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Água: indispensável para humanidade

Hoje 22 de Março é o Dia Mundia da Água. Abaixo algumas informações sobre a oferta global:

A preservação dos recursos hídricos será um dos temas de destaque da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20, que será realizada no Rio de Janeiro, de 20 a 22 de junho. Como anfitrião do encontro, o Brasil encontra-se em uma posição privilegiada no panorama global. Com cerca de 3% da população mundial, o país detém aproximadamente 13% das reservas de água doce do planeta. Água abundante, predominantemente superficial, que não está congelada em geleiras e é fácil de ser usada.
Esse, no entanto, é apenas o lado “meio cheio” do copo. Na verdade, cerca de 70% dessas reservas estão localizadas na Amazônia, distantes dos grandes centros urbanos onde vive a maior parte da população brasileira. “Nossas reservas são mal distribuídas”, diz o geógrafo Wagner Costa Ribeiro, da USP. “Com isso temos dois grandes problemas: abastecer as grandes metrópoles, que já vivem uma condição crítica em termos de fornecimento de água, e o Semiárido nordestino, que representa 10% do território nacional e é a região mais povoada do mundo com esse tipo de clima.”
E o problema pode se agravar. “Quanto mais a população se urbaniza, quanto mais aumenta a renda, mais aumenta o consumo de água. Isso já é visível em conglomerados urbanos como a região de Campina Grande, na Paraíba, onde vivem cerca de meio milhão de pessoas”, diz.
De fato, o padrão de consumo é um dos pontos-chave para o futuro das reservas hídricas mundiais. “Somos educados para enxergar apenas o consumo doméstico”, afirma Paulo Canedo, coordenador do Laboratório de Hidrologia da Coppe-UFRJ. “Ninguém se dá conta de que gastamos 11 mil litros de água para produzir uma calça jeans, três mil litros para produzir uma camiseta, 15 mil litros para produzir um quilo de picanha”, enumera. “Os EUA gastam 400 litros de água por habitante ao dia. O mundo não comporta oito bilhões de pessoas com esse nível de gasto”, diz Canedo.
Diante desse quadro, o Brasil pode ter boas oportunidades no futuro, aponta o especialista. “Com a dificuldade de produção de alimentos, podemos nos tornar um supermercado para o mundo, pois temos água, terra e variedade climática para isso.”
Por outro lado, aponta Canedo, estamos longe de gerenciar bem os recursos hídricos que seriam uma grande vantagem competitiva. “Mais de 50% da população não têm acesso sequer à coleta de esgoto, que dirá ao esgoto tratado”, diz. “Com isso, as fontes próximas ficam inutilizáveis e nossas cidades vão buscar água cada vez mais longe, o que torna o abastecimento cada vez mais caro, além de afetar o fornecimento em outras áreas urbanas, como acontece com São Paulo em relação a Campinas, por exemplo.”
Isso é uma realidade também no Rio de Janeiro, onde 70% do abastecimento provém do sistema do Guandu, interligado à Bacia do Paraíba do Sul. “Isso traz uma certa fragilidade, embora tenhamos uma relativa abundância hídrica no Estado”, diz a presidente do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea) do Rio, Marilene Ramos. Canedo, por sua vez, aponta um possível conflito futuro entre Rio e São Paulo, no momento em que São Paulo precisar avançar até a Bacia do Paraíba do Sul para buscar água para sua região metropolitana.
Enquanto isso não acontece, os investimentos não podem parar. “Em 2011, demos início a uma Parceria Público-Privada para aumentar a vazão de 10 m3 para 15 m3 por segundo no sistema do Alto Tietê, e neste mês terminaremos a modelagem de nova PPP, para aumentar em 4,7 m3 por segundo a vazão na Bacia de Ribeira do Iguape”, diz o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo, Edson Giriboni.
As ações da secretaria, explica Giriboni, não se limitam aos investimentos em transposições e obras para aumentar a oferta. “Temos vários projetos no âmbito do Programa Mananciais, como o projeto de recuperação das bacias Guarapiranga e Billings, vamos começar a incentivar programas para o reúso da água nas indústrias e também firmamos um acordo com o banco japonês Jica, para financiar um programa de redução de perdas no sistema da Sabesp “, diz.
Vicente Andreu, diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), órgão que tem como função regular o uso da água bruta nos corpos hídricos de domínio da União e implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, aponta alguns avanços no gerenciamento das águas no país, inspirado no modelo francês, que prevê a criação de comitês gestores por bacias hidrográficas. “O Brasil foi destacado, junto com a África do Sul, como um dos países com a legislação mais moderna para a gestão de recursos hídricos no 6º Fórum Mundial das Águas.”
No entanto, Andreu admite que ainda há um longo caminho a percorrer. E a poluição continua sendo um problema dramático. “Embora o último Atlas de Abastecimento Urbano da ANA aponte que mais de 70% das águas tenham boa qualidade, e 11% tenham ótima qualidade, isso não acontece nas grandes cidades”, explica. “Além disso, começam a surgir problemas de contaminação por agrotóxicos e fertilizantes no Cerrado e de poluição por esgoto e dejetos no Nordeste.”
Entre 2001 e 2011, o Programa Nacional de Despoluição de Bacias Hidrográficas, da ANA, investiu R$ 200,82 milhões na instalação de 55 estações de tratamento de esgoto, que custaram R$ 720 milhões. A universalização dos serviços de saneamento, no entanto, continua uma meta distante. “O governo federal vem investindo fortemente, mas o atraso é grande e não vamos cumprir as Metas do Milênio da ONU nessa área”, diz Andreu. Apesar dos esforços, 2011 registrou uma queda de 20% nos investimentos do setor em relação ao ano anterior.
Segundo a própria ANA, seriam necessários R$ 40,8 bilhões de investimentos em coleta e R$ 7 bilhões em tratamento até 2015 para implantar uma rede apenas nos municípios em que o lançamento de esgotos tem potencial para poluir mananciais de captação para o abastecimento público de água. O nó, explica Andreu, não é a falta de recursos, mas de capacidade de aplicação do dinheiro. “Os municípios não têm capacidade para elaborar projetos nessa área”, diz. “Por isso, estamos começando a financiar não apenas obras, mas também a elaboração de projetos.”
Para Giriboni, o país precisa avançar mais rápido nesse campo. “A sociedade e os agentes políticos precisam se conscientizar de que o dinheiro gasto nessa área não é a fundo perdido, ele traz ganhos para a economia, a saúde e o ambiente”, diz o secretário de Saneamento de São Paulo, que defende a desoneração do PIS/Cofins para o setor.
Outro fenômeno negativo apontado por Andreu é o que ele chama de “guerra ambiental” entre Estados e municípios, que aliada a estruturas ineficientes de fiscalização, pode aumentar o problema de escassez. “Na pressa de atrair e garantir investimentos, muitos Estados e municípios aceleram a concessão de licenças ambientais sem o devido cuidado e os conselhos gestores de recursos hídricos acabam se tornando meros validadores, autorizando o uso em projetos que podem ameaçar o abastecimento de água no futuro”, explica.
Uma solução, defende o diretor-presidente da ANA seria vincular os financiamentos públicos de projetos, à regularização das outorgas para a utilização de água. 

