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30 anos do Proconsult: tentativa de roubar a eleição de Leonel Brizola

Depois de fraude descoberta, Brizola tomou posse como governador do estado do Rio

Há 30 anos, 'JB' revelou escândalo do Proconsult e derrubou fraude na eleição No retorno às eleições para governador, tentaram roubar os votos de Leonel Brizola 
Há 30 anos, uma tentativa de fraude na eleição para governador do Rio de Janeiro foi desbaratada graças ao trabalho das equipes do Jornal do Brasil e da Rádio JB. Com a ajuda de militares ligados aos órgãos de informação, tentou se evitar a vitória do esquerdita Leonel de Moura Brizola, favorecendo-se o candidato apoiado pelos militares, Wellington Moreira Franco. O esquema que ficou conhecido como "Proconsult" entrou na história como a primeira grande tentativa de fraude eleitoral através dos computadores.
O ano era 1982 e o país, debaixo do regime militar já há 18 anos, vivenciava a volta da eleição direta para a escolha dos governadores dos estados. No mesmo pleito, também foram escolhidos os deputados estaduais, deputados federais e um senador em cada unidade da Federação.
No Rio de Janeiro disputavam a cadeira de governador o candidato oficial do governo militar, Moreira Franco, representante do PDS (ex-Arena), partido de sustentação da ditadura militar que, à época, tinha na presidência da República o general João Figueiredo; o deputado federal Miro Teixeira (PMDB), herdeiro direto do então governador Chagas Freitas, mas que tentava passar a imagem de independente; o recém chegado do exílio (1979), ex-governador gaúcho, Leonel de Moura Brizola (PDT); a deputada federal, Sandra Cavalcanti (PTB), que iniciou sua vida política na UDN e no Lacerdismo; além do deputado federal cassado em 1976, Lysâneas Maciel, candidato pelo novato Partido dos Trabalhadores. 
Vivia-se a derrocada da ditadura, embora ela ainda fosse perdurar por mais alguns anos. Para evitar novos sustos nas urnas e tentar manter a maioria no Congresso, o governo militar criou o chamado voto vinculado. O eleitor era obrigado a escolher apenas candidatos de um mesmo partido. De deputado estadual a governador deveriam ser escolhidos políticos de uma mesma sigla, sob pena do voto ser anulado. Leia mais>>>

Educação: Globo e sociedade se rendem a Leonel Brizola e Darcy Ribeiro


Em 1982, Leonel Brizola assumiu, eleito pelo povo, o Governo do Estado do Rio de Janeiro. Darcy Ribeiro, antropólogo e educador, seu Vice-Governador e Secretário de Estado de Cultura, Ciência e Tecnologia, propôs ao Governo que, em lugar de multiplicar conformadamente aquela escola conservadora que, nas suas palavras, fingia que ensinava as crianças que fingiam que aprendiam, era vital que se promovesse uma revolução na educação desse País, dando a ele a escola verdadeira e honesta que seu povo merecia.

Com a aprovação do Governador Leonel Brizola, o Professor Darcy Ribeiro solicitou a Oscar Niemeyer um projeto arquitetônico capaz de conter os espaços necessários a uma escola de tempo integral e que possibilitasse, através de sua multiplicação, baixos custos e montagem rápida.
Projeto Pedagógico - O gênio de Oscar Niemeyer produziu um prédio, executado com seis peças pré-fabricadas de concreto armado, cuja beleza e impacto chegaram a encobrir o projeto pedagógico desenvolvido no interior do mesmo. Enquanto Niemeyer trabalhava no projeto arquitetônico, professores trabalhavam sob a orientação de Darcy Ribeiro na estrutura do I Programa Especial de Educação, do seu projeto pedagógico. Leia mais>>>

Cieps: Educação em tempo integral


O CIEP é um símbolo do encontro feliz de três gênios brasileiros: Leonel Brizola, o político a favor do povo e da nação; o educador Darcy Ribeiro que mentalizou o CIEP como o útero do povo brasileiro; por fim o arquiteto Oscar Niemeyer, cujo desenho na arquitetura traz a inscrição popular da rede de dormir, das veredas do sertão, das curvas das montanhas e da mulher brasileira. Esse encontro propiciou a criação do CIEP.

DIlma balança entre Lula e Brizola


Oito anos depois da morte de Leonel Brizola, completados mês passado (24 de junho) e menos de um mês depois do encontro com apertos de mãos reconciliatórios de Lula-Maluf - e direito a foto tão histórica quanto polêmica colhida nos jardins da mansão do ex-governador de São Paulo -, o coração e a mente da presidente Dilma Rousseff parecem balançar “entre dois amores”, como no filme famoso.

De um lado, o ex-governador nascido na gaúcha cidade de Carazinho, que a acolheu afetuosamente no PDT do Rio Grande do Sul, quando a ex-guerrilheira das lutas contra a ditadura dava os primeiros passos na política fora da clandestinidade.

