Na última terça-feira 22, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, convocou uma coletiva de imprensa para anunciar: quer Jair Bolsonaro, e não Lula, consagrado como o vencedor da eleição. A justificativa está contida em um relatório segundo o qual, resumidamente, os votos de 250 mil urnas compradas antes de 2020 deveriam ser descartados – apenas os do segundo turno, é claro. O argumento central é de que os logs dessas urnas teriam apresentado um "número inválido". Do ponto de vista técnico, a história não para em pé. Como explicou a CartaCapital o professor Marcos Simplício, da USP, o log é apenas um dos identificadores do processo – mas não o único e nem o mais importante. A alegação do PL se compara a afirmar que seria impossível identificar uma pessoa que forneceu números de CPF e RG. Do ponto de vista político e institucional, menos ainda. O TSE, vários partidos e suas lideranças se adiantaram em repudiar a última de Bolsonaro, Valdemar e do PL. Por que então o partido que mais elegeu deputados – 99, no total – embarcaria em uma tese tão esdrúxula? Nem Valdemar nem o PL, veteranos na política, creem de fato em uma virada de mesa. Mas a chicana serve para manter engajada a franja mais maluca e radical do bolsonarismo, que segue nas rodovias e em frente aos quartéis. Na semana passada, CartaCapital acompanhou a rotina da turma que se reúne em frente ao QG do Exército em Brasília. Chamou atenção, além da estrutura robusta do acampamento, a submissão dos manifestantes a uma realidade paralela regida pelo WhatsApp e pelas redes sociais. É nesse caldo de delírio e desinformação que cresce o risco de uma escalada violenta. Em estados de maioria bolsonarista, como Mato Grosso e Santa Catarina, homens encapuzados e armados têm se valido de ações violentas com o emprego de bombas caseiras, derramamento de óleo nas pistas, saques e depredações para fazer valer o golpismo nas rodovias. Sem falar nos chistes golpistas de figuras como o ministro Augusto Nardes, do TCU. Mesmo mergulhado em um silêncio sepulcral, aparentemente doente e deprimido, Jair Bolsonaro reluta em aceitar a derrota. Mas não está morto politicamente. Líder da caterva golpista e antidemocrática que estará nas ruas e sócio administrador de uma gorda fatia do Fundo Eleitoral, ele será, sem dúvida, a figura mais importante da oposição ao governo Lula. Já CartaCapital segue onde sempre esteve: em defesa de um Brasil mais justo, do pensamento crítico e sem jamais abrir mão da verdade factual. Mas, espremida entre a falta de recursos e a tirania das Big Techs, a revista precisa mais que nunca de você, do seu apoio, da sua contribuição, prezado leitor, que é o nosso mais importante ativo. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua hoje, com a quantia que puder disponibilizar em nosso favor. |
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