Meio ambiente e a reserva de mercado

O que de fato está por trás dos ambientalistas, ecologistas e demais istas que vivem de criticar o atual modelo de desenvolvimento é pura e simplesmente a reserva de mercado. Eles que tem condições financeiras  defendem com unhas, dentes e ideias(?)  a máxima popular: Farinha pouca, meu pirão 1º.

Abaixo publico uma notícia que retrata muito bem o que estou falando. Leiam com atenção e se tiverem alguma dúvida sobre o que estou falando, deixe em "Comentário" , e responderei.

  Do G1 - Concessionária vai gerenciar Noronha, que terá ingresso de R$ 65

Darlan Alvarenga Do G1, em São Paulo

Baía do Sancho (Foto: Divulgação/EcoNoronha)Praia do do Sancho, que ganhará nova infraestutura de acesso (Foto: Divulgação/EcoNoronha)
Visitar Fernando de Noronha ficará um pouco mais caro a partir deste ano. Com a entrada da concessionária da EcoNoronha, que venceu a concorrência pública para gerenciar e explorar serviços turísticos no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, o turista passará a pagar um ingresso no valor de R$ 65 para um período de 10 dias (R$ 130 para estrangeiros) para conhecer as principais atrações do arquipélago. Em contrapartida, a empresa assume o compromisso de realizar uma série de obras de melhoria na infraestrutura de acesso ao parque.
A EcoNoronha é uma empresa privada 100% brasileira e filial da Cataratas do Iguaçu S.A., que administra o Parque Nacional do Iguaçu. A concessionária prevê iniciar a cobrança do ingresso até o começo de maio. “As obras começam em fevereiro e a ideia é iniciar a cobrança entre o final de abril e começo de maio, após o término da primeira fase, onde serão construídos dois pontos de informação e controle e as trilhas da Baía dos Golfinhos e do Sancho”, afirma Celso Florêncio, gerente geral da EcoNoronha.
verno de Pernambuco cobra uma taxa de preservação ambiental (TPA) de R$ 43,20 por cada dia de permanência do turista na ilha, mas nenhum valor é revertido para o Parque Nacional Marinho, sob responsabilidade da União - formado por quase 70% da ilha principal e incluindo todas as ilhas secundárias, com área total de 112,7 km².
O governo federal cobra hoje uma taxa de visitação de R$ 10. Mas, em função da falta de pessoal e de estrutura do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, responsável pela administração do parque, na prática, o valor só acaba sendo cobrado em passeios de barco e de transatlântico.
“Dos cerca de 60 mil turistas que visitam a ilha anualmente, apenas um terço das pessoas pagam essa taxa. Não conseguimos cobrar de todos”, explica Ricardo Araújo, chefe do Parque Nacional Marinho. “Temos 20 funcionários para cuidar de toda administração do parque, que inclui atividades de fiscalização, controle e proteção ao meio ambiente”, acrescenta.
Projeto de ponto de informação e controle, a ser construído na Praia do Sueste (Foto: Divulgação/EcoNoronha)Projeto de ponto de informação e controle para a Praia do Sueste (Foto: Divulgação/EcoNoronha)
O preço do ingresso foi definido em portaria publicada no final de 2010, que atualizou a cobrança de ingressos nos parques nacionais, que não eram reajustados há quase 5 anos. “As pessoas ficam em torno de 4 a 5 dias em Noronha. Dessa forma, pensamos inicialmente num valor em torno de R$ 65 para os 5 dias. Entretanto, visando incentivar a maior permanência e seguindo a lógica da TPA que incentiva as pessoas a ficarem a até 10 dias o que nós fizemos foi dar uma extensão da taxa de R$ 65 para os outros 5 dias caso a pessoa queira ficar mais tempo na ilha”, diz Araújo.
“Hoje o turista não encontra instalações e serviços de apoio para poder passar  um dia inteiro dentro do parque. O visitante mal encontra um lugar para comprar água”"
Celso Florêncio, gerente geral da EcoNoronha
Segundo Araújo, como o contrato de concessão estabelece que 14,7% da bilheteria sejam repassados ao ICMBio, a receita destinada para a administração do parque tende a se manter equilibrada. “O grande diferencial é que agora o que for arrecadado será investido em melhorias para o visitante. O que tem que ficar claro nessa questão do ingresso é que as contrapartidas ao consumidor estarão bem claras e definidas", afirma.
A administração do parque informa que, apesar das melhorias no atendimento ao turista, a ideia é manter sob controle o número de visitantes na ilha. "Na baixa temporada temos condições de crescer um pouco mais, mas nos nossos estudos de viabilidade colocamos a previsão de subir para 80 mil o número de visitantes anuais só daqui 15 anos", explica Araújo.

Sobre o início da cobrança do ingresso, o chefe do parque confirma que essa começará após o término da primeira fase do cronograma de melhorias a serem realizadas pela concessionária, mas lembra que qualquer obra na ilha costuma ser sempre uma "operação de guerra" em razão das dificuldades de transporte de materiais e que, por enquanto, ainda não há uma data oficial.
Investimento de R$ 8 milhões até 2013
O contrato de concessão tem duração de 15 anos. Além de 85,3% da arrecadação dos ingressos, a EcoNoronha terá como fonte de receita o faturamento das lojas e lanchonetes que poderá montar no parque. A empresa está vetada, no entanto, de vender bebida alcóolica e preparar alimentos nas lanchonetes.

A concessionária prevê investir R$ 8 milhões até o final de 2013 na área de concessão, que compreende o Mirante dos Golfinhos, Mirante Dois Irmãos, a Baía dos Porcos, as praias do Sancho, Sueste, Leão, Atalaia e Caieiras, bem como oito trilhas que levam a estes pontos de visitação.