Do outro, o pernambucano ex-dirigente sindical do ABC paulista, fundador do PT e ex-presidente da República que a levou nos braços (e no muque) ao Palácio do Planalto na eleição em que praticamente ninguém acreditava quando a campanha começou.
O balanço de Dilma, que vem de longe (como Brizola gostava de dizer) ficou esta semana mais evidente do que nunca na historia deste país (como prefere Lula) em pelo menos duas cerimônias emblemáticas com a participação da presidente da República.
A primeira, em Brasília, na quinta-feira, 12. A segunda em Maragogipe - cidade do Recôncavo Baiano com prefeito petista em campanha de reeleição (e o governador Jaques Wagner, também do PT, em fase de inferno astral desde a greve da PM) - visitada ontem, sexta-feira, 13, pela presidente, depois de dois adiamentos.
A Dilma brizolista, cujos sinais mais efusivos no período de governo haviam se manifestado na posse do ministro do Trabalho, Brizola Neto, reapareceu com força anteontem, durante a abertura da Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Para espiritualistas ou ateus que acreditam em milagres (como o jornalista que assina estas linhas), a petista presidente da República parecia tomada pelo espírito e pelas palavras do falecido líder trabalhista, ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, Leonel de Moura Brizola.
No discurso surpreendente, uma Dilma veemente afirmou que uma Nação de verdade deve ser medida pela atenção que os seus governantes dão às novas gerações, e não pelo crescimento da economia representada pelos saltos do PIB (soma de todas as riquezas de um país).
Vale a pena reproduzir aqui, literalmente, as palavras da presidente, pois até ontem, quando Dilma desembarcou na Bahia, muita gente dentro e fora de seu governo seguia atônita, ou fazendo de conta de que nada de diferente havia acontecido na solenidade de Brasília. Mesmo que a forte, ampla e imediata repercussão do discurso presidencial na mídia revelasse o contrário.
“Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz a uma criança e a um adolescente. Não é o PIB, mas a capacidade do País, do governo e da sociedade de proteger o que é o seu presente e o seu futuro”, bradou a presidente na fala produzida sob medida para os tempos de dificuldades que se anunciam no Brasil pós-marolinha.
Uma indiscutível sacada política, de governo e marketing em tempo de crise. É preciso reconhecer: nem o próprio Brizola, um dos formadores da cabeça e do coração da Dilma pedetista, teria feito melhor se vivo ainda estivesse.
Apenas um dia depois, no entanto, na sexta-feira 13, a presidente Dilma Rousseff desembarcava bem cedo no Recôncavo , novamente vestida com as roupas e as armas do PT, seu partido atual. Chegava cercada do governador Jaques Wagner, do prefeito também petista de Magagogipe que tenta a reeleição, aliados políticos, empresários e militantes em campanha eleitoral. Uma festa multicolorida de gente que parece navegar indiferente em águas de “Brasil grande e imune às crises”.
Dilma veio batizar a nova plataforma de exploração de petróleo da Petrobras, a P-59, destinada a operar em águas profundas do Espírito Santo, área do pré-sal.
Antes, a presidente participou do lançamento feérico da pedra fundamental do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, para construção de mais plataformas off-shore de exploração de óleo em alto mar, com sede na Maragogipe tornada conhecida por um de seus filhos mais ilustres, o humorista Zé Trindade, hoje praticamente esquecido nas festas do lugar.
“Coisa de primeiro mundo, de país grande”, como faziam questão de acentuar executivos da Petrobras ao falar sobre as qualificações técnicas da monumental P-59, na qual os operários “ficarão numa sala automatizada, com controles por joysticks (como os de vídeo game”) e touch screen (na própria tela)”.
Coisa de encher os olhos e o discurso do ex-presidente Lula, o grande ausente, mas não esquecido pelos políticos e ex-auxiliares presentes na festa em Maragogipe.
No meio de tudo, a Dilma brizolista das crianças, na antevéspera em Brasília, dividia sentimentos e palavras de paixão com a presidente lulista da festa petista de ontem em Maragogipe. É como assinalou um frequentador do Twitter esta semana, ao refletir sobre o confuso país deste dias: “No meio da confusão sempre se pode ganhar alguma coisa”.
A conferir.
 Vitor Hugo Soares é jornalista - E-mail: vitor_soares1@terra.com.br

A conspiração das elites


por Carlos Chagas
                                               
De vez em quando é bom  mergulhar no passado, quando nada para  não  repetir erros, porque se não nos  diz o que fazer, o passado sempre nos dirá o que evitar.


                                               Logo se completarão 50 anos de um período onde vivia o Brasil crise iminente. Depois da entusiástica reação nacional ao golpe, em 1961, liderada por Leonel Brizola, entramos em 1964 sob a égide da conflagração. O então presidente João Goulart tivera assegurada sua posse e governava, por força da resistência do cunhado, governador do Rio Grande do Sul e logo depois o deputado federal mais votado da história do país, eleito pela Guanabara. O problema estava na permanência ativa das forças que tentaram rasgar a Constituição e permaneciam no mesmo objetivo. Uns pela humilhação da derrota, outros por interesse, estes ingênuos, aqueles infensos a quaisquer reformas sociais – todos se vinham fortalecendo sob a perigosa tolerância de Goulart. Conspirações germinavam em variados setores sob a batuta de um organismo central, o IPES, singelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais, mas, na verdade, um milionário centro de desestabilização do governo trabalhista, erigido em cima de milhões de dólares. Sua chefia era exercida pelo general Golbery do Couto e Silva, na reserva, arregimentando políticos, governadores, prefeitos, militares das três armas, fazendeiros, empresários aos montes, classe média e até operários e estudantes. O polvo tinha diversos tentáculos, como o CCC (Comando de Caça aos Comunistas), MAC (Movimento Anticomunista), CAMDE (Campanha da Mulher pelas Democracia), IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática) e outros, muito bem subsidiados, que se encarregavam de agir nas ruas. 

                                               Claro que a maioria da imprensa dava ampla cobertura a essas diversas  atividades, sempre escondidas sob a fantasia da defesa da democracia “ameaçada pelas reformas de base pretendidas pelo governo comunista de João Goulart”. Publicidade e dinheiro vivo era o que não faltava, além, é claro, das inclinações pessoais dos barões da mídia. 

                                               Do outro lado, organizavam-se as forças que imaginavam estar o Brasil marchando  para o socialismo. O CGT (Comando Geral dos Trabalhadores), a Frente Nacionalista, o Grupo dos Onze, as Ligas Camponesas e outros.

                                               Depois da ridícula experiência parlamentarista o presidente retomara, através de um plebiscito, a plenitude de seus poderes. Diante da  resistência do Congresso em votar  as reformas, Jango decidiu promovê-las “na marra”. Abria perigosamente o leque, ao invés de realizá-las de per si, uma por uma. Ao mesmo tempo, pregava a reforma agrária, pela desapropriação de terras por títulos da dívida pública;  a reforma bancária, com a estatização do sistema financeiro;  a reforma educacional, com o fim do ensino privado;  a reforma urbana, através da proibição de os proprietários manterem casas e apartamentos fechados, sem alugar;  a reforma na saúde, pela criação de um laboratório estatal capaz de produzir remédios a preços baratos; a reforma da remessa de lucros, limitando o fluxo de dólares que as multinacionais enviavam às suas matrizes; a reforma das empresas, impondo a participação dos empregados no lucro  dos patrões e a co-gestão;  a reforma eleitoral, concedendo o direito de voto aos analfabetos, aos soldados  e cabos.  Entre outras.

