Neste tempo em que passei envolvida com o tratamento de uma doença bastante agressiva, entendi:algumas pessoas não nos seguem na caminhada até o fim por não suportarem o ritmo. Então, ficam pelo meio do caminho, ou simplesmente somem, desaparecem sem deixarem vestígios. Quanto mim, preciso seguir em frente, repetindo sempre: eu posso, eu suporto! Vou lutar, vou recomeçar quantas vezes for preciso. Calçada com as sandálias da fé, empunhando a espada da esperança. Com ou sem companhia, tanto faz!
Vou vencer! E vencer esta luta não significa não morrer, pois morrer é conseqüência de estar viva - ganhei essa obrigatoriedade como todo mundo: pelo fato de ter nascido. Vencer uma luta contra um câncer significa enfrentá-lo. E não deixar, em momento algum, que ele seja maior que meus sonhos, maior que meus amores, que meus amigos, que meus motivos para sorrir, que minha vontade de escrever, de tonalizar a vida com poesia e imagens.
Vencer esta luta é enfrentá-la bravamente; chegar ao fim com a certeza de que minha vida não acaba, mas porque vim para voltar um dia. Creio que esta volta não sou eu que determino. E sigo por inspiração divina, de toda a espiritualidade colocada ao meu alcance. Amém!
Para os amigos que ficaram para trás, que desistiram de mim ao longo da jornada, deixo um recado: não sinto rancor, ao contrário. Espero que busquem forças e caminhem, pois chegarão ao final bem mais completos. Afinal, o que é a vida senão um dia após o outro - de lutas, sofrimentos, mas também de alegria, felicidade e amor.
E quantas coisas boas nesta vida nos são dadas aos pedaços? De algumas, temos apenas uma pequena porção; outras, precisamos dividir; outras, para serem apenas admiradas. Mas todas são partes de um todo que, pela sabedoria divina, nos é dado assim: aos pedaços. E eu saboreio todos eles. Até onde me for permitido ir.
Beijos de mim!
Silvia Mendonça
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