Os investimentos previstos incluem melhoria das vias de acesso aos mirantes e praias, implantação de trilhas suspensas e decks, contratação de monitores e construção de cinco pontos de informação e controle, com estacionamento, sanitários, duchas, guarda-volumes, lanchonete e loja de souvenires. Dentro dessas áreas, a concessionária pretende oferecer também os serviços de aluguel de bicicletas, equipamentos de mergulho livro e de acesso à internet.

“O parque vai passar a ter uma estrutura que hoje não tem”, diz o gerente geral da EcoNoronha. “Hoje o turista não encontra instalações e serviços de apoio para poder passar um dia inteiro dentro do parque. O visitante mal encontra um lugar para comprar água”, afirma.
Paisagem da Praia do Atalaia, na área conhecida como Mar de Fora (Foto: Divulgação/EcoNoronha)Paisagem da Praia do Atalaia, na área conhecida como Mar de Fora (Foto: Divulgação/EcoNoronha)
Segundo a EcoNoronha, o objetivo é replicar o modelo de operação que já funciona há 11 anos em Iguaçu, garantindo nesse período o investimento de cerca de R$ 42 milhões em melhoria nas estruturas do parque. A empresa informa ter obtido uma receita de R$ 50 milhões em 2011.

O plano de negócio da concessionária em Noronha prevê uma receita de R$ 5 milhões já em 2013, com os ingressos representando 70% do faturamento. “Nossa previsão é de uma taxa de retorno de 12% ao ano para os acionistas, mas só a partir do sexto ano de operação”, diz o porta-voz da concessionário, que possui a base dos seus negócios no Paraná.

A empresa foi a única a apresentar uma proposta na concorrência pública ocorrida em 2010. Segundo Florêncio, a entrada em Noronha é um investimento estratégico, uma vez que o grupo pretende disputar outras concessões de parques federais e estaduais previstas para os próximos anos. “Estamos trabalhando para chegar até 2016 com serviços em mais 3 ou 4 parques”, diz o executivo.
Novas concessões de parques
O governo federal analisa a viabilidade de abrir novas concessões para serviços turísticos em  outros parques nacionais. A previsão é de que os estudos sejam concluídos até o final do segundo trimestre.
O governo federal possui atualmente 9 grandes contratos de concessão, incluindo Parque Nacional do Iguaçu, Serra dos Órgãos, Fernando de Noronha, Parque Nacional da Tijuca, Lençóis Maranhenses, Serra das Confusões e APA Costa dos Corais.
Segundo o coordenador geral de uso público do ICMBio, Ernesto Viveiros de Castro, novos editais de concessãodevem ser lançados ainda em 2012. "O edital do Complexo Paineiras [no Parque Nacional da Tijuca, RJ] está aberto e ainda este ano devem ser lançados editais de concessão ou permissão em Itatiaia e Abrolhos, além de diversas autorizações para atividades menores nos parques nacionais de São Joaquim, Serra da Canastra e Emas, entre outros. É importante deixar claro que não se trata de privatização dos parques, mas de delegação de alguns serviços de apoio ao visitante à iniciativa privada", afirma.
Ele conta que o ICMBio também assinou acordo com o Ministério do Planejamento e Ministério do Meio Ambiente para realizar estudos para parcerias público-privadas (PPPs) nos parques nacionais de Jericoacoara, Ubajara, Sete Cidades e Serra das Confusões.
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A farsa das sacolas de plásticos nos supermercados

Mais uma vez estão enganando o povo brasileiro dizendo que o fim das sacolinhas plásticas nos supermercados vai ajudar o meio ambiente. Com certeza vai ajudar, mas vai ser os cofres dos supermercados, já que a partir do dia 25 de janeiro os consumidores serão obrigados a comprar sacolas retornáveis no próprio estabelecimento.

Mas quando você chegar em casa perceberá que na lavanderia, na cozinha, no banheiro ou no escritório há um lixinho que precisa de um saco plástico. Como você não possui mais saquinhos plásticos, será obrigado a comprar sacos de lixo, dando mais dinheiro para os supermercados, continuando a prejudicar o meio ambiente. E tudo isso você tinha de graça.

no Jornal Alpha Cidade
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Código florestal aprovado

Assim como na Câmara o projeto do código florestal brasileiro foi aprovado por ampla maioria.


Venceu a resistência de ambientalistas, ecologistas, ecoxiitas, ecopicaretas e lobistas de países concorrentes do Brasil na produção agrícolas. 


No Senado, foi de goleada: 59 a 7. 


Os senadores analisaram os destaques ao projeto e 26 emendas foram incluídas. 


O texto voltará para análise da Câmara. 


O PSOL [como sempre] foi o único a recomendar a rejeição. 


O Código impõe limites ao avanço da produção agrícola e da pecuária, estabelecendo quais áreas podem ser ocupadas e quais devem ser preservadas.

Governados por cegos e irresponsáveis - Leonardo Boff


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Afunilando as muitas análises feitas acerca do complexo de crises que nos assolam, chegamos a algo que nos parece central e que cabe refletir seriamente. As sociedades, a globalização, o processo produtivo, o sistema econômico-financeiro, os sonhos predominantes e o objeto explícito do desejo das grandes maiorias é: consumir e consumir sem limites.

Criou-se uma cultura do consumismo propalada por toda a mídia. Há que consumir o último tipo de celular, de tênis, de computador. 66% do PIB norteamericano não vem da produção, mas do consumo generalizado. As autoridades inglesas se surpreenderam ao constatar que, entre os milhares que faziam turbulências nas várias cidades, não estavam apenas os habituais estrangeiros em conflito entre si e pessoas dos guetos, mas universitários, ingleses desempregados, professores e até recrutas. Era gente enfurecida porque não tinha acesso ao tão propalado consumo. Não questionavam o paradigma do consumo, mas as formas de exclusão dele.

No Reino Unido, depois de M.Thatcher, e nos USA, depois de R. Reagan, como em geral no mundo, grassa grande desigualdade social. Naquele país, as receitas dos mais ricos cresceram nos últimos anos 273 vezes mais do que as dos pobres, nos informa a Carta Maior de 12/08/2011. Então, não é de se admirar a decepção dos frustrados face a um “software social” que lhes nega o acesso ao consumo e face aos cortes do orçamento social, na ordem de 70% que os penaliza pesadamente. 70% do centros de lazer para jovens foram simplesmente fechados.

