Em meio à sabatina do advogado Cristiano Zanin no Senado, enfim aprovado para a vaga no Supremo Tribunal Federal com folga, e o início do julgamento da inelegibilidade de Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral, um assunto de extrema gravidade e simbolismo terminou a semana em segundo plano. O Conselho Nacional de Justiça, durante a correição na 13ª Vara de Curitiba, antigo bunker da "República de Curitiba", encontrou um buraco de 1 bilhão de reais na contabilidade da Operação Lava Jato. Você não leu errado. Sergio Moro, Deltan Dallagnol e associados, heróis do combate à corrupção, aponta o CNJ, fizeram desaparecer, como num truque de Houdini, 1 bilhão de reais, um sexto do valor da calculada corrupção na Petrobras. A montanha de reais, proveniente das multas aplicadas a condenados e suas empresas, desaparecia nos escaninhos dos inúmeros processos mantidos em segredo de Justiça. Um despacho aqui, um inquérito ali, uma petição acolá... e puf! Contabilidade de máfia, sem nada a dever ao PCC. Entende-se melhor agora a pressa em afastar o juiz Eduardo Appio da 13ª Vara. O magistrado, empenhado em passar a limpo a Lava Jato, e apegou-se à regra básica no combate ao crime organizado: decidiu seguir o dinheiro, até ser afastado de forma abrupta e violenta pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, cúmplice de Moro. O mistério do 1 bilhão de reais eleva os crimes da Lava Jato a outro patamar. Ao projeto de poder, político e partidário, e ao delito de lesa-pátria, soma-se a ganância e, tudo indica, a corrupção ativa. Para azar dos envolvidos no escândalo, neste caso ladrão que rouba de ladrão não terá cem anos de perdão. Cassado pelo TSE, Dallagnol foi esfriar a cabeça em Chicago, por recomendação do pastor Silas Malafaia. Após Bolsonaro, que jogou a toalha, Moro é o próximo na fila da degola da Justiça eleitoral. A aliança do lavajatismo com o bolsonarismo para tomar de assalto a República durou um verão. E o inverno mal começou. O que virá depois da perda dos direitos políticos? Muitos se surpreendem ou se fazem de surpresos a cada revelação dos desmandos da "República de Curitiba". Não é o caso dos leitores de CartaCapital. Antes de Walter Delgatti, o hacker de Araraquara, fornecer ao jornalista Glenn Greenwald os arquivos que lastrearam a "Vaza Jato", esta revista produziu inúmeras reportagens a respeito dos objetivos espúrios da operação. Denunciamos os grampos na cela do doleiro Alberto Yousseff, a infiltração ilegal de Meire Poza, o uso de provas fajutas, a parcialidade do juiz e os efeitos deletérios na economia. As represálias de Moro mostraram que estávamos no caminho certo. A "Vaza Jato" corroborou o trabalho solitário desta publicação. |
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