Não é só Lula Livre, é Brasil Livre, por Sérgio Medeiros


Alguns perguntam, porque a candidatura de Lula, se a grande mídia, os que se adonaram do poder e o judiciário, não o deixarão ser candidato? Não seria melhor que, desde então, se apoiasse um novo nome?
A estes, respondo de forma simples.
Não se trata de nomes, ou melhor, somente num caso um nome se imporia, acima de projetos ou partidos, e este é o de Luís Inácio Lula da Silva.
Mas, isto é parte da explicação, não sua totalidade.
O projeto que tirou a Presidente Dilma do governo, destina-se a excluir o Partido dos Trabalhadores da cena política brasileira, fragmentá-lo, destruir sua identidade.
Na impossibilidade de derrotar as ideias que levaram a vitória da política de estado de bem estar social que estava sendo implementada por Lula, ainda hoje considerado o maior de todos os presidentes, optaram por excluir seus idealizadores da seara politica. Para tanto, achavam que bastaria destruir Lula ou anulá-lo, que o partido se auto implodiria.
Os primeiros passos foram dados – perseguição midiática e institucional absurdas, com atos tangenciando a lei e a constituição, até Lula ser preso.
Entendiam que, após tal vilania, os apoiadores do ex-Presidente ficariam dispersos e sem rumo, e que este seria o momento em que ocorreria a implosão do partido e de suas bases.
Não contavam com a experiência e humanidade de Lula, que, ao ver a trama em toda sua sordidez e complexidade, de forma magistral, compreendeu que o único modo de fazer frente a todo o aparato que foi arregimentado para derrota-lo, consistiria em manter coesa a sua posição politica e sua base de apoio, ainda que injustamente aprisionado.
Nesse ponto, sua candidatura a Presidente da República é o fator que tem o condão de unir todos os setores que realmente lutam para que o país retorne à democracia, para que, com esta, a soberania e o governo novamente sejam exercidos em benefício de toda população brasileira.
Todo o esforço das forças antidemocráticas foi incapaz de retirar Lula e sua forma de fazer política, beneficiando a todos, do imaginário popular, e este, mesmo preso, continua a ser o preferido para ocupar a Presidência.
Por via de consequência, é centrado justamente neste reconhecimento do povo brasileiro e na necessária união de todos, que se impõe a manutenção da candidatura de Lula a Presidente, agir em sentido contrário seria abrir mão da última possibilidade capaz de efetivamente impedir o avanço da barbárie.   
Anoto, no entanto, que certos setores, situados no cenário político nacional a esquerda – considerado para tanto o campo da expressão econômica não atrelado ao liberalismo -, agem exatamente  como estava previsto na estratégia  antipetista.
Alguns talvez se movam com certa dose de oportunismo, mas outros, nota-se, movem-se com inegável  falta de clareza para entender a gravidade da conjuntura nacional, que não comporta atos, que de ousados só tem a temeridade e podem trazer o colapso total de uma situação similar a uma guerra civil.
Aos poucos estão sendo hipnotizados pelo canto das sereias, que lhes prometem que, no campo eleitoral, talvez sejam eles a serem ungidos como sucessores de Lula e, deste modo, passarem a ser o novo nome da esquerda. Tais movimentos, repito, significam apenas mais um passo em direção ao abismo.
Representam a possibilidade de fragmentação da esquerda, que somente se uniu sob a liderança de Lula e que, no atual contexto necessita novamente se recompor de forma una, sendo que, a não ser sob a liderança dele, não há ninguém capaz de aglutinar a todos, sob uma só bandeira.
Na hipótese da retirada da candidatura de Lula, este setor que engloba as forças democráticas e popular, tenderia a se perder em lutas internas pelo poder.
Retirar de  Lula, sua candidatura, seria capitular ao canto das sereias e, desta forma, condenar a morte todos os passageiros deste barco país.
Aos que ainda achavam que o projeto de destruição do partido dos trabalhadores era mera especulação, informo-lhes que a realidade novamente se impôs.
O incrível voto de Rosa Weber, um apelo à morte do PT.