O alarmante é que nem o primeiro ministro David Cameron nem os membros da Câmara dos Comuns se deram ao trabalho de perguntar pelo porquê dos saques nas várias cidades. Responderam com o pior meio: mais violência institucional. O conservador Cameron disse com todas as letras:”vamos prender os suspeitos e publicar seus rostos nos meios de comunicação sem nos importarmos com as fictícias preocupações com os direitos humanos”. Eis uma solução do impiedoso capitalismo neoliberal: se a ordem, que é desigual e injusta, o exige, se anula a democracia e se passa por cima dos direitos humanos. Logo, no país onde nasceram as primeiras declarações dos direitos dos cidadãos.

Se bem repararmos, estamos enredados num círculo vicioso que poderá nos destruir: precisamos produzir para permitir o tal consumo. Sem consumo, as empresas vão à falência. Para produzir, elas precisam dos recursos da natureza. Estes estão cada vez mais escassos e já dilapidamos a Terra em 30% a mais do que ela pode repor. Se pararmos de extrair, produzir, vender e consumir não há crescimento econômico. Sem crescimento anual, os países entram em recessão, gerando altas taxas de desemprego. Com o desemprego, irrompem o caos social explosivo, depredações e todo tipo de conflitos. Como sair desta armadilha que nos preparamos a nós mesmos?

O contrário do consumo não é o não consumo, mas um novo “software social” na feliz expressão do cientista político Luiz Gonzaga de Souza Lima. Quer dizer, urge um novo acordo entre consumo solidário e frugal, acessível a todos, também aos demais seres vivos e os limites intransponíveis da natureza.

Como fazer? Várias são as sugestões: um “modo sustentável de vida” da Carta da Terra, o “bem viver” das culturas andinas, fundada no equilíbrio homem/Terra, economia solidária, bio-sócio-economia, “capitalismo natural”(expressão infeliz) que tenta integrar os ciclos biológicos na vida econômica e social, e outras.

Mas, não é sobre isso que falam quando os chefes dos Estados opulentos se reunem. Lá se trata de salvar o sistema que veem dando água por todos os lados. Sabem que a natureza não está mais podendo pagar o alto preço que o modelo consumista cobra. Já está a ponto de pôr em risco a sobrevivência da vida e o futuro das próximas gerações. Somos governados por cegos e irresponsáveis, incapazes de dar-se conta das consequências do sistema econômico-político-cultural que defendem.

É imperativo um novo rumo global, caso quisermos garantir nossa vida e a dos demais seres vivos. A civilização técnico-científica que nos permitiu níveis exacerbados de consumo pode pôr fim a si mesma, destruir a vida e degradar a Terra.

Seguramente, não é para isso que chegamos até a este ponto no processo de evolução. Urge coragem para mudanças radicais, se ainda alimentamos um pouco de amor a nós mesmos.

A utopia do Santuário Amazônico

O governo federal elabora uma nova política para aumentar a presença do Estado nas fronteiras. A iniciativa é boa. As divisas do Brasil com outros países estão entre as mais porosas do mundo.

E isso vem no foco de nossos dramas de segurança pública, conectados intimamente à epidemia da droga.

A porosidade das fronteiras brasileiras surge também de um aspecto positivo. O Brasil não tem contenciosos com vizinhos.

Em tese, certo seria apostar na integração crescente, na dissolução progressiva das barreiras para o livre trânsito de pessoas na América do Sul.

A própria noção de uma fronteira a vigiar deveria, com o tempo, caminhar para o arquivo morto.

Mas infelizmente não é possível. Em parte porque virou fumaça nos anos recentes a ilusão de um mundo sem fronteiras, sem estados nacionais.

E em parte porque falta ainda aos vizinhos disposição ou condição política para enfrentar o crime. Na droga, no tráfico de armas, no roubo de carros, entre outras modalidades. O desejo é de integração, mas a realidade impõe combater o contágio.

Ainda que no caso específico da droga certos políticos nossos, talvez em busca de uma certificação “progressista”, namorem a ideia de expor ainda mais as crianças e jovens brasileiros a essa calamidade.

Mas por enquanto enfrentam forte e saudável resistência social, além da política.

Nossas fronteiras sofrem com o vazio populacional. Especialmente no norte do país. O último movimento estratégico para povoar esses limites aconteceu durante os governos militares.

Desde os anos 90, nossos governantes civis vêm aceitando uma lógica perigosa. Vêm se dobrando à ideia de que civilizar o norte do Brasil é atentatório ao meio ambiente, aos povos indígenas e à própria Amazônia.

Nas diversas frentes da batalha das ideias, o bom e bonito vai sendo associado à tese de deixar a Amazônia como está. O tal santuário.

Trata-se de uma utopia, cuja melhor tradução para a realidade pode ser observada no desastre econômico e social produzido com a demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

A utopia é preservacionista. Já a realidade que ela produz traz pobreza, abandono, falta de oportunidades econômicas, desesperança para os jovens.

Uma triste obra produzida a muitas mãos pelos nossos últimos presidentes.

É bom que o governo Dilma Rousseff esteja atento a ocupar nossas fronteiras, e certamente a maior atenção da chefe do governo deve estar voltada para o norte. É bom que o Estado brasileiro se faça mais presente ali.

Mas Dilma corre aqui o risco de apenas enxugar gelo. Pouco adiantará o Estado brasileiro desembarcar na fronteira norte se vier desacompanhado do vetor essencial para uma ocupação consistente: o intrépido povo brasileiro.

E não haverá ali mais povo brasileiro, ao menos na quantidade necessária, se não puder haver agricultura.

Levar o Banco do Brasil, a Receita Federal, a Polícia Federal e o SUS merece aplausos. Mas se não existir meio de o brasileiro honesto e trabalhador progredir ali, ao Estado restará o papel de tapa-buraco.

Ou de guarda de trânsito do crime e da contravenção

O desejável seria uma política de colonização das fronteiras alicerçada na expansão da agricultura, inclusive a familiar. Incentivar uma nova onda migratória, como a que fez a prosperidade explosiva do Centro-Oeste.

Infelizmente porém, o governo parece mais inclinado a acender velas para outros santos. Mostrou isso na votação do Código Florestal, quando se rendeu a uma lógica alheia.

Compreende-se. Se a utopia do santuário amazônico não resolve os problemas do Brasil nem da própria Amazônia, apenas os agrava, certamente renderá aplausos na Rio+20.
 por Alon Feurwerker

Misturando alhos com bugalhos e anistia com melancia

É cada coisa que a gente de aguentar...

