Ricardo Noblat
30 de agosto de 1988. O atual senador Álvaro Dias (PSDB) era o governador do Paraná. Em tempos de inflação, os professores faziam greve por reposição salarial.
Álvaro já havia avisado que não conversaria com grevistas. Ainda assim, os professores marcharam em direção ao palácio do governo.
Foram recebidos pela tropa de choque, pisoteados pela cavalaria da PM, atingidos por balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Tudo parecido com o que se viu, ontem, em Curitiba.
A data virou símbolo de "luto e luta" da educação no Paraná e é lembrada todos os anos, desde então, com vigílias e protestos organizados pelo Sindicato dos Professores.
Nos anos pares, de campanha eleitoral, as imagens do "massacre de 1988" invariavelmente ocupam os programas de TV. Graças a isso, Álvaro nunca mais conseguiu se eleger governador.
Ainda no ano passado, ele foi expulso de uma universidade em Guarapuava ao tentar dar uma palestra sobre ética. Seu crime? As imagens dos 10 professores feridos pela cavalaria. Apenas 10.
Na época, cinco sindicalistas foram presos. Álvaro justificou a ação policial reclamando do caráter politico do movimento.
O PSDB parece não saber lidar com manifestações populares. Ou vai ver que ao seu modo sabe, sim.
A história nem sempre se repete como farsa. Repetiu-se com o governador Beto Richa (PSDB), que pôs a culpa do "massacre de 2015" no Sindicato dos Professores.
Como observa o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ex-ministro da Educação, o Brasil deve ser o único ou um dos poucos países onde professor apanha por pedir aumento de salário.
Richa: não adianta justificar o injustificável. Perdeu, playboy!