                                               Contava-se, como piada, haver um túnel secreto ligando as instalações do IPES à embaixada dos Estados Unidos, no Rio. Verdade ou mentira,  os americanos estavam enfiados até o pescoço  na conspiração,  por meio do embaixador Lincoln Gordon e do adido militar, coronel Wernon Walters, antigo oficial de ligação do Exército americano com  a Força Expedicionária Brasileira, na Itália. Linguista exímio, sabendo falar até mesmo o português do Brasil e o de Portugal, em separado, tornara-se amigo dos majores e coronéis que lutaram na Itália, agora  generais importantes. E em grande parte, conspiradores.

                                               A estratégia inicial era impedir as reformas de base  e deixar o governo Goulart exaurir-se, desmoralizado, até o final do mandato. Tudo mudou quando o presidente se deixou envolver por outra reforma, a militar. Partindo de um inexplicável artigo da Constituição que limitava a possibilidade de os sargentos se candidatarem a postos eletivos, bem como das dificuldades antepostas pela Marinha para a organização sindical dos subalternos, tudo transbordou. Pregava-se a quebra da hierarquia entre os militares.  Acusada de estar criando um soviete, a Associação dos Marinheiros e Fuzileiros rebelou-se, instalando-se na sede do sindicato dos Metalúrgicos. Mais de mil marinheiros e fuzileiros recusaram-se a voltar aos seus navios e quartéis, tendo o governo preferido a conciliação em vez da punição. A ironia estava em que o chefe da revolta, o cabo Anselmo, o mais inflamado dos insurrectos, era um agente provocador a serviço do golpe. Quanto mais gasolina no fogo,  melhor. 

                                            Juntava-se a isso a decisão de Goulart de realizar monumentais comícios populares, onde assinaria, por decreto, as reformas negadas pelos  deputados e senadores.  Só fez um, a 13 de março, sexta-feira, no Rio, quando desapropriou terras ao longo das rodovias e ferrovias federais,  encampando também  as refinarias particulares de petróleo. Naquela noite, na Central do Brasil, e ironicamente diante do prédio do ministério da Guerra, discursaram revolucionáriamente os principais líderes  de esquerda: José Serra, presidente da União Nacional dos Estudantes, Dante Pelacani, dirigente  do CGT, Miguel Arraes, governador de Pernambuco, Leonel Brizola, deputado federal, e outros. Cada orador sentia  a necessidade de ir além do que pregara o antecessor. Quando chegou a vez do presidente Goulart, não lhe restou alternativa senão superar os companheiros. Fez um discurso que os historiadores precisam resgatar. Uma espécie de grito de revolta diante das elites, a pregação da independência para os   humildes e os explorados. O desfecho estava próximo, demonstrando que, do lado de cá do planeta, enquanto a esquerda faz barulho, a direita age.  (continua amanhã)

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Leonel Brizola e a " Privataria Tucana "



Na próxima segunda-feira, completam-se 90 anos do nascimento de Leonel Brizola.  Embora ele tenha vivido seus derradeiros anos como um crítico de Lula – não por suas ousadias, mas por suas concessões -  acho que tenho algum conhecimento de seu pensamento para dizer que, se tivesse visto os acontecimentos após 2004, data de sua morte, teria cambiado suas opiniões. E seria, certamente, não um áulico do petismo, mas um foco de pressão à esquerda na base governista, algo que muita falta nos faz hoje.
Porque Brizola dizia, com muita razão que “socialista é o povo, nós somos meros aprendizes”. E veria que estava surgindo, não como abstração como foi o Lula pré-presidência, mas como ele se tornou, à medida em que se dissolvia a aparente unanimidade do “Lula-lá” e começava-se a marcar, em relação ao Lula presidente, os campos evidentes da elite e do povão, do interesse nacional e da alienação das riquezas deste país.
Não sei se seria assim, é intuição e suposição de 20 anos de convívio diário.
Mas há algo que, sem sombra alguma, teria Brizola à frente: a oportunidade de lançar luz sobre as tenebrosas transações que envolveram a privatização do patrimônio público.
Era algo que o indignava, que o transtornava, que o revoltava.
A esta altura, ele estaria andando com o livro do Amaury Ribeiro Jr. pelo país.
Mas mirando acima de José Serra: em Fernando Henrique Cardoso.
PS. Na segunda-feira, 23, o aniversário de Brizola vai ser lembrado com o que de melhor ele nos deixou: suas ações corajosas e seus pensamentos sempre cortantes. Osvaldo Maneschy, Apio Gomes, Paulo Becker e Madalena Sapucaia lançam o livro “Leonel Brizola – A Legalidade e Outros Pensamentos Conclusivos”, às 18 horas, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)  – na Rua Araújo Porto Alegre 71, no Centro do Rio. Editada pela Nitpress, do também ex-colaborador de Brizola, Luiz Augusto Erthal, é uma coletânea de entrevistas e depoimentos do líder trabalhista, grande parte deles preservada pelas infinitas fitas de Maneschy e pelos imensos arquivos de Ápio Gomes. 
O prefácio do livro é de Paulo Henrique Amorim.