Colunista de jornal comparando a Lei de Anistia com a construção de Belo monte, que uma coisa tem a ver com a outra? Nada. Mas, o sujeito inventa um gancho e mete o pau a escrever sobre os dois casos. E claro, alfinetando de leve, de soslaio a política externa do governo Dilma Rousseff e Lula.

Sendo assim, também vou misturar alho com bagulhos.

Me causa risos a cara de pau de algumas personalidades brasileiras fazendo campanha pela pratica de fazer xixi no banho. Xuxa, Gisele Budchen , Vitor Fasano fazem parte deste time de hipócritas.

Queria ver eles divulgarem o consumo de água e energia nas casas deles. O tamanho do descaramento desta gentinha é muito maior que Itaipu.

Nojentos!!!


Plantbook: o notebook ecológico


Plantbook
Plantbook é inspirado no processo de fotossíntese do bambu
O Plantbook é um notebook conceitual, idealizado a partir de uma folha de bambu. Inspirado na planta, o sistema de carga da bateria é ativado pelas habilidades de absorção da água e sua transformação em energia. Os designers Seunggi Baek & Hyerim Kim, criadores do Plantbook, explicaram que o sistema “utiliza um reservatório externo de onde o Plantbook continuamente absorve água quando imerso e gera energia através da eletrólise em uma placa de aquecimento solar instalado no topo”.
Para carregar o notebook, basta deixar o tubo, que é a própria bateria, em um reservatório qualquer de água, como um copo, que todo o processo de geração de energia vai se realizando, de uma maneira extremamente ecológica, uma vez que a integração com a natureza é perfeita. Além disso, enquanto carrega a bateria, ela vai eliminando o oxigênio não utilizado na geração da energia. O aviso de que o carregamento chegou ao final fica na alça feita de silicone e com formato de uma planta com LEDs dentro.
Plantbook
A folha avisa quando a carga da bateria para o Plantbook está completa
http://correiodobrasil.com.br/notebook-ecologico-usa-agua-para-recarregar-a-bateria/269831/

por Leonardo Boff

Uma nova sociedade ou um tsunami social-ecológico?

No último artigo aventei a idéia, sustentada por minorias, de que estamos diante de uma crise sistêmica e terminal do capitalismo e não de uma crise cíclica. Dito em outras palavras: foram destroçadas as condições de sua reprodução seja por parte da devastação da natureza e dos limites alcançados de seus bens e serviços seja por parte da desorganização radical das relações sociais, dominadas pela economia de mercado com a predominância do capital financeiro.
A tendência dominante é pensar que se pode sair da crise, voltando ao que era antes, com pequenas correções, garantindo o crescimen7o, resgatando empregos e assegurando lucros. Portanto, continuarão os negócios as usual.
As bilionárias intervenções dos Estados industriais salvaram bancos, evitaram uma derrocada sistêmica, mas não transformaram o sistema econômico. Pior ainda, as injeções estatais facilitaram o triunfo do capital especulativo sobre a economia real. Aquele é tido com o principal deslanchador da crise, comandado por verdadeiros ladrões que colocam o lucro acima do destino dos povos, como se viu agora com a Grécia.
A lógica do lucro máximo está destruindo os indivíduos, as relações sociais, penalizando os pobres, acusados de dificultar a implantação do capital. A bomba foi mantida com o estopim. Um problema maior qualquer poderá acender o estopim. Muitos analistas se perguntam amedrontados: a ordem mundial sobreviveria a outra crise do tipo da que tivemos?
O sociólogo francês Alain Touraine assevera em seu recente livro Após a crise (Vozes 2011): ou a crise acelera a formação de uma nova sociedade ou vira um tsunami que poderá arrasar tudo o que encontrar pela frente, pondo em perigo mortal nossa própria existência no planeta Terra (p. 49.115).
Razão a mais para sustentar a tese de que estamos face a uma situação terminal deste tipo de capital. Impõe-se a urgência de pensar valores e princípios que poderão fundar um novo modo de habitar a Terra, organizar a produção e a distribuição dos bens, não só para nós (superar o antropocentrismo) mas para toda a comunidade de vida.
Este foi o objetivo da produção da Carta da Terra, animada por M. Gorbachev que, como ex-chefe de Estado da União Soviética, conhecia os instrumentos letais disponíveis para a destruição até da última vida humana, como afirmou em várias reuniões.
Aprovada pela UNESCO em 2003, ela contém, efetivamente, “princípios e valores para um modo de vida sustentável como critério comum para indivíduos, organizações, empresas e governos”. Urge estudá-la e deixar-se inspirar por ela, sobretudo agora, na preparação da Rio+20.
Ninguém pode prever o que virá após a crise. Há apenas insinuações. Estamos ainda na fase do diagnóstico de suas causas profundas. Lamentavelmente são, sobretudo, economistas que fazem análises da crise e menos sociólogos, antropólogos, filósofos e estudiosos das culturas. O que está ficando claro é o seguinte: houve um triplo descolamento: o capital financeiro se descolou da economia real; a economia em seu conjunto, da sociedade; e a sociedade em geral, da natureza. Esta separação criou uma fumaça tal que já não vemos quais caminhos seguir.
Os “indignados” que enchem as praças de alguns países europeus e do mundo árabe, estão colocando este sistema em xeque. Ele é ruim para a maioria da humanidade. Até agora eram vítimas silenciosas. Agora gritam alto. Não só buscam emprego mas reclamam direitos humanos fundamentais.
Querem ser sujeitos, vale dizer, atores de um outro tipo de sociedade na qual a economia esteja a serviço da política e a política a serviço do bem viver das pessoas entre si e com a natureza.
Seguramente não basta querer. Impõe-se uma articulação mundial, a criação de organismos que viabilizem outro modo de conviver e uma representação política ligada aos anseios gerais e não aos interesses do mercado. Trata-se de refundar a vida social.
Por mim, vejo os indícios, em muitas partes, do surgimento de uma sociedade mundial ecocentrada e biocentrada. O eixo será o sistema-vida, o sistema-Terra e a Humanidade. Tudo deve servir a esta nova centralidade. Caso contrário, dificilmente evitaremos um tsunami ecológico-social possível.