A compreensão de toda a conjuntura não se resume a estratégia de Ulisses em se amarrar ao mastro para não sucumbir ao canto das sereias, mas sim, em saber qual o destino dado aos que não resistiam.
Estes morriam afogados no fundo do mar, junto com seus barcos.
Pois bem, as novas sereias do apocalipse, mídia, judiciário, Temer,  PSDB. DEM, não tem somente um canto, tem vários, que se revelam na qualidade de projetos.
É que, não basta somente prender e destruir Lula, é preciso destruir sua essência, ou seja, a esperança e credibilidade que lhe foram outorgadas pelas pessoas simples do povo,  que o levaram ao poder.
Esta tarefa pode ficar mais simples, pois, após destruir Lula, quão simples será destruir sua base, enfraquecida, quão simples será destruir o Partido dos Trabalhadores.
Esta sempre foi a ideia, desde o julgamento, do chamado mensalão - com suas mentiras e falsidades -, a ideia era, e é, destruir o Partido dos Trabalhadores.
Quem chamava isto de teoria da Conspiração, deve ter ficado envergonhado ao ouvir a fala da Ministra Rosa Weber, quando do julgamento, no TSE, da cassação da chapa Dilma Temer.
E aqui, faço um apelo, quase bíblico, a quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, olhem, escutem, toda a fala de Rosa Weber,  e se quiserem vejam a verdade, que a liberdade virá logo após.
Ao proferir o voto, Rosa Weber, na maior parte de sua fala, dedica-se a atacar o partido dos Trabalhadores, considerando comprovada a corrupção e a utilização de dinheiro oriundo desta junto a Petrobrás.
Para tanto, novamente menciona a falaciosa tese de que os valores recebidos mediante doações devidamente declaradas não seriam legais, mas sim fruto de corrupção, e que as notas emitidas não corresponderiam a serviços prestados.
A mesma ladainha, o valor declarado e contabilmente registrado, é, por meio de ilações declarado ilegal, e os milhões bilhões em contas secretas no exterior seriam  caixa dois, mera irregularidade eleitoral.
Em outros termos, o devidamente registrado e contabilizado é corrupção e os valores recebidos às escondidas e depositados em contas de paraísos fiscais é mero caixa dois, sobras de campanha e não produto, estes sim, de atividades ilícitas.
Por fim, declara que o Partido dos Trabalhadores cometeu  o crime mais absolutamente hediondo, atentou contra a democracia, e expressamente dá a entender que somente restaria sua exclusão do cenário político e que, no processo que está sob sua Relatoria, este seria o encaminhamento.
Ressalva, entretanto, que apesar de entender que o partido autor da denúncia ao TSE, o PSDB, cometeu os mesmos delitos, como o processo que apura tais condutas não esta sob sua responsabilidade, ela não pode ser efetiva em relação a este caso.
Pergunto:
Aonde estão os dirigentes do Partido dos Trabalhadores que ainda não deram a  devida atenção a este fato. E pior, ainda se surpreendem com o absurdo voto pela colegialidade dado pela referida Ministra o qual, por vias tortas, impediu a liberdade de Lula.
Registre-se, se no voto junto ao TSE, a ênfase foi no direito material, em detrimento da forma – processo -, no julgamento do habeas corpus ocorreu o oposto, a forma é que norteou a sua decisão.
Estes são os dados, estes são os fatos.
Eu lhes digo, estes são os projetos e, neles não há espaço para o povo, não há espaço para os partidos que realmente os representem e os defendam.
Por isso, não perguntem quais são os nossos planos.
Não há plano B em relação as eleições, porque não há plano B em relação ao futuro do país dentro da democracia.
Talvez agora todos entendam.
Não é somente Lula Livre, é Brasil Livre.
E, não falo da figura, da pessoa de Lula, mas do que ele se tornou, da ideia de Lula, da liberdade em forma de pensamento, da democracia real em forma de povo, da esperança em forma de luta.
Sem Lula, não há Partido dos Trabalhadores, sem Lula, não há liberdade, sem Lula, não há democracia.