por Brizola Neto

Quanta babaquice

[;;;] tanta besteira escrita por encomenda para quem pagar

Ricardo Vélez Rodrígues, coordenador do Centro de Pesquisas Estratégicas da Universidade Federal de Juiz de Fora; e-mail: rive2011@gmail.com - O Estado de S.Paulo
Lula, como Brizola, é um grande comunicador. Mas, como Brizola também, é um grande populista.
A característica fundamental desse tipo de líder é, como escreve o professor Pierre-André Taguieff (A Ilusão Populista - Ensaio sobre as Demagogias da era Democrática, Paris, Flammarion, 2002), que se trata de um demagogo cínico. Demagogo - no sentido aristotélico do termo - porque chefia uma versão de democracia deformada, aquela em que as massas seguem o líder em razão de seu carisma, em que pese o fato de essa liderança conduzir o povo à sua destruição. O cinismo do líder populista já fica por conta da duplicidade que ele vive, entre uma promessa de esperança (e como Lula sabe fazer isso: "Os jovens devem ter esperança porque são o futuro da Nação", "o pré-sal é a salvação do brasileiro", e por aí vai), de um lado, e, de outro, a nua e crua realidade que ele ajudou a construir, ou melhor, a desconstruir, com a falência das instituições que garantiriam a esse povo chegar lá, à utopia prometida...
Lula acelerou o processo de desconstrução das instituições que balizam o Estado brasileiro. Desconstruiu acintosamente a representação, mediante a deslavada compra sistemática de votos, alegando ulteriormente que se tratava de mais uma prática de "caixa 2" exercida por todos os partidos (seguindo, nessa alegação, "parecer" do jurista Márcio Thomas Bastos) e proclamando, em alto e bom som, que o "mensalão nunca existiu". Sob a sua influência, acelerou-se o processo de subserviência do Judiciário aos ditames do Executivo (fator que nos ciclos autoritários da História republicana se acirrou, mas que sob o PT voltou a ter uma periclitante revivescência, haja vista a dificuldade que a Suprema Corte brasileira tem para julgar os responsáveis pelo mensalão ou a censura odiosa que pesa sobre importante jornal há mais de dois anos, para salvar um membro de conhecido clã favorável ao ex-mandatário petista).
Lula desconstruiu, de forma sistemática, a tradição de seriedade da diplomacia brasileira, aliando-se a tudo quanto é ditador e patife pelo mundo afora, com a finalidade de mostrar novidades nessa empreitada, brandindo a consigna de um "Brasil grande" que é independente dos odiados norte-americanos, mas, certamente, está nos causando mais prejuízos do que benefícios no complicado xadrez global: o País não conseguiu emplacar, com essa maluca diplomacia de palanque, nem a direção da Unesco, nem a presidência da Organização Mundial do Comércio (OMC), nem a entrada permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU.
Lula, com a desfaçatez em que é mestre, conseguiu derrubar a Lei de Responsabilidade Fiscal, abrindo as torneiras do Orçamento da União para municípios governados por aliados que não fizeram o dever de casa, fenômeno que se repete no governo Dilma. De outro lado, isentou da vigilância dos órgãos competentes (Tribunal de Contas da União, notadamente) as organizações sindicais, que passaram a chafurdar nas águas do Orçamento sem fiscalização de ninguém. Esse mesmo "liberou geral" valeu também para os ditos "movimentos sociais" (MST e quejandos), que receberam luz verde para continuar pleiteando de forma truculenta mais recursos da Nação para suas finalidades políticas de clã. Os desmandos do seu governo foram, para o ex-líder sindical, invenções da imprensa marrom a serviço dos poderosos.
A política social do programa Bolsa-Família converteu-se numa faca de dois gumes, que, se bem distribuiu renda entre os mais pobres, levou à dependência do favor estatal milhões de brasileiros, que largaram os seus empregos para ganhar os benefícios concedidos sem contrapartida nem fiscalização. Enquanto ocorria isso, o Fisco, sob o consulado lulista, tornou-se mais rigoroso com os produtores de riqueza, os empresários. "Nunca antes na História deste país" se tributou tanto como sob os mandatos petistas, impedindo, assim, que a livre-iniciativa fizesse crescer o mercado de trabalho em bases firmes, não inflacionárias.
Isso sem falar nas trapalhadas educacionais, com universidades abertas do norte ao sul do País, sem provisão de mestres e sem contar com os recursos suficientes para funcionarem. Nem lembrar as inépcias do Inep, que frustraram milhões de jovens em concursos vestibulares que não funcionaram a contento. Nem trazer à tona as desgraças da saúde, com uma administração estupidamente centralizada em Brasília, que ignora o que se passa nos municípios onde os cidadãos morrem na fila do SUS.
Diante de tudo isso, e levando em consideração que o Brasil cresceu na última década menos que seus vizinhos latino-americanos, o título de doutor honoris causa concedido a Lula, recentemente, pela prestigiosa casa de estudos Sciences Po, em Paris, é ou uma boa piada ou fruto de tremenda ignorância do que se passa no nosso país. Os doutores franceses deveriam olhar para a nossa inflação crescente, para a corrupção desenfreada, fruto da era lulista, para o desmonte das instituições republicanas promovido pelo líder carismático e para as nuvens que, ameaçadoras, se desenham no horizonte de um agravamento da crise financeira mundial, que certamente nos encontrará com menos recursos do que outrora. Ao que tudo indica, os docentes da Sciences Po ficaram encantados com essa flor de "la pensée sauvage", o filho de dona Lindu que conseguiu fazer tamanho estrago sem perder a pose. Sempre o mito do "bon sauvage" a encantar os franceses!
O líder prestigiado pelo centro de estudos falou, no final do seu discurso, uma verdade: a homenagem ele entendia ter sido feita ao povo brasileiro - que paga agora, com acréscimos, a conta da festança demagógica de Lula e enfrenta com minguada esperança a luta de cada dia.

Copiem Leonel Brizola

Entraram na moda os estádios de futebol, sendo reconstruídos e aprimorados. Bilhões se destinam às obras aceleradas, visando mais conforto para os usuários. Caso não houvessem outras prioridades, seria até louvável assistir toda essa movimentação. O que fica sem resposta, porém, é sobre o que fazer com os super-estádios nos dias sem jogos, a grande maioria do ano.

Quando governador do Rio, Leonel Brizola decidiu construir o Sambódromo, substituindo os desfiles carnavalescos na Avenida Presidente Vargas. Em poucos meses erigiu o projeto de Oscar Niemayer, mas com uma exigência: no longo período de ociosidade o Sambódromo abrigaria montes de salas de aula.