por Leonardo Boff

Sustentabilidade e cuidado: um caminho a seguir

Há muitos anos, venho trabalhando sobre a crise de civilização que se abateu perigosamente sobre a humanidade. Não me contentei com a análise estrutural de suas causas, mas, através de inúmeros escritos, tratei de trabalhar positivamente as saídas possíveis em termos de valores e princípios que confiram real sustentatibilidade ao mundo que deverá vir.
Ajudou-me muito, minha participação na elaboração da Carta da Terra, a meu ver, um dos documentos mais inspiradores para a presente crise. Esta afirma: ”o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal”.
Dois valores, entre outros, considero axiais, para esse novo começo: a sustentabilidade e o cuidado.
A sustentabilidade, já abordada no artigo anterior, significa o uso racional dos recursos escassos da Terra, sem prejudicar o capital natural, mantido em condições de sua reprodução, em vista ainda ao atendimento das necessidades das gerações futuras que também têm direito a um planeta habitável.
Trata-se de uma diligência que envolve um tipo de economia respeitadora dos limites de cada ecossistema e da própria Terra, de uma sociedade que busca a equidade e a justiça social mundial e de um meio ambiente suficientemente preservado para atender as demandas humanas.
Como se pode inferir, a sustentabilidadae alcança a sociedade, a política, a cultura, a arte, a natureza, o planeta e a vida de cada pessoa. Fundamentalmente importa garantir as condições físico-químicas e ecológicas que sustentam a produção e a reprodução da vida e da civilização.
O que, na verdade, estamos constatando, com clareza crescente, é que o nosso estilo de vida, hoje mundializado, não possui suficiente sustentabildade.
É demasiado hostil à vida e deixa de fora grande parte da humanidade. Reina uma perversa injustiça social mundial com suas terríveis sequelas, fato geralmente esquecido quando se aborda o tema do aquecimento global.
A outra categoria, tão importante quanto a da sustentabilidade, é o cuidado, sobre o qual temos escrito vários estudos. O cuidado representa uma relação amorosa, respeitosa e não agressiva para com a realidade e por isso não destrutiva.
Ela pressupõe que os seres humanos são parte da natureza e membros da comunidade biótica e cósmica com a responsabilidade de protege-la, regenerá-la e cuidá-la. Mais que uma técnica, o cuidado é uma arte, um paradigma novo de relacionamento para com a natureza, para com a Terra e para com os humanos.
Se a sustentabilidade representa o lado mais objetivo, ambiental, econômico e social da gestão dos bens naturais e de sua distribuição, o cuidado denota mais seu lado subjetivo: as atitudes, os valores éticos e espirituais que acompanham todo esse processo sem os quais a própria sustentabilidade não acontece ou não se garante a médio e longo prazo.
Sustentabilidade e cuidado devem ser assumidos conjutamente para impedir que a crise se transforme em tragédia e para conferir eficácia às praticas que visam fundar um novo paradigma de convivência ser-humano-vida-Terra.
A crise atual, com as severas ameaças que globalmente pesam sobre todos, coloca uma impostergável indagação filosófica: que tipo de seres somos, ora capazes de depredar a natureza e de por em risco a própria sobrevivência como espécie e ora de cuidar e de responsabilizar-nos pelo futuro comum?
Qual, enfim, é nosso lugar na Terra e qual é a nossa missão? Não seria a de sermos o guardiães e os cuidadores dessa herança sagrada que o Universo e Deus nos entregaram que é esse Planeta, vivo, que se autorregula, de cujo útero todos nós nascemos?
É aqui que, novamente, se recorre ao cuidado como uma possível definição operativa e essencial do ser humano. Ele inclui um certo modo de estar-no-mundo-com-os-outros e uma determinada práxis, preservadora da natureza. 
Não sem razão, uma tradição filosófica que nos vem da antiguidade e que culmina em Heidegger e em Winnicott defina a natureza do ser humano como um ser de cuidado.
Sem o cuidado essencial ele não estaria aqui nem o mundo que o rodeia. Sustentabilidade e cuidado, juntos, nos mostram um caminho a seguir.

Código Florestal

Relator defende projeto aprovado na Câmara Federal



Trechos do artigo do deputado Aldo Rebelo (PCdoB):

1. O longo e difícil debate acerca da reforma do Código Florestal Brasileiro colocou em destaque, ainda que de forma não suficientemente explícita, a velha e boa questão nacional. De um lado, a lógica dos que associam a conservação e reprodução da natureza aos interesses do Brasil funda-se na simbiose entre ambiente e desenvolvimento.  De outro, a bandeira do conservacionismo é travestida de subordinação dos interesses nacionais a um movimento que se apresenta asséptico, puro e altruísta na defesa da preservação da Terra, mas que na verdade tem na retaguarda protagonista que surgiu na humanidade desde que o homem superou a barbárie e começou a trocar mercadorias: o general comércio.
                  
2. A grande disputa se dá hoje no campo no ambientalismo. Os foros internacionais, como a Organização Mundial do Comércio e seus ciclos de negociações, como a empacada Rodada Doha, são um palco por demais ostensivo para que os agentes dissimulem seus verdadeiros interesses.  É evidente que, para as ONGs internacionais, pouco importa o percentual de reserva legal ou a metragem de mata ciliar, já que em nenhum país tais reivindicações constam de suas plataformas ou de suas preocupações.
                  
3. O Brasil perdeu/ganhou mais de 23 milhões de hectares de agricultura e pecuária, em dez anos, para unidades de conservação, terras indígenas ou expansão urbana. Acham pouco. Querem escorraçar plantações de mais de 40 milhões de hectares e plantar mata no lugar. Quem não concorda é acusado de "anistiar" desmatadores, num processo de intimidação que acua almas pusilânimes no governo e na sociedade. Quebraram a agricultura da África e do México com subsídios bilionários. Pensam que podem fazer o mesmo por aqui. Será?

por Leonardo Boff

Sustentabilidade: adjetivo ou substantivo?
É de bom tom hoje falar de sustentabilidade. Ela serve de etiqueta de garantia de que a empresa, ao produzir, está respeitando o meio ambiente. Atrás desta palavra se escondem algumas verdades mas também muitos engodos. De modo geral, ela é usada como adjetivo e não como substantivo.
Explico-me: como adjetivo é agregada a qualquer coisa sem mudar a natureza da coisa. Exemplo: posso diminuir a poluição química de uma fábrica, colocando filtros melhores em suas chaminés que vomitam gases.
Mas a maneira com que a empresa se relaciona com a natureza donde tira os materiais para a produção, não muda; ela continua devastando; a preocupação não é com o meio ambiente mas com o lucro e com a competição que tem que ser garantida.
Portanto, a sustentabilidade é apenas de acomodação e não de mudança; é adjetiva, não substantiva.
Sustentabilidade como substantivo exige uma mudança de relação para com a natureza, a vida e a Terra. A primeira mudança começa com outra visão da realidade. A Terra está viva e nós somos sua porção consciente e inteligente.
Não estamos fora e acima dela como quem domina, mas dentro como quem cuida, aproveitando de seus bens mas respeitando seus limites.
Há interação entre ser humano e natureza. Se poluo o ar, acabo adoecendo e reforço o efeito estufa donde se deriva o aquecimento global. Se recupero a mata ciliar do rio, preservo as águas, aumento seu volume e melhoro minha qualidade de vida, dos pássaros e dos insetos que polinizam as árvores frutíferas e as flores do jardim. Continua>>> 

A discussão do novo Código Florestal - 2

Ontem apresentei os argumentos do deputado Aldo Rebelo, relator do projeto de lei do novo Código Florestal. Vamos aos argumentos contrários dos ambientalistas, levantados por Bruno de Pierro, da Dinheiro Vivo.

