Carta para o Futuro: sua nova newsletter sobre clima e meio ambiente

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17 de julho de 2023

Amigo leitor,


Hoje, dia 17 de julho, o Brasil comemora o Dia de Proteção às Florestas. Nunca foi tão necessário lembrar a sociedade dessa prioridade, que se torna inescapável com a acelerada mudança do clima. 


Diante do tamanho dos problemas brasileiros, o debate sobre as mudanças climáticas costuma ficar em segundo plano. Não raro, é tratado como se pouco interessasse aos países em desenvolvimento. O Brasil, porém, tem um papel fundamental neste tema, como detentor da maior parte da floresta amazônica e de um enorme potencial para investimentos em energia limpa e sustentável.


Pensando nisso, CartaCapital se uniu ao Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, o Proam, para lançar esta Carta Para O Futuro, uma newsletter dedicada à relação entre clima, meio ambiente e sociedade. A cada 15 dias, você receberá um apanhado crítico e analítico assinado por Carlos Bocuhy, presidente do Proam, a respeito do que importa no debate ambiental.


Boa leitura!

Thais Reis Oliveira

Editora executiva

Brasil responde por metade do desmatamento global 

Apesar dos acordos firmados na COP26, a recuperação das florestas exigirá esforços extraordinários e décadas de regeneração

por Carlos Bocuhy

O planeta perdeu uma área equivalente a 11 campos de futebol por minuto em 2022. Isso resultou em uma perda de 4,1 milhões de hectares de florestas – quase o tamanho da Suíça, liberando 2,7 gigatons de CO² na atmosfera. Os dados são do Global Forests Watch, que destaca a urgência de proteger as florestas na luta contra as mudanças climáticas e pela preservação da biodiversidade.


No Brasil, que responsável por quase metade do desmatamento global no ano, a perda de florestas primárias aumentou 15%, especialmente na Amazônia. Essa degradação é impulsionada pelo desmatamento não relacionado a incêndios e agravada pela influência do El Niño, que contribui para o aquecimento e o aumento das queimadas em todo o planeta.


Apesar da assinatura da Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso do Solo por 145 chefes de Estado na COP26, a recuperação das florestas exigirá esforços extraordinários e décadas de regeneração.


Florestas tropicais, como a Mata Atlântica, abrigam uma imensa diversidade de espécies e são fundamentais para a estabilidade climática. Cada m² da Mata Atlântica, por exemplo, pode abrigar mais de 1.000 espécies vivas. Só na Amazônia vivem aproximadamente 60 mil espécies de pássaros, plantas, mamíferos, répteis invertebrados, anfíbios, peixes e pássaros – cerca de 15% da biodiversidade do planeta. 


A destruição das florestas boreais, como as da Rússia e do Canadá, também é alarmante. "Os tipos de incêndios que estamos vendo hoje não são naturais. São incêndios mais intensos, mais frequentes e maiores, aos quais os ecossistemas [boreais] não se adaptaram ao longo da evolução", aponta James McCarthy, pesquisador do Global Forest Watch.


O aumento global dos incêndios florestais em todo o mundo está exacerbando os impactos ambientais e levando à poluição atmosférica em cidades como Nova York, Pittsburgh, Montreal e Quebec. 


A proteção das florestas é crucial também para a manutenção da regularidade hídrica dos continentes e a regulação climática global.


É necessária uma ação conjunta para conter o desmatamento e preservar esses ecossistemas vitais. O mais urgente estabelecer políticas eficazes para conter o desmatamento – especialmente na Amazônia. Medidas pedagógicas, fiscalização inteligente, combate à mineração ilegal e transformações econômicas voltadas para a bioeconomia são soluções possíveis para preservar essas florestas e, paralelamente, promover o desenvolvimento sustentável. 


Recentemente, o Proam promoveu uma série de debates sobre o que fazer para conter o desmatamento na Amazônica. Para Daniel Azeredo, ex-procurador da República em Santarém, no Pará, medidas administrativas e de gestão poderiam conter 80% do desmatamento em prazo de três anos. Alexandre Saraiva, ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, destaca que a a criminalidade na Amazônia foi ampliada e demanda processos inteligentes na estratégia da fiscalização – assista às entrevistas aqui.


A precariedade da política de resíduos sólidos

Mesmo em São Paulo, o estado que melhor aplica as leis de gestão destes resíduos, o problema é grave

por Carlos Bocuhy

O Brasil gerou 85,2 milhões de toneladas de lixo em 2022 – o suficiente para dar 7,6 voltas no planeta se enfileirado em volume semelhante a carros populares.


Mesmo em São Paulo, o estado que melhor aplica as leis de gestão de resíduos sólidos, o problema é grave.


Uma investigação do Tribunal de Contas revelou precariedade na gestão dos resíduos no estado. Servidores que percorreram 267 municípios descobriram que muitas cidades não implementaram processos de educação ambiental, coleta seletiva e não possuem licenças ambientais adequadas para seus aterros sanitários.


Além disso, um em cada cinco municípios visitados ainda polui seus rios com esgoto.


A disposição irregular de lixo, a falta de projetos de recuperação de áreas contaminadas e a poluição dos corpos d'água afetam a qualidade da água, solo, aquíferos e na cadeia alimentar.


Outro sintoma da poluição difusa causada pelo lixo urbano é a presença generalizada de plásticos, que se degradam em microplásticos e espalham substâncias tóxicas. A implementação de um modelo de logística reversa e economia circular, que depende da responsabilidade do setor produtivo, também é insatisfatória.


A falta de planejamento, gestão, fiscalização e controle social, bem como a insuficiência de ação fiscalizadora da Cetesb, contribuem para a situação. Mas não só. A sociedade de consumo e os hábitos dos consumidores desempenham um papel importante nessa questão, e a transição para um comportamento mais sustentável depende de uma conscientização sobre o consumo e uma mudança de mentalidade.


É fundamental que haja um engajamento individual e coletivo na redução do volume de lixo, além de investimentos em novos materiais e adequação dos processos de produção. A implementação adequada da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos e a conscientização são fundamentais para avançarmos de fato em direção à sustentabilidade.


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