Não seria o caso de no Maracanã, Mineirão e tantos outros estádios, aproveitar-se as obras em andamento para transformá-los também  em escolas, até universidades? Coisa complicada mas jamais impossível. Arquitetos não faltam para apresentar alternativas.
Carlos Chagas

Frase do Dia

Correto sempre esteve Leonel Brizola, que há muito tempo átras dizia que o problema brasileiro [e demais países pobres ou em desenvolvimento], são “as perdas internacionais”. Velhinha Briguilina

Onde andará o PT velho de guerra

...partido que efetivamente inaugurou uma nova fase da política brasileira, nascido que foi de forma inversa ao tradicional, ou seja, de baixo para cima?
Cadê a militância aguerrida empunhando suas bandeiras libertárias e com sede de equidade e justiça? 
Alguém viu os parlamentares petistas que em não tão priscas eras travavam grandes batalhas no Congresso, enfrentando, às vezes com sucesso, o rolo compressor da maioria situacionista de governos passados?
E os movimentos sociais, em especial os sindicatos, tão ávidos e conscientes por uma boa luta em busca de melhorias para a classe trabalhadora e que também não fugiam á luta por quaisquer outras causas sociais?
Por que tanto recato? 
Reclama-se que hoje no Brasil a oposição está enfraquecida, ou mesmo sumida. Mas, lanço a pergunta: e precisa? A maior oposição ao governo está mesmo no próprio PT ao nivelar-se por baixo as outras agremiações políticas no que tange à busca de cargos e benesses do Poder.
Oposição também quando se omite em defender de forma orgânica o governo(vozes isoladas não contam) nas instâncias próprias, aí incluídas o Congresso e a Mídia. 
Todo santo dia é paulada em cima de paulada. Algumas fundamentadas, outras só factóides. E o PT calado; imóvel; vendo a banda passar. 
Como eleitor do PT desde a sua fundação(à exceção do pleito de 89 quando sufragei Brizola no primeiro turno) só tenho uma palavra para definir meu espírito: decepção. 

Agências reguladoras

[...] e raposa tomando conta do galinheiro, são coisas bem parecidas

Meu avô, ao falar das “agências reguladoras” criadas pelo Governo FHC para controlar os serviços públicos privatizados, usava uma metáfora bem interessante:
“Olha, isso é como um menino girando uma pedra amarrada num barbante. Só que o menino é tão fraquinho e a pedra é tão pesada que, em lugar de o menino girar a pedra em volta de si, é a pedra que gira o menino”.
Esta história se aplica à perfeição para a notícia publicada hoje na Folha – só para assinantes, por enquanto – de que a Aneel concedeu a algumas distribuidoras o direito de reajustar as tarifas de energia acima, até, do que havia sido solicitado pelas empresas.
Folha vai reclamar de quê? Não é esse o modelo perverso que defende? As tais agências não são “técnicas”? Os seus dirigentes  não têm um “mandato”, do qual não tem de prestar contas ao povo? Não são “executivos” de alta competência, que entram e saem dali para as cadeiras de diretores das empresas que fiscalizam e controlam?
E o pior: quando Lula – e será o mesmo com Dilma – tomava iniciativas para interferir na “autonomia” das agências – o mesmo trololó da autonomia do Banco Central – reagia, escandalizada com “a politização” da “pureza técnica” que elas teriam, não é?
É óbvio que ninguém discute que as decisões sobre a regulação de preços e atividades das concessionárias deva ser técnica. E, convenhamos, algumas delas, como a Aneel e a Anatel, estão longe de estarem dando espetáculos em matéria de técnica.
Mas a responsabilidade sobre os serviços públicos é, em última análise, política. Os governos é que são eleitos pela população e a ela têm de prestar contas sobre os serviços públicos. Contas, inclusive, sobre o valor das contas.
E, por isso, não podem as agências reguladoras independentes de quem tem de prestar contas ao povo. Porque senão é a pedra fazendo girar o menino fraquinho.

A propaganda

[...] é menor que os fatos


Embora a imprensa prefira quase sempre o caminho do alarmismo e do “escândalo”, os fatos são maiores e, quando a gente consegue observá-los com uma visão mais ampla, sente imensa alegria em ver este país de tornar um lugar diferente e próspero.

Claro que ainda estamos cheios de problema, e casa solução que surge gera, por sua vez, uma série de outras questões a resolver.
Mas olhem que barato as matérias que saíram, sem chamada de capa, na Folha de hoje.
A primeira – que certamente provocará a ira de alguns elitistas e até a incompreensão de algumas pessoas – é que o programa “Minha Casa, Minha Vida contempla até cobertura dúplex”.Quando se lê a matéria – restrita a assinantes, até agora – se vê que não tem luxo exagerado algum, pois se trata de apartamentos de 60 metros quadrados, mas  imóveis mais bem acabados e equipados, ao alcance de famílias com renda até mesmo inferior a cinco salários mínimos.
Um destes equipamentos, segundo a matéria mais procurados no Nordeste e no Rio, são as piscinas de condomínio. E o que tem de mais em ter piscina? Ou é só “pr quem pode”?
Acabei me lembrando de uma campanha que fez O Globo contra meu avô, quando Brizola resolveu equipar com piscina algumas dezenas  de Cieps. Remoendo-se d ódio elitista, inventou uma história de superfaturamento nas piscinas, publicando um preço irreal, que não correspondia ao efetivamente pago.
A empresa construtora divulgou uma nota com os preços efetivamente cobrados, que era os normais da construção deste equipamento. Brizola pegou a nota e publicou um anúncio nos jornais.
O título: “Fabricante de piscinas desmente fabricante de notícias”.
Lembranças à parte, na mesma página da Folha há outro fato que, igual, amacia o coração da gente. É que a escassez de mão de obra provocada pelo ritmo acelerado da indústria da construção civil está levando as empreiteiras a recrutar pessoal nos albergues. Sei que nestas histórias, infelizmente, surge gente inescrupulosa que se aproveita – e é preciso uma fiscalização do Ministério do Trabalho nisso -  mas é muito bom ver que pessoas que estavam excluídas totalmente, como o Jaílson aí da foto, possam ter um trabalho decente, com carteira assinada, direitos e reconhecimento social.
Aí está como se combate a exclusão: com uma economia que dê trabalho, com um Estado que ampare os trabalhadores, com educação, com dignidade.
E , para ódio dos eleitistas, tomara que daqui a alguns anos o Jaílson do albergue possa estar morando num dos apartamentos que hoje trabalha para construir.
Como uma casa, também um país se constrói para que as pessoas, nele, possam viver bem e felizes.

por Carlos Chagas

A Conspiração das Elites


De vez em quando é bom mergulhar no passado, quando nada para não repetir erros, porque se não nos diz o que fazer, o passado sempre nos dirá o que evitar.