O ponto central de discórdia é a confusão de duas situações distintas: o desmatamento que já ocorreu e o desmatamento futuro.
 

Segundo Aldo, não haverá nenhuma tolerância com qualquer desmatamento que tenha ocorrido após a lei ter definido crimes ambientais. Antes disso, não havia crime.

Houve períodos da história em que punia-se quem não desmatava, pois significava não explorar economicamente a terra, explica ele. O que se discute é o que se fará com as propriedades que desmataram antes, que vão desde a colonização do Mato Grosso nos anos 30, do Paraná nos anos 50 até a da Amazônia nos anos 70.

Não preservação das matas ciliares
Para Philip Fearnside, do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas Aeroespaciais), o principal impacto do novo código será a redução de matas ciliares, segundo ele, o principal fator das inundações que ocorreram em Alagoas, Pernambuco e Rio de Janeiro recentemente. Em relação ao reflorestamento das margens do rio, Jean Paul Walter Metzger, da USP, considera que a faixa mínima deveria ser de 100 metros de cada margem a partir da maior área alagada do rio.

Segundo Aldo, se ampliar a metragem ou considerar como ponto de referência a área alagada, inviabilizará toda propriedade rural – já que agricultura sempre se desenvolve na beira de rios – principalmente as pequenas, que são cultivadas de forma intensiva

As reservas legais
Para Thomas Michael Lewinsohn, da Unicamp, o novo CFB praticamente extingue as Reservas Legais (RL), ao liberar 90% das propriedades rurais de sua conservação. A defesa de Aldo é que são pequenas propriedades que seriam praticamente inviabilizadas caso expostas à lei anterior. Novos desmatamentos não serão tolerados.

Anistia
O principal prejuízo, diz Fearnside, é o descrédito do estado de direito, ao determinar a anistia aos proprietários de terras multados por desmatamento

A posição de Aldo é a de que as multas seriam suspensas até que o governo soltasse um decreto regulamentando o que poderia ou não ser plantado em APPs (Áreas de Preservação Permanente). Não se prevê anistia a quem desmatou depois que a lei de crimes ambientais foi promulgada.

A substituição das florestas
Segundo Fearnside, qualquer abertura para substituir as reservas legais de florestas em propriedades na Amazônia por plantações de espécies como, por exemplo, o dendê, traria enormes prejuízos ambientais.

Lewinsohn, da Unicamp, lembra que o novo código não fixa nenhuma proporção mínimo de preservação ou recomposição de vegetação nativa e a exploração econômica dessas áreas será feita conforme parâmetros estabelecidos por cada Estado ou município. Dessa forma, as RL deixam de ser reservas de serviços ecossistêmicos e de proteção ambiental.
Segundo Aldo, essa regra vale apenas para a situação atual, para aqueles casos anteriores à lei, em que houve desmatamento. Em hipótese alguma se prevê qualquer leniência com novos desmatamentos.

[...]Benvindos ao antropozóico

Os humanos mudaram a forma como o mundo funciona. Agora também precisam mudar a forma como pensam sobre isso
A Terra é uma coisa grande: se fosse dividida de forma equânime por todos os 7 bilhões de habitantes, cada um ficaria com quase um trilhão de toneladas. Pensar que o funcionamento de um ente tão vasto poderia ser mudado de forma duradoura por uma espécie que tem corrido pela superfície dele por menos de 1% de 1% de sua história parece, considerando apenas isso, absurdo. Mas não é. Os humanos se tornaram uma força da natureza que muda o planeta em escala geológica — mas numa velocidade mais rápida que a geológica.
Só um projeto de engenharia, a mina de Syncrude nas areias betuminosas de Athabasca, envolve o movimento de 30 bilhões de toneladas de terra — duas vezes mais que a quantidade de sedimento que flui em todos os rios no mundo em um ano. Aquele fluxo de sedimento, enquanto isso, está encolhendo: quase 50 mil grandes represas no último meio século reduziram o fluxo [de sedimento nos rios] em quase um quinto. É uma das razões pelas quais os deltas da Terra, onde vivem centenas de milhões de pessoas, estão erodindo num ritmo que impede que sejam reabastecidos.
Os geólogos se importam com sedimentos, martelando neles para descobrir o que têm a dizer sobre o passado — especialmente sobre as grandes porções de tempo que a Terra atravessa de um período geológico a outro. Com o mesmo espírito os geólogos olham para a distribuição de fósseis, para traços das geleiras, para o nível dos oceanos. Agora, um número destes cientistas argumenta que futuros geólogos, observando este momento do progresso da Terra, vão concluir que algo muito estranho está acontecendo.
O ciclo do carbono (e o debate sobre o aquecimento global) é parte da mudança. Assim também é o ciclo do nitrogênio, que converte nitrogênio puro da atmosfera em químicos úteis, e que os humanos ajudaram a acelerar em mais de 150%. Eles e outros processos antes naturais foram interrompidos, remodelados e, principalmente, acelerados. Os cientistas estão crescentemente usando um novo nome para este período. Em vez de nos colocar ainda no Cenozóico, uma era particularmente estável que começou há cerca de 10 mil anos, os geólogos dizem que já estamos vivendo no Antropozóico: a idade do homem. Continua>>>

