No auge das manifestações contra Dilma Rousseff por causa do preço da gasolina briguei com um amigo no Facebook. Ele disse que apoiava o que estava ocorrendo não porque o preço da gasolina estava alto e sim porque os preços dos combustíveis estavam sendo artificialmente contidos. Isso estaria prejudicando os acionistas da Petrobras.
Disse-lhe na época três coisas:
- A primeira que a Petrobras era uma empresa de economia mista com predomínio acionário do Poder Público, portanto, os interesses do Brasil deveriam ser colocados na frente dos interesses dos outros acionistas.
- A segunda, que a prospecção, refino e distribuição de combustíveis não poderia obedecer apenas aos critérios de mercado, pois o preço deste insumo é capaz de desorganizar toda a economia. - A terceira, bem mais importante, que os acionistas têm o direito de vender as ações de uma companhia quando se sentem prejudicados.
Nenhuma empresa tem a obrigação de dar lucro. Muito pelo contrário. Num país capitalista é natural que algumas empresas amarguem prejuízos e até vão a falência. Os cidadãos brasileiros não devem subsidiar os lucros embolsados aos acionistas da Petrobras.
O rapaz, que eu conheci há mais de 30 anos quando ele tinha apenas 10 anos de idade, ficou profundamente irritado com o que eu disse. E revelou que era um pequeno acionista da Petrobras e estava sendo prejudicado. Disse-lhe tranquilamente que ele poderia vender as ações dele e que eu não estava obrigado a garantir o aumento do capital dele. Esta foi a gota d’agua. Desde então não conversamos mais.
Suponho que hoje ele deve estar pensando melhor nesse assunto. Com a gasolina a quase 10 reais o litro os lucros que ele eventualmente embolsou serão revertidos aos donos dos postos de gasolina. De minha parte estou cada vez mais convencido da correção do meu raciocínio. A raison d'État do neoliberalismo é o predomínio da ganância sobre o interesse público. O que ocorreu esta semana prova satisfatoriamente que a racionalidade econômica de um país inteiro não deve se tornar refém de um punhado de acionistas da Petrobras.
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