Há mais de quarenta anos vivia o Brasil uma situação de crise iminente. Depois da entusiástica reação nacional ao golpe, em 1961, liderada por Leonel Brizola, entramos em 1964 sob a égide da conflagração. O então presidente João Goulart tivera assegurada sua posse e governava, por força da resistência do cunhado, governador do Rio Grande do Sul e logo depois o deputado federal mais votado da história do país, eleito pela Guanabara.     O problema estava na permanência ativa das forças que tentaram rasgar a Constituição e permaneciam no mesmo objetivo. Uns pela humilhação da derrota, outros por interesse,  estes ingênuos, aqueles infensos a quaisquer reformas sociais – todos se vinham fortalecendo sob a perigosa tolerância de Goulart.  Conspirações germinavam em variados setores sob a batuta de um organismo central, o IPES, singelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais, mas, na verdade, um milionário centro de desestabilização do governo trabalhista, erigido em cima de milhões de dólares. Sua chefia era exercida pelo general Golbery do Couto e Silva, na reserva, arregimentando políticos, governadores, prefeitos, militares das três armas, fazendeiros, empresários aos montes, classe média  e até operários e estudantes. O polvo tinha diversos tentáculos, como o CCC (Comando de Caça aos Comunistas), MAC (Movimento Anticomunista), CAMDE (Campanha da Mulher pelas Democracia), IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática) e outros, muito bem subsidiados,  que se encarregavam de agir nas ruas.

Claro que a maioria da imprensa dava ampla cobertura a essas  diversas  atividades, sempre escondidas sob a fantasia da defesa da democracia “ameaçada pelas reformas de base pretendidas pelo governo comunista de João Goulart”. Publicidade e dinheiro vivo era o que não faltava, além, é claro, das inclinações pessoais dos barões da mídia.

Do outro lado, organizavam-se as forças que imaginavam estar o Brasil marchando  para o socialismo. O CGT (Comando Geral dos Trabalhadores), a Frente Nacionalista, o Grupo dos Onze, as Ligas Camponesas  e outros.

Depois da ridícula experiência parlamentarista o presidente retomara, através de um plebiscito, a plenitude de seus poderes. Diante da  resistência do Congresso em votar  as reformas, Jango decidiu promovê-las “na marra”. Abria perigosamente o leque, ao invés de realizá-las de per si, uma por uma. Ao mesmo tempo, pregava a reforma agrária, pela desapropriação de terras por títulos da dívida pública;  a reforma bancária, com a estatização do sistema financeiro;  a reforma educacional, com o fim do ensino privado;  a reforma urbana, através da proibição de os proprietários manterem casas e apartamentos fechados, sem alugar;  a reforma na saúde, pela criação de um laboratório estatal capaz de produzir remédios a preços baratos; a reforma da remessa de lucros, limitando o fluxo de dólares que as multinacionais enviavam às suas matrizes; a reforma das empresas, impondo a participação dos empregados no lucro dos patrões e a co-gestão; a reforma eleitoral, concedendo o direito de voto aos analfabetos, aos soldados e cabos. Entre outras.

Contava-se, como piada, haver um túnel secreto ligando as instalações do IPES à embaixada dos Estados Unidos, no Rio. Verdade ou mentira,  os americanos estavam enfiados até o pescoço  na conspiração,  por meio do embaixador Lincoln Gordon e do adido militar, coronel Wernon Walters, antigo oficial de ligação do Exército americano com  a Força Expedicionária Brasileira, na Itália.  Linguista exímio, sabendo falar até mesmo o português do Brasil e o de Portugal, em separado, tornara-se amigo dos majores e coronéis que lutaram na Itália,  agora  generais importantes. E em grande parte,  conspiradores.

A estratégia inicial  era   impedir as reformas de base  e deixar o governo Goulart exaurir-se, desmoralizado, até o final do mandato.   Tudo  mudou quando o presidente se deixou envolver por outra reforma, a militar. Partindo de um inexplicável  artigo da Constituição que limitava a possibilidade de os sargentos se candidatarem a postos eletivos, bem como das dificuldades antepostas pela Marinha para a organização sindical dos subalternos, tudo transbordou. Pregava-se a quebra da hierarquia entre os militares.  Acusada de estar criando um soviete,  a Associação dos Marinheiros e Fuzileiros rebelou-se, instalando-se na sede do sindicato dos Metalúrgicos. Mais de mil marinheiros e fuzileiros recusaram-se a voltar aos seus navios e quartéis, tendo o governo preferido a conciliação em vez da punição. A ironia estava em que o chefe da revolta, o cabo Anselmo, o mais inflamado dos insurrectos, era um agente provocador a serviço do golpe. Quanto mais gasolina no fogo,  melhor.

Juntava-se a isso a decisão de Goulart de realizar monumentais comícios populares, onde assinaria, por decreto, as reformas negadas pelos deputados e senadores.  Só fez um, a 13 de março, sexta-feira, no Rio, quando desapropriou terras ao longo das rodovias e ferrovias federais, encampando também  as refinarias particulares de petróleo. Naquela noite, na Central do Brasil, e ironicamente diante do prédio do ministério da Guerra, discursaram revolucionáriamente os principais líderes  de esquerda: José Serra, presidente da União Nacional dos Estudantes, Dante Pelacani, dirigente  do CGT, Miguel Arraes, governador de Pernambuco, Leonel Brizola, deputado federal, e outros. Cada orador sentia  a necessidade de ir além do que pregara o antecessor. Quando chegou a vez do presidente Goulart, não lhe restou alternativa senão superar os companheiros.  Fez um discurso que os historiadores precisam resgatar. Uma espécie de grito de revolta diante das elites, a pregação da independência para os humildes e os explorados. O desfecho estava próximo, demonstrando que,  do lado de cá do planeta, enquanto a esquerda faz barulho, a direita age.  (continua amanhã)

Educação

O grande e inesquecível brasileiro Darcy Ribeiro dizia: 
"Nós precisamos cuidar das crianças e educá-las. E logo, porque a criança só tem sete anos uma vez". 