The Economist

Os humanos mudaram a forma como o mundo funciona. Agora também precisam mudar a forma como pensam sobre isso
A Terra é uma coisa grande: se fosse dividida de forma equânime por todos os 7 bilhões de habitantes, cada um ficaria com quase um trilhão de toneladas. Pensar que o funcionamento de um ente tão vasto poderia ser mudado de forma duradoura por uma espécie que tem corrido pela superfície dele por menos de 1% de 1% de sua história parece, considerando apenas isso, absurdo. Mas não é. Os humanos se tornaram uma força da natureza que muda o planeta em escala geológica — mas numa velocidade mais rápida que a geológica.
Só um projeto de engenharia, a mina de Syncrude nas areias betuminosas de Athabasca, envolve o movimento de 30 bilhões de toneladas de terra — duas vezes mais que a quantidade de sedimento que flui em todos os rios no mundo em um ano. Aquele fluxo de sedimento, enquanto isso, está encolhendo: quase 50 mil grandes represas no último meio século reduziram o fluxo [de sedimento nos rios] em quase um quinto. É uma das razões pelas quais os deltas da Terra, onde vivem centenas de milhões de pessoas, estão erodindo num ritmo que impede que sejam reabastecidos.
Os geólogos se importam com sedimentos, martelando neles para descobrir o que têm a dizer sobre o passado — especialmente sobre as grandes porções de tempo que a Terra atravessa de um período geológico a outro. Com o mesmo espírito os geólogos olham para a distribuição de fósseis, para traços das geleiras, para o nível dos oceanos. Agora, um número destes cientistas argumenta que futuros geólogos, observando este momento do progresso da Terra, vão concluir que algo muito estranho está acontecendo.
O ciclo do carbono (e o debate sobre o aquecimento global) é parte da mudança. Assim também é o ciclo do nitrogênio, que converte nitrogênio puro da atmosfera em químicos úteis, e que os humanos ajudaram a acelerar em mais de 150%. Eles e outros processos antes naturais foram interrompidos, remodelados e, principalmente, acelerados. Os cientistas estão crescentemente usando um novo nome para este período. Em vez de nos colocar ainda no Cenozóico, uma era particularmente estável que começou há cerca de 10 mil anos, os geólogos dizem que já estamos vivendo no Antropozóico: a idade do homem.
The new geology leaves all in doubt
O que os geólogos escolhem chamar de um período histórico normalmente importa pouco para o resto da humanidade; disputas na Comissão Internacional de Estratigrafia sobre os limites do Período Ordoviciano normalmente não capturam as manchetes. O Antropozóico é diferente. É um daqueles momentos em que cai a ficha científica, como quando Copérnico entendeu que a Terra girava em torno do sol, momentos que podem mudar fundamentalmente a visão das pessoas sobre coisas muito além da ciência. Significa muito mais que reescrever alguns livros didáticos. Significa repensar a relação entre as pessoas e seu mundo — e agir de acordo com o resultado.
A parte de “repensar” é a mais fácil. Muitos cientistas naturais abraçam a confortável crença de que a natureza pode ser pensada, na verdade deveria ser pensada, separadamente do mundo humano, com as pessoas como meras observadoras. Muitos ambientalistas — especialmente aqueles da tradição norte-americana inspirada em Henry David Thoreau — acreditam que “o mundo selvagem é a preservação do mundo”. Mas as regiões isoladas, para o bem e para o mal, estão se tornando crescentemente irrelevantes.
Quase 90% da atividade vegetal do mundo, por algumas estimativas, é encontrada em ecossistemas onde o homem tem um papel significativo. Embora a agricultura tenha mudado o mundo por milênios, o evento Antropozóico dos combustíveis fósseis, da engenharia agrícola e, principalmente, dos fertilizantes artificiais à base de nitrogênio, incrementaram vastamente o poder da agricultura. A relevância das regiões preservadas para nosso mundo encolheu em face deste avanço. A quantidade de biomassa que agora anda sobre o planeta em forma de humanos ou animais de criação pesa muito mais que todos os outros grandes animais juntos.
Os ecossistemas do mundo são crescentemente dominados por um grupo limitado e homogêneo de culturas, animais de criação e criaturas cosmopolitas que se dão bem em ambientes dominados por humanos. Criaturas menos úteis ou adaptáveis se dão mal: a taxa de extinção hoje é bem mais rápida que durante períodos geológicos normais.
Recycling the planet
O quanto as pessoas deveriam se amedrontar com isso? Seria estranho se não se preocupassem. A história do planeta contém muitas eras menos estáveis e clementes que o Cenozóico. Quem pode garantir que a ação humana não pode empurrar o planeta para nova instabilidade?
Alguns vão querer simplesmente voltar o relógio. Mas retornar às coisas como eram não é realista, nem moralmente alcançável. Um planeta que em breve pode sustentar 10 bilhões de seres humanos precisa trabalhar de forma diferente de que quando sustentava 1 bilhão de pessoas, a maioria camponeses, 200 anos atrás. O desafio do Antropozóico é usar a engenhosidade humana para ajeitar as coisas para que o planeta possa cumprir sua tarefa do século 21.
Aumentar a resiliência do planeta vai provavelmente envolver algumas mudanças dramáticas e muitos pequenos ajustes. Um exemplo do primeiro pode vir da geoengenharia. Hoje o abundante dióxido de carbono emitido na atmosfera fica para a natureza recolher, o que ela não pode fazer suficientemente rápido. Embora as tecnologias ainda sejam nascentes, a ideia de que os humanos possam remover o carbono dos céus da mesma forma que ele é colocado lá é uma razoável expectativa Antropozóica; não evitaria o aquecimento global a curto prazo, mas poderia reduzir seu impacto, com isso reduzindo as mudanças na química dos oceanos causadas pelo excesso de carbono.
Mais frequentemente a resposta estará nos pequenos ajustes — em encontrar formas de aplicar o músculo humano em favor da natureza, em vez de contra ela, ajudando assim a tendência natural de reciclar as coisas. A interferência humana no ciclo do nitrogênio tornou o nitrogênio muito mais disponível para plantas e animais; fez muito menos para ajudar o planeta a lidar com todo aquele nitrogênio quando as plantas e animais se satisfazem. Assim, sofremos cada vez mais com as “zonas mortas” costeiras, invadidas pelo brotar de algas alimentadas por nitrogênio. Pequenas coisas, como uma agricultura mais inteligente e melhor tratamento de esgoto, poderiam ajudar muito.
Para os homens, ter um envolvimento íntimo com vários processos interconectados numa escala planetária envolve muitos riscos. Mas é possível acrescentar à resiliência do planeta, em geral com medidas simples e graduais, se elas forem bem pensadas. E uma das mensagens do Antropozóico é que as ações graduais que nos trouxeram até aqui podem rapidamente se somar para provocar mudanças globais.