Bolsonaro não converte a baixaria em favoritismo | Manual das Eleições #15

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QUINTA-FEIRA, 6 DE OUTUBRO DE 2022

O ex-capitão já tentou de tudo (Foto: Caio Guatelli - AFP)

Ele tenta...

Ainda atrás nas pesquisas, Jair Bolsonaro vai para o tudo ou nada contra Lula

por Alisson Matos

Faltando pouco mais de duas semanas para a eleição mais importante da recente democracia brasileira, o favoritismo de Lula se mantém.

Não é por outro motivo que o presidente Jair Bolsonaro voltou a apelar para a já manjada fórmula de ganhar uma sobrevida: o uso demasiado de fake news, a retomada das pautas morais e a baixaria que o caracteriza como pessoa e como governante.

Para o desespero do ex-capitão, as últimas pesquisas confirmam Lula à frente, ainda que em patamares diferentes.

Na Atlas, que chegou bem perto de cravar o resultado do primeiro turno, o petista tem 51,1% das intenções de voto, ante 46,5% de Bolsonaro. Nos votos válidos, o ex-presidente vai a 52,4%, enquanto o atual anota 47,6%.

Já no levantamento da Quaest a vantagem de Lula é de 8 pontos percentuais: 49% x 41%. O mesmo cenário de favoritismo se repete na Ipec (ex-Ibope) e também na PoderData

Os bolsonaristas mais lógicos sabem que, tirante a divergência de metodologias dos institutos, há um retrato da eleição bem definido que coloca Lula com maiores chances de voltar ao poder. O discurso anti-pesquisa pode até inflamar a massa, mas não muda a realidade.

Bolsonaro, no entanto, não jogou a toalha. Voltou a tentar ligar Lula e o PT ao crime organizado, à defesa do aborto, à ideologia de gênero, ao banheiro unissex, ao satanismo e ao discurso contra o cristianismo. A tática é buscar uma fake news velha e dar ares de novidade.

Desta vez, além de publicações que desmentem as fake news bolsonaristas, a campanha de Lula usou um vídeo em que o ex-capitão trata de canibalismo em uma tribo indígena. Em paralelo, o deputado André Janones atua como uma espécie de "Carluxo" do PT nas redes sociais.

A campanha de Lula, apurou CartaCapital, preocupa-se com a nova leitura que Bolsonaro e seus apoiadores podem dar a mentiras que já foram muito exploradas. 

Há, também, um temor noticiado nesta quinta-feira: o partido recebeu informações de uma possível operação da Polícia Federal que visa prejudicar aliados de Lula. Seria a bala de prata de Bolsonaro para um pleito quase definido.

Essa tentativa de desgastar a imagem do PT, na reta final, tende a não provocar nenhuma grande mudança no horizonte de 30 de outubro. Os discursos do bolsonarismo são os mesmos há anos e, ao menos com Lula, mostram-se incapazes de reverter o cenário.

A única chance de Bolsonaro seria diminuir a sua elevada rejeição. Para isso, o presidente acredita que conta com a parca memória dos brasileiros.

Agora, após imitar vítimas da Covid-19 com falta de ar, dizer que não era coveiro quando perguntando sobre o número de mortes e esbravejar contra a compra de vacinas, o presidente disse que cometeu "exageros" sobre a pandemia.

"Acredito que tenha feito o possível para ajudar no combate à Covid", afirmou em evento de campanha no Recife. "Houve da minha parte alguns exageros nas palavras, peço desculpas, mas faz parte da emoção, talvez da educação que eu tive em casa, bastante rígida e também meus 15 anos de Exército".

Vem justamente da gestão na pandemia a repulsa por Bolsonaro da maioria dos brasileiros, aqueles que em 2018 podem até ter votado no ex-capitão, mas são incapazes de ver na cloroquina e nos arroubos autoritários a panaceia para um País que voltou a sofrer com a fome.

Duas semanas é pouco tempo para esquecer tamanhas atrocidades.

 

A eleição começou e as fábricas de fake news já funcionam a todo vapor. As ameaças são grandes – e o papel da boa imprensa, ainda mais importante. 

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