Agradeço o clique na propaganda dos anunciantes
No primeiro turno valeu tudo: campanha de fake news nas redes (anti)sociais, coação dos funcionários nas empresas e agressão nas ruas. Jair Bolsonaro conseguiu transformar a disputa presidencial brasileira numa espécie de UFC político-partidária. As regras eleitorais foram esquecidas inclusive pelos barões da mídia. A percepção geral que se espalha é a seguinte: as autoridades (MPF, TSE e STF) perderam o controle da civilidade da disputa eleitoral ou simplesmente aderiram à barbárie.
Os eleitores de Bolsonaro não disputarão um “segundo turno” e sim um “segundo round”. Na primeira fase desta guerra civil o respeitável público foi exposto às narrativas violentas e aos vídeos mostrando linchamentos, pedradas, pauladas e tiros para o alto. Na segunda, quando a estatura do mito já tiver começado a desmanchar por causa do seu fraco desempenho nos debates, a histeria dos bolsonaristas mais fanáticos poderá provocar até mortes.
No último vídeo que postou no GGN, Luis Nassiff defende a pacificação do Brasil. Não sei se isso será possível.
Os brasileiros começaram a esquecer seus sonhos. As pessoas que não tem esperança são facilmente atemorizadas e controladas. Num contexto de barbárie crescente, quem quer que tenha o controle da força bruta adquire sempre mais poder. O desespero é capaz de destruir o país, pois violência sempre gera mais violência.
Jair Bolsonaro é o servo por trás do caos e do nada que se espalha violentamente pelo campo político. O mundo da fantasia não tem limites. As vezes ele se conecta com o mundo real através dos filmes. Mas quando a realidade começa a ser despedaçada nas ruas o surgimento de um herói ou o sucesso do heroísmo é algo quase sempre improvável.
Aécio Neves aprofundou a crise política e econômica ao não aceitar a derrota eleitoral. Desde o golpe de 2016 “com o STF com tudo”, Bolsonaro se esforçou para criar uma horda de arruaceiros violentos que está em condição de desestabilizar ainda mais o Brasil. Ele disse que não aceitaria a derrota. Depois disse que não fará nada se for derrotado. O que os arruaceiros de Bolsonaro farão se o mito perder a presidência para Fernando Haddad?
O “efeito manada” é muito poderoso. Ele adquire vida própria. Tanto isso é verdade, que às vezes o líder perde o controle do processo e conduz a manada para o abismo. Ninguém deve ficar surpreso se o próprio Bolsonaro for devorado pela revolta violenta que ele começou que já está ficando descontrolada. De qualquer maneira, o frenesi do “segundo round” eleitoral tem tudo para expandir uma terra de ninguém entre dois campos irreconciliáveis. Isso irá limitar ou destruir o espaço em que a política poderia ser feita.
Protegidos em seus condomínios de luxo, juízes e procuradores também terão que votar. No trajeto até as seções eleitorais eles estarão em segurança. Mas assim que deixarem seus carros blindados as autoridades do sistema de (in)justiça também ficarão expostos à violência que não foram capazes de inibir ou que fomentaram de maneira deliberada.
Os procuradores e juízes que pretendem votar em Bolsonaro ficarão tranquilos, os colegas deles que ousarem votar em Fernando Haddad não. Todavia, no contexto em que fomos obrigados a viver toda tranquilidade pode ser enganosa e/ou transitória. Aqueles que se sentem seguros ao lado de Bolsonaro hoje podem sentir medo-pavor amanhã.
Se Fernando Haddad ganhar a eleição os juízes e promotores que fomentam a barbárie devem responder pelos abusos que forem cometidos pela horda de Bolsonaro. A conivência do MP e do Judiciário com a barbárie não poderá ser esquecida ou perdoada. Ao contrário de Luis Nassiff não creio que o Brasil possa ser pacificado sem que algumas feridas abertas pelo sistema de (in)justiça sejam curadas de maneira dolorosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário