Ainda assim, a decisão é melhor do que o absurdo que existe hoje e que Eduardo Cunha ameaça "constitucionalizar" na Câmara.
Não é ainda esta PEC que foi submetida aos senadores, mas é um sinal evidente de que ela terá dificuldades imensas de sr aprovada no Senado.
A decisão ainda não significa a moralização total do processo eleitoral, porque os empresários, como pessoas físicas, poderão financiar candidatos, mas isso é infinitamente menos do que o dinheiro carreado pelas empresas às campanhas.
E, embora eu e você tenhamos um voto – igual e tão importante quanto o de qualquer um – não temos milhares nem milhões de reais para dar a um partido ou candidato e ajudá-lo a vencer.
A votação, apertada (36 a 31 votos pela vedação das doações empresariais), deixou a nu a posição dos falsos moralistas, que acusam as doações feitas ao PT de serem propina disfarçada, enquanto as suas são puras e castas.
Aécio Neves, José Serra, Aloyzio Nunes, Ronaldo Caiado, Cassio Cunha Lima e outras vestais do demotucanato, todos votaram para que as empresas pudessem continuar despejando fortunas nas eleições. (veja aqui como votou cada senador)
O argumento era a hipocrisia de que, sem poder doar legalmente, as empresas contribuiriam pelo "caixa-dois".
Como se o "caixa-dois" não existisse hoje e, pior, seja encoberto a partir de doações contabilizadas.
O tema vai continuar ardendo, por uma única e simples razão: o fato de Gilmar Mendes ter "sentado em cima" de uma votação já decidida pelo Supremo, que proclama o obvio: empresa não tem ideologia nem cidadania que lhe habilite a ter candidato e influir em eleições.
Empresa é feita para ganhar dinheiro e se participa da escolha dos eleitos será sempre para este fim que investirá neste ou naquele.
E se o faz é um crédito que espera seja devolvido com juros e muito lucro.
É , porém, com todos os limites, a esperança que possa sair algo aceitável do parlamento brasileiro, que tem se tornado um jardim fecundo de podridões.
Quem sabe, apesar de Cunha e Gilmar, a democracia brasileira possa se livrar do pântano de dinheiro onde se sufocou.
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