva viveu como queria e amava, nos amores, nos bares, na música, no futebol, nos filhos, coração de esquerda, cabeça socialista e braços de luta e agitação. Pensamento polêmico e aguerrido, um exemplo de militante, com todos defeitos, manias e pequenos grandes vícios daqueles que entregam não a vida mas o que têm de melhor à luta pelo Socialismo.
Camarada Neiva, um abraço afetuoso e amoroso de despedida do teu Zé e até mais.”
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