Sábias palavras. Resta perguntar: 
como um País que não valoriza o professor pode formar jovens, impedindo a entrada deles para o mundo do crime? Com Brizola e ambos inspirados no baiano Anísio Teixeira, Darcy fez a escola integral.


Reação do mal
Sucedeu que as elites não se conformavam com o fato de crianças pobres terem acesso a colégio de qualidade até maior que as que os ricos frequentavam.

Encantamento
Eu só conheci uma dessas escolas quando Brizola e Dar- cy não estavam mais no go- governo. O Rio de Janeiro já era governado, digamos as- sim, por Wellington Moreira Franco. Mesmo já tendo sido iniciado o sucateamento dos chamados Cieps, eu fiquei tão maravilhado com o que via que lá demorei de nove horas da manhã às sete da noite, nem lembrei de almoçar, sequer beber água.

Era assim
Como funcionava. Os pais deixavam o filho cedo da man-hã. A criança tomava café, merenda-va, ia ao banho, almoça-va, atividades à tarde (reforço escolar, línguas, esporte), outra merenda, banho e jantar, quando o responsável ia buscá-la. Para que pobre precisa disso? - era o pensamento sujo.

por Cesar Maia

CONSEQUÊNCIAS DE AMPLÍSSIMAS VITÓRIAS ELEITORAIS! O CASO DO BRASIL!
                  
1. Brizola dizia que, quem ganha tudo numa eleição, leva tudo, inclusive os problemas políticos. Não tem com quem repartir as responsabilidades, pois tem todo o poder. Não há espaços suficientes para todos os que ganharam juntos a eleição. Não há transferência possível. E o eleitor sabe disso e, já que lhe deu todo o poder, não aceita desculpas e vai cobrar por isso.
                  
2. Os exemplos são inúmeros, e desde muito tempo. O rei Luis Filipe e seu partido venceram as eleições parlamentares de 1846 com 80% dos deputados. A oposição acusou o uso e abuso da máquina. Em 1848, a monarquia naufragava.  O Plano Cruzado, em 1986, deu ao PMDB o controle de quase todos os Estados (menos um), do Congresso e da Assembleia Constituinte. Foi o início do naufrágio que abriria o caminho para Collor. Blair e seu partido trabalhista arrasaram na eleição de 2005, o que deu início a um impressionante declínio de Blair, que teve que abrir mão do cargo de primeiro ministro para Brown, antes do final do governo. Etc., etc., etc.
                  
3. Claro que essa não é uma lei e não há qualquer compulsoriedade nisso. Mas mostra que vitórias eleitorais arrasadoras exigem outra dinâmica na condução, na coordenação política, de governo e parlamentar. É uma dinâmica diferente de quando a oposição tem peso específico e, com isso, dá ao governo melhor condição de conseguir a unidade dos seus, pelo risco que implica uma dispersão. O governo Sarney, já citado, é exemplo disso. E o governo e seu partido podem, com muito maior facilidade transferir responsabilidades: "A oposição obstrui e não deixa governar...", e por aí vai.
                  
4. Um equilíbrio parlamentar relativo quase sempre leva à estabilidade política. Um desequilíbrio parlamentar, o contrário. Não se vê 'expertise'  política na equipe do Planalto, incluindo aí o ministro de articulação política. Essa equipe -Dilma, Palocci, Carvalho e Sergio- tem dado mostras de incompreensão desse processo. Acham que falar duro e exigir ordem unida e fidelidade canina é fazer política num quadro desses. A receita, em geral, é bem diferente:  criar uma certa plasticidade para acomodações e até deixar fluir alguma força centrífuga, aliviando o peso da maioria.
                  
5. E pelo jeito não estão satisfeitos: querem ainda mais. Essa história da janela indiscreta para um novo partido transgênico em direção à base do governo é um exemplo. Só vai agravar a indigestão política.

A frase do dia

Clique para Ampliar"A democracia política e a democracia social constituem um todo indissolúvel, inseparável. Uma é condição da existência da outra"
Leonel Brizola


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Lula critica quem trata trabalhador como caso de polícia



Quando o Brasil trata mal sua força de trabalho sofre um retrocesso. Foi o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ao inaugurar ontem o Centro de Referência do Trabalhador Leonel Brizola, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), em Brasília. 

“Todas as vezes em que o trabalhador foi tratado como um caso de polícia e não como um ator fundamental do nosso cenário político, portador de direitos e autonomia, nosso país deu passos gigantes para trás”, criticou Lula.


O presidente também comentou a negociação dos salários no Brasil. 

“Eu, em todo meu tempo de sindicalismo, nunca consegui negociar aumento real de salário. A gente, quando ia fazer acordo, só pensava em não perder tudo aquilo que a inflação tava comendo. Hoje, faz exatamente oito anos, que 90% dos sindicatos conseguem fazer acordo com ganho real no aumento do salário”.
Ao improvisar no meio do discurso, Lula provocou gargalhadas: 

”chegamos em 2009 com um crescimento da massa salarial, que o Paulinho [da Força Sindical] nunca vai reclamar”, brincou. Em outro momento, ao reclamar dos mosquitos do lugar, Lula novamente ironizou: 

“tem uns mosquitos aqui, deve ser porque é fim de mandato”.

