Ruína de Dilma faz de 2018 jogo sem favorito
A mais recente sondagem eleitoral do Datafolha autoriza três conclusões:
1. Com 25% das intenções de voto, dez pontos percentuais atrás de Aécio Neves, Lula deixou de ser o bicho-papão que todos temiam enfrentar.
2. A memória de 2014 redeu a Aécio um percentual de votos (35%) insuficiente para fazer dele a opção automática do PSDB. Geraldo Alckmin (20%) está no páreo.
3. Hoje, a disputa presidencial de 2018 é um jogo sem favoritos. Ou, por outra, 2018 é uma oportunidade à espera de alguém que a aproveite.
A ruína econômica produzida por Dilma Rousseff esquentou a placa de Lula, sobrecarregando-lhe o processador. Como sua criatura roda o software econômico do PSDB, o criador já não pode retomar o discurso do nós-contra-eles. Sem assunto, Lula inaugura a fase do nós-contra-nós-mesmos, atacando a ex-supergerente. Dispõe de três anos e meio para explicar por que vendeu ao país Dilma por lebre.
Enquanto não se explica, Lula convive com a realidade de sub-Lula detectada pelo Datafolha. Hoje, no cenário com Aécio (35%), além de amargar uma desvantagem de dez pontos, Lula (25%) teria no seu encalço a ex-petista e ex-ministra Marina Silva (18%). No cenário com Alckmin (20%), Lula (26%) teria de se habituar ao hálito de Marina (25%).
Quanto ao tucanato, afora a necessidade de tourear a provável divisão interna, talvez devesse aproveitar a convenção nacional de julho para responder a uma pergunta: fora do poder federal desde 2002, por que diabos o PSDB ainda não conseguiu formular algo que se assemelhe a uma crítica propositiva?
Em meio à mediocridade que permeia o debate entre petistas e tucanos, os partidos perderam a capacidade de formular sonhos. Mal conseguem dar conta da realidade. Sem enxergar nenhuma alternativa nítida, o eleitor arquiva seu entusiasmo e vai cuidar de garantir o seu café com leite, hoje mais caro do que ontem.
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