"Reportagem de "página inteira" publicada no dia 20 de outubro no jornal "O Globo" trazendo trechos do livro de memórias "Diários da Presidência", do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), trouxe à luz importantes revelações sobre o processo de corrupção na Petrobrás.
Pelas "revelações" e parafraseando a presidenta Dilma, podemos afirmar que a corrupção no Brasil, e mais especificamente na Petrobrás, é, de fato, uma "velha senhora".
Num surto de honestidade, FHC afirma que em 16 de outubro de 1996 teria sido avisado pelo dono da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamim Steinbruch, que havia sido nomeado para o Conselho de Administração da estatal, que a Petrobras seria "um escândalo".
Ante a gravidade das denúncias, o ex-presidente afirma que teria reconhecido que o caso exigiria uma "intervenção na Estatal", mas que não havia tomado essa atitude porque não queria"mexer antes da aprovação da lei de regulamentação do petróleo pelo Congresso e também tenho que ter pessoas competentes para botar lá".
Coincidentemente, nesse mesmo período, o renomado jornalista Paulo Francis fazia grave denúncia de que diretores da Petrobrás desviavam dinheiro da empresa e depositavam em contas na Suíça, na "maior quadrilha que existia no Brasil". Falavam em contas de 50 a 60 milhões de dólares.
Mesmo sabendo da roubalheira, o presidente tucano FHC preferiu ficar inerte. No mínimo, prevaricou!
Já o jornalista Paulo Francis foi quem sofreu as consequências: foi processado pelo então presidente da Petrobrás, Joel Rennó, o qual exigiu dele uma indenização de vultosos 100 milhões de dólares.
Dias depois, Paulo Francis morreu de infarto fulminante!
Outra passagem interessante do livro do "Príncipe" diz respeito à atuação da Polícia Federal no chamado escândalo da "Pasta Rosa" (financiamento ilegal do extinto Banco Econômico para campanhas eleitorais de 1990). Nesse escabroso episódio fica clara a interferência política dos tucanos nas ações desenvolvidas pela Polícia Federal quando confessa que "A Polícia Federal foi além dos limites nesse tipo de mesquinharia, e com Antônio Carlos Magalhães estão fazendo uma coisa que não é correta."
Isso devido ao fato do "Toninho Malvadeza" ter ficado enfurecido porque seu filho, Luís Eduardo, tinha sido intimado a prestar um depoimento na PF sobre a denúncia de que seu pai havia recebido 1,114 milhões de dólares do Banco Econômico para sua campanha de Governador. Concluindo, FHC ainda revela: "em todo caso, o Procurador colocou um ponto final nisso."
É bom esclarecer que o procurador-geral da época era o Geraldo Brindeiro, que fora nomeado por quatro mandatos consecutivos durante os oitos anos dos dois governos de FHC.
Nas três primeiras vezes, sem eleição. Na quarta, foi realizada uma eleição sob o comando a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) para a composição de uma lista tríplice, vencida por Antonio Fernandes Barros e Silva de Souza com 184 votos. Geraldo Brindeiro foi o 7º colocado, com apenas 67. Entretanto, Fernando Henrique Cardoso desconsiderou a lista tríplice e "rerererenomeou" Brindeiro, também alcunhado de "Engavetador-Geral da República".
Relembrando esse episódio, Lindinberg Farias (PT-RJ) comentou indignado em recente discurso na tribuna do Senado: "O que fez Fernando Henrique Cardoso? Nomeou o sétimo colocado. Se fosse um governo do PT que fizesse isso, este Brasil caía. Se fosse Lula, Dilma, este Brasil caía. Na verdade, o Ministério Público não tinha a autonomia que tem hoje. Nós tínhamos – está claro nessa intervenção – um procurador que agia para engavetar, para fazer com que os processos não andassem."
De fato, os episódios relatados pelo ex-presidente FHC demonstram cabalmente o "nível de independência" das instituições Ministério Público e Polícia Federal durante os governos do PSDB.
Assim, por ironia do destino, as "revelações" de FHC servem para desnudar toda a hipocrisia e indignação seletiva de setores golpistas, tendo à frente Aécio Neves e Cia, que tentam atribuir ao PT todo o processo de corrupção instalado na Petrobrás. Ao contrário, o escândalo do chamado "Petrolão" vem de longa data e tem DNA tucano.
Será que essas revelações "bombásticas" do "Príncipe" levarão o "diligente" juiz Sérgio Moro a ampliar o período de investigação da Lava Jato até os governos tucanos? Convocará Fernando Henrique Cardoso e as figuras citadas por ele para depor na Lava Jato? As apostas estão abertas!
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