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Mudança de comando na Globo



Laerte Braga

Os estragos causados pelo episódio da bolinha de papel atirada contra o candidato José FHC Serra são de grande monta na REDE GLOBO. A reação indignada de alguns jornalistas, em São Paulo principalmente, a preocupação com o bombardeio e desafios de outras redes em torno do noticiário do JORNAL NACIONAL sobre o episódio, tudo isso e muitos fatos outros, estão levando a direção geral do grupo a avaliar se promovem Ali Kamel para cima e afastam o todo poderoso do departamento de jornalismo, ou se simplesmente entram num acordo e Kamel vai cantar noutra freguesia.
A bolinha de papel não se desmanchou na água e acabou sendo a gota que faz transbordar.
A decisão será tomada após as eleições. Carlos Augusto Montenegro, diretor presidente do IBOPE, aumentou as preocupações do comando do grupo ao levar a informação que a bolinha de papel terá custado alguns pontos preciosos a José FHC Serra nas intenções de votos e Dilma teria hoje algo em torno de 16% de vantagem sobre o tucano.
O temor da GLOBO não está no fato do JORNAL NACIONAL ter apresentado um parecer forjado em torno do incidente envolvendo José FHC Serra. A mentira é intrínseca ao grupo. Mas no risco de crescimento das redes concorrentes. A RECORDE a mais próxima nos números de audiência e no que isso pode representar a curto, médio ou longo prazo para o "esquema"
O império de Roberto Marinho, pela primeira vez, parece estar sentindo o golpe, se vendo nas cordas e apostando fichas numa improvável eleição de José FHC Serra, mesmo assim, a um preço alto demais.
Para alguns setores do comando do grupo a empresa não é como VEJA. Tem preocupações com o parecer ser e não pode entrar numa zona de turbulência sem perspectiva de uma saída tranqüila. Ou pelo menos tenta fazer crer que é diferenciada. Banditismo de estilo mais nobre. Sangue azul.
A sorte de Ali Kamel está ligada à eleição de José FHC Serra e a própria GLOBO sabe que, a essa altura do campeonato, essa chance é mínima. Nem coelho da cartola, nem uma legião de coelhos.
E há quem entenda que o diretor de jornalismo comprometeu a credibilidade da rede e é preciso recuperá-la o mais rápido possível. O nível a que a grande mídia, GLOBO à frente, levou a campanha, o mais baixo da história das campanhas presidenciais no Brasil, pode afetar para além do JORNAL NACIONAL, do departamento de jornalismo, todo grupo.
Um episódio mais ou menos semelhante aconteceu em 1982 quando Armando Nogueira deixou o departamento de jornalismo da rede por conta do escândalo da PROCONSULT. Àquela época o fato revestiu-se de tal gravidade que algo inimaginável aconteceu. Brizola foi aos estúdios da GLOBO numa tentativa da empresa de atenuar os prejuízos causados com outra tentativa, a de fraude na totalização dos votos para o governo do estado do Rio.
Foi o primeiro momento na história de impunidade da GLOBO que a turma se viu acuada.
Kamel não age sozinho e nem monta todo esse sórdido esquema de mentira à revelia dos donos do império. Faz o que faz com aprovação dos senhores do "negócio". A diferença é que os senhores do "negócio" se preservam nos castelos do baronato Marinho e têm, sempre, um bode expiatório à mão.
Sem falar nos interesses que acoplam a GLOBO a um todo que ultrapassa o setor de comunicações. Os braços são longos a toda a atividade econômica no País em se tratando de interesses escusos. Ou seja, há necessidade de prestar conta aos que pagam e ditam os caminhos do grupo. 
Nesta campanha eleitoral os interesses bilionários em jogo e a aposta de todas as fichas na campanha de José FHC Serra parecem ter deixado cegos os moradores do castelo e do PROJAC, uma espécie de centro de mentiras, boatos e cositas más.
A turbulência chegou ao auge no laudo falso do perito Ricardo Molina, prontamente desmentido pelas redes concorrentes e por um fenômeno que a GLOBO ainda não absorveu inteiramente. A blogsfera. Ou seja, o conjunto de blogs independentes de grandes e anônimos jornalistas ou não, a derrubar em cima de cada mentira, a versão global.
Hoje o número de internautas no País é significativo, a repercussão dos comentários em blogs, sites, portais, redes de comunicação acaba por criar uma força quase tão poderosa quanto a GLOBO.
Quase tão poderosa? É a avaliação de alguns especialistas pelo simples fato que, nesta eleição a candidata do PT vence por larga margem entre os eleitores de renda mais baixa (políticas sociais de Lula) e o prejuízo à GLOBO acontece nas chamadas classes médias, divididas entre os dois candidatos e ponderável parcela escapando do fascínio do plim plim.
O poder aquisitivo dos brasileiros aumentou nesses últimos oito anos, há um orgulho nacional com o papel do Brasil no mundo e o que esse novo perfil provoca no mundo  da comunicação não foi ainda tratado corretamente pela GLOBO, a mídia privada como um todo, não foi absorvido o que quer dizer que nessa nova realidade ainda tateiam apesar de todos os esforços para diminuir o impacto da transformação.
Foi visível na campanha de Obama, é visível na campanha de Dilma.
Tornou-se mais difícil mentir, enganar, características do grupo e da mídia privada.
O que não quer dizer que até domingo, 31 de outubro, dia da votação, todo o grupo não vá se empenhar na campanha de José FHC Serra e na onda de mentiras e boatos que possam prejudicar Dilma Roussef.
Nem tem como. Equivaleria a um pouso de barriga e os riscos de um incêndio são altos demais numa eventual mudança de posição (fora de propósito), ou correção de rota para uma área neutra.
A gênese da GLOBO é a mentira e o DNA preserva suas principais características até o último suspiro.
O que assusta os donos do "negócio" para além da derrota eleitoral? Um monte de fatores.
 Surge uma discussão no Brasil impensável há meses atrás, falo de proporções. Até que ponto é possível a uma empresa/famílias manter o monopólio das comunicações e associada a empresas outras (menores), mas fechando o cerco em torno de quem ainda lê jornal impresso, revistas e que tais?
O que é de fato liberdade de expressão? A mentira? O engajamento em interesses de grupos econômicos nacionais e estrangeiros (associados)?
Em tempo: Não propugnamos a troca de 6 por meia dúzia, que significaria a substituição do monopólio da Globo pelo monopólio da IURD-Edir Macedo-Record. Pelo contrário, defendemos a pluralidade dos meios de comunicação, ainda mais, em tempos de TV digital, o que exigirá regulamentação de artigos da Consituição Federal, quem sabe, de um novo marco regulatório da comunicação para dar conta das novas tecnologias [as que existem e as que ainda estão para serem desenvolvidas].