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O povo não quebra cristal


Não é necessário ser profeta para revelar antecipadamente o que será o ano eleitoral de 2010.
Ou existe alguém com tamanha ingenuidade para acreditar que a tucademopiganalhada farsante que nasceu e cresceu mamando nas tetas do estado brasileiro, vá, pacificamente, aguentar mais 4 anos longe do Planalto,  suportar mais 4 anos sem os cargos, as benesses, os fundos de pensão, o nepotismo, enfim, a mais deslavada corrupção sempre vista no Brasil, quando eles nos desgovernaram durante 8 anos FHC?

FHC, já declarou em 2006, que (sic) “ o Brasil corre de risco de virar uma Venezuela”. E neste ano "o Brasil corre o risco de virar uma China. Entenda-se por mais esta delicadeza, golpes abaixo da cintura: Dossiês falsos, PCC “em rebelião”, PIG convulsionando o país… Que a lei de Godwin me perdoe – mas assistiremos em versão tupiniquim, a Kristallnacht, A Noite dos Cristais que marcou em 1938 o início do nazismo na Alemanha.

E as vítimas serão todos os democratas, os meios de comunicação não cooptados . Tudo isso para a perpetuação no poder de um partido que traiu um discurso de ética e moralidade ao longo de mais de 25 anos e, gradativamente, impõe ao país um assustador viés desesperado. Não se surpreendam: Há todo um lobby nacional e internacional visando a volta dos tucademopiganalhas ao poder.

Na verdade, FHC, é o übermensch (SUPERHOMEM) dos especuladores que lucraramm como “nunca na história deste país”.

Sendo assim, quem, em perfeito juízo, pode supor que estes ególatras aceitaram passivamente, democraticamente, a faixa presidencial para, por exemplo, Dilma Rousseff , ou mesmo Ciro Gomes?

Pelo que já vimos de “inaugurações” de obras que sequer foram iniciadas, de desrespeito às leis eleitorais, do boicote às CPIs requeridas em SP e em MG,  “deslizes” da Alstom, temos o suficiente para imaginar o que será a “disputa” eleitoral em 2010.

E tem mais, o PSDB/DEM estão comprando com o nosso dinheiro, Políticos, Intelectuais, juizes, Militares,  e formando milícias com o Milenium, Estadão, Folha, Globo, ONGS, Traficantes e outros, que recebem milhões e milhões de reais, para apoiar o candidato da corja.

Não podemos nem pensar em colocar como Presidente do Brasil, um homem covarde, que passou a vida derrubando adversários, derrubando jornalistas, pessoas inocentes, "passando por cima da mãe" por causa da ideia fixa que nasceu para ser presidente do Brasil. Só uma pessoa que sofre de amnésia, internada num manicômio, seria capaz de votar num tucademopiganalha para presidente de um País outra vez.
Confiram.

Vi o Mundo - A reprise de 2006. Agora, como farsa


Em 2005 e 2006 eu era repórter especial da TV Globo. Tinha salário de executivo de multinacional. Trabalhei na cobertura da crise política envolvendo o governo Lula.
Fui a Goiânia, onde investiguei com uma equipe da emissora o caixa dois do PT no pleito local. Obtivemos as provas necessárias e as reportagens foram ao ar no Jornal Nacional. O assunto morreu mais tarde, quando atingiu o Congresso e descobriu-se que as mesmas fontes financiadoras do PT goiano também tinham irrigado os cofres de outros partidos. Ou seja, a “crise” tornou-se inconveniente.
Mais tarde, já em 2006, houve um pequena revolta de profissionais da Globo paulista contra a cobertura política que atacava o PT mas poupava o PSDB. Alguns dos colegas sairam da emissora, outros ficaram. Como resultado de um encontro interno ficou decidido que deixaríamos de fazer uma cobertura seletiva das capas das revistas semanais.
Funciona assim: a Globo escolhe algumas capas para repercutir, mas esconde outras. Curiosamente e coincidentemente, as capas repercutidas trazem ataques ao governo e ao PT. As capas “esquecidas” podem causar embaraço ao PSDB ou ao DEM. Aquela capa da Caros Amigos sobre o filho que Fernando Henrique Cardoso exilou na Europa, por exemplo, jamais atenderia aos critérios de Ali Kamel, que exerce sobre os profissionais da emissora a mesma vigilância que o cardeal Ratzinger dedicava aos “insubordinados”.  
Aquela capa da Caros Amigos, como vimos estava factualmente correta. O filho de FHC só foi “assumido” quando ele estava longe do poder.  Já a capa da Veja sobre os dólares de Fidel Castro para a campanha de Lula mereceu cobertura no Jornal Nacional de sábado, ainda que a denúncia nunca tenha sido comprovada.
Como eu dizia, aos sábados, o Jornal Nacional repercute acriticamente as capas da Veja que trazem denúncias contra o governo Lula e aliados. É o que se chama no meio de “dar pernas” a um assunto, garantir que ele continue repercutindo nos dias seguintes.
Pois bem, no episódio que já narrei aqui no blog eu fui encarregado de fazer uma reportagem sobre as ambulâncias superfaturadas compradas pelo governo quando José Serra era ministro da Saúde no governo FHC. Havia, em todo o texto, um número embaraçoso para Serra, que concorria ao governo paulista: a maioria das ambulâncias superfaturadas foi comprada quando ele era ministro.
Ainda assim, os chefes da Globo paulista garantiram que a reportagem iria ao ar. Sábado, nada. Segunda, nada. Aparentemente, alguém no Rio decidiu engavetar o assunto. E é essa a base do que tenho denunciado continuamente neste blog: alguns escândalos valem mais que outros, algumas denúncias valem mais que outras, os recursos humanos e técnicos da emissora — vastos, aliás — acabam mobilizados em defesa de certos interesses e para atacar outros.
Nesta campanha eleitoral já tem sido assim: a seletividade nas capas repercutidas foi retomada recentemente, quando a revista Veja fez denúncias contra o tesoureiro do PT. Um colega, ex-Globo, me encontrou e disse: “A fórmula é a mesma. Parece reprise”.
Ou seja, podemos esperar mais do mesmo:
– Sob o argumento de que a emissora está concedendo “tempo igual aos candidatos”, se esconde uma armadilha, no conteúdo do que é dito ou no assunto que é escolhido. Frequentemente, em 2006, era assim: repercutindo um assunto determinado pela chefia, a Globo ouvia três candidatos atacando o governo (Geraldo Alckmin, Heloisa Helena e Cristovam Buarque) e Lula ou um assessor defendendo. Ou seja, era um minuto e meio de ataques e 50 segundos de contraditório.
– O Bom Dia Brasil é reservado a tentar definir a agenda do dia, com ampla liberdade aos comentaristas para trazer à tona assuntos que em tese favoreçam um candidato em detrimento de outro.
– O Jornal da Globo se volta para alimentar a tropa, recorrendo a um grupo de “especialistas” cuja origem torna os comentários previsíveis.
– Mensagens políticas invadem os programas de entretenimento, como quando Alexandre Garcia foi para o sofá de Ana Maria Braga ou convidados aos quais a emissora paga favores acabam “entrevistados” no programa do Jô.
A diferença é que, graças a ex-profissionais da Globo como Rodrigo Vianna, Marco Aurélio Mello e outros, hoje milhares de telespectadores e internautas se tornaram fiscais dos métodos que Ali Kamel implantou no jornalismo da emissora. Ele acha que consegue enganar alguém ao distorcer, deturpar e omitir.
É mais do mesmo, com um gostinho de repeteco no ar. A história se repete, agora com gostinho de farsa.
Querem tirar a prova? Busquem no site do Jornal Nacional daquele período quantas capas da Veja ou da Época foram repercutidas no sábado. Copiem as capas das revistas que foram repercutidas. Confiram o conteúdo das capas e das denúncias. Depois, me digam o que vocês encontraram.

Trechos do discurso de despedida da Dilma Rousseff do governo


“Eu terei que fazer um imenso esforço para falar de improviso, mas sei que não vou ser igual ao Lula. Vou seguir um roteiro. Pode ser que eu o esqueça e me emocione, mas vou tentar”
“O governo do senhor [Lula] é importante porque significou o ápice, a vitória daqueles que lutaram muito e conseguiram vencer. Nós vencemos a miséria, a pobreza, a subvenção, a estagnação, o pessimismo e o conformismo”
“Nós somos companheiros de uma jornada, de uma missão. Uma missão especial, uma alegre melancolia, ou uma alegria triste. Nós saímos de um governo, que nós consideramos que mais fez pelo povo deste país, e nós o abandonamos hoje. Sentimos uma estranha alegria triste, mas a alma está cheia de otimismo e fé”
“Mas não somos aqueles que estão dizendo ‘adeus’, somos aqueles que estão dizendo ‘até breve’. Sob a sua inspiração de quem fez tanto, estamos prontos para fazer mais e melhor. Talvez o mais longo momento de vitória que lutaram e experimentaram ao longo de suas vidas. Sim, com o senhor nós vencemos. E estamos vencendo a cada dia. Vencemos parte da miséria desse país. Vencemos a estagnação, o pessimismo. Vencemos o conformismo e vencemos a indignidade.
“Nos orgulhamos de ter participado do seu governo. Não importa perguntar porque alguns não têm orgulho dos governos de que participaram. Eles devem ter seus motivos. Mas nós temos patrimônio, fizemos parte da era Lula. Vamos carregar essa história e levá-la para os nossos netos”
“Nós mudamos o Brasil. Quando olhamos o Brasil em 2002, vemos o caminho que foi percorrido. Os viúvos da estagnação teimam em ignorar as mudanças. Elas têm medo. Não sabem o que oferecer ao povo, que hoje é orgulhoso, tem certeza que sua vida mudou e não aceita mais migalhas, parcelas e projetos inacabados”
“Eu tive o privilégio de conviver com o senhor [Lula], de ser honrada pela sua confiança. Eu e os outros ministros saímos melhores e maiores do que entramos. Nós participamos da mudança do Brasil, mas nós também mudamos. [...] Isso, em qualquer experiência de vida, é inestimável. Nós saímos felizes e revigorados. Pessoas melhores são pessoas necessariamente felizes.”
Só mesmo os babacas do pig prá tentar enfiar na cabeça das pessoas que a Muié é um "poste". 
Oh, falta de criatividade da tucademopiganalhada.

As penas tucanas do Comando Marrom


Resolvi recuperar a expressão “Comando Marrom”, criada por meu avô,   para  me referir a esta facção que atua organizadamente para evitar que o Brasil aprofunde as transformações políticas e econômicas que se tornaram visíveis no segundo mandato de Lula.
Enquanto o presidente era “paz e amor” e não mexia com interesses poderosos, ele era “uma simpatia”. Quando resolveu, ainda que pela via da inclusão do “povão” na vida brasileira, afrontar o modelo neocolonial, aí passou a ser um troglodita, um desclassificado, um protoditador.
O  Comando Marrom está homiziado em seus belos escritórios, com os recursos acumulados no tráfico de influência, mas não pode sair à luz do dia. No máximo, vão a seminários caros, contratando alguns exibicionistas para serem arroz de festa, para discutir os “Objetivos do Millenium” que, hoje, se resumem à desesperada tentativa de ganhar as eleições.
Mas aqueles jornalistas que trocaram o campo raso das redações pela condição de “estrelas” do news-business, salvo raras e honrosas exceções,  partiram com força total para usar seu “grande prestígio” popular para virar o jogo que parece perdido para a direita.
Sábado, o colunista Merval Pereira – o mais rebuscado deles, um lorde a cofiar seus  bigodes – acusou o presidente Lula de estar pressionando o Judiciário, ao falar em público das multas que recebeu por dizer que Dilma é sua candidata. Ele só pode dizer isso em voz baixa, nas entrevistas, para que o povão fique sabendo logo, mas apenas na velocidade em que os donos da mídia o desejarem. O senhor Merval pôde insinuar nos jornais e na televisão que o presidente era praticamente um homicida, pela responsabilidade que teria no acidente da TAM e pode dizer o que quiser nas câmaras e microfones de uma concessão pública. Acha, porém, que a um presidente, cabe o silêncio.
Veio junto a indefectível Miriam Leitão, que já não tem o verniz aristocrático de seu colega e prefere banhar-se com uma auto-importância diariamente  se concede. Diz que “o presidente Lula não gosta de nós. Que boa notícia.” E discorre sobre como a imprensa é livre, imparcial, independente e ali, na sua pureza de princípios, está  fazendo o papel de “fiscal do povo”.
Gostaria de informar à ilustre jornalista que tal independência foi negada por sua chefe, a  presidente da Associação Nacional dos Jornais, Maria Judith Brito, que disse, literalmente, na semana passada, em O Globo que os  “(…) meios de comunicação estão fazendo, de fato, a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo.”
Portanto, é natural que o presidente que sofre essa oposição trasladada dos partidos para a mídia trate-a como o que ela própria declara ser: oposição. O que nada tem a ver com tratar mal os jornalistas que, ao contrário de Merval e Leitão,  esticam pacientemente seus microfones e fazem perguntas para obter respostas.
É do jogo político criticar e ser criticado. E também do jogo da comunicação, como eu próprio experimento aqui neste blog.
Mas não são reações autônomas, espontâneas. É uma ofensiva coordenada, à qual se integrou até o simpático Ricardo Noblat. Hoje, em sua coluna, ele perde as estribeiras: “Lula é um governante populista e autoritário. Esse tipo de gente prefere uma imprensa servil.”
Parece o Tasso Jereissati falando, cruzes.
Em matéria de perseguição à imprensa, que tal falar um pouco de outro político que, em lugar da polêmica pública, costuma levantar o telefone e “pedir cabeças” de jornalistas que incomodam? Ou de plantar notas, boatos e e outros expedientes sórdidos contra adversários e até correligionários?

Feitos uma para o outro - imagem e texto


Uma das mais notáveis mentiras é a suposição de que essas pessoas funcionem como repórteres, e que, de fato, eles reportem em nosso benefício… As instituições da mídia são corruptas. Muitos trabalhadores da mídia, especialmente os que vivem em Washington, trabalham desavergonhadamente para as nossas elites …  Eles desempenham o papel de cortesãos a papaguear propaganda (da elite). Cortesãos não desafiam a elite ou questionam a estrutura do poder empresarial … A elite concede que os cortesãos entrem no seu circulo mais íntimo … Nenhuma classe de cortesão … jamais se transformou numa classe responsável ou socialmente produtiva. Os cortesãos são os hedonistas do poder.”
De Chris Hedge, no livro “Empire of Illusion – The end of literacy and the triumph of spectacle”, editora Alfred Knopf, Canadá, 2009, pág. 175.

Oposição envia dossiês às redações


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Gilberto Carvalho
"O chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, disse que todas as denúncias envolvendo o deputado cassado José Dirceu e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, são 'requentadas' e que o partido enfrentará esse tipo de situação durante toda a campanha. Ao chegar ao aniversário de Dirceu, ontem à noite, Carvalho disse que é 'uma vergonha' a divulgação das acusações contra Vaccari e que se Lula não estivesse em Israel, iria à festa".

Assim a Folha de S.Paulo resume hoje as declarações do chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, sobre a atual ofensiva da imprensa, articulada com a campanha pró-José Serra e contra o PT. "Precisamos ter sangue frio e nervos de aço porque vai aparecer de tudo, vai haver um brutal 'requentamento' de 2005 agora. Nossos adversários acham que com isso vão fazer o povo mudar de opinião", registra a Folha.

A verdade nua e crua é que a campanha da oposição se organizou e - numa ação articulada e sincronizada - tem enviado dossiês à midia, às redações. Isso mesmo, os tão condenados dossiês da campanha passada! O primeiro objetivo é reativar a questão do chamado mensalão e ampliar a campanha com falsas acusações, tipo Funaro.

Vale tudo, até depoimentos de cinco anos atrás 

Para isso resgatam depoimentos velhos como esses do corretor de câmbio - atividade também conhecida como "doleiro" - Lúcio Bolonha Funaro prestados ao Ministério Público em 2005 em troca do benefício da delação premiada e os transformam agora em assunto de capa de revista e das primeiras páginas dos jornais.

Temos detectado a busca em cartórios, nos tribunais e nos arquivos da imprensa de depoimentos e fatos para serem distorcidos, como no caso do doleiro Funaro ou em operações mais complexas - e nem por isso menos grosseiras - como os episódios BANCOOP e Eletronet-Telebras.

Nisso não há nenhuma preocupação com a verdade ou com os fatos e as provas. O que interessa é o escândalo e a acusação. O principal é tirar de foco as denúncias contra o DEM-Brasília que, queiram ou não, virou um escândalo nacional no qual o PSDB está envolvido até a medula (tinha secretários de Estado tucanos no governo José Roberto Arruda).

Serra - Fumaça e espelhos


Existe, especialmente em alguns círculos da classe média brasileira, a crença de que os dois mandatos do presidente Lula foram um “acidente de percurso”. Não, não expressaram o desejo de mudança, nem de inclusão social de milhões de brasileiros.
Lula, por certo, teria sido um sinal de “amadurecimento” da democracia brasileira. Mas bastava que fosse isso: um símbolo. Em breve o operário analfabeto e incapaz seria desmascarado pelos fatos, o que resultaria na restauração ao poder dos sábios frequentadores do entorno de Fernando Henrique Cardoso. Não foi bem isso o que se deu, mas a lenda urbana segundo a qual Lula foi “presidente por acaso” e nada acrescentou ao cargo ou ao Brasil persiste, mais forte que nunca.
Essa teoria ganhou novos contornos, mas em minha opinião expressa o profundo preconceito de classe que subsiste na sociedade brasileira. É uma rejeição quase epidérmica de uma certa elite a qualquer coisa que cheire a “popular”.
Como explicar o sucesso de Lula? Quando as explicações anteriores deixaram de ser plausíveis, ele  passou a ser considerado “sortudo”, como se as circunstâncias econômicas internacionais tivessem conspirado em favor de seu governo.
Eu entendo perfeitamente o dilema do governador José Serra. Como candidato da oposição, ele precisa convencer o eleitorado de que chegou a hora de mudar. Mas não muito, para não espantar os 80% que aprovam o governo Lula. Isso vai obrigá-lo ao contorcionismo verbal que se viu no recente artigo de Serra em defesa da democracia publicado no Estadão, que está aqui.
Ora, defender a democracia é louvável, especialmente quando alguém ameaça a democracia. Não me consta, no entanto, que a ministra Dilma Rousseff represente uma ameaça à democracia. A não ser que alguém pretenda pintá-la assim, durante a campanha eleitoral.
Mais que isso, no entanto, o artigo de Serra é revelador de que ele endossa plenamente a teoria tão cara a alguns setores da classe média de que Lula é um erro que dura oito anos e que só não foi pior por ter mantido a orientação econômica do governo FHC.
O governador não escreve isso. Mas ele enxerga no advento do Plano Real uma espécie de refundação do Brasil e trata de desconhecer as profundas mudanças que Lula representou, inclusive e especialmente em relação ao governo anterior, nas políticas sociais, na economia, na recuperação do estado brasileiro, na política externa.
A certa altura, Serra escreve:
“O crescimento, o desenvolvimento e o bem-estar não são manifestações divinas. Não estão garantidos por alguma ordem superior, a que estamos necessariamente destinados. Existem em função das escolhas que fazemos.
Eu  não sei de alguém que acredite que crescimento, desenvolvimento e bem-estar sejam manifestações divinas. Sim, concordo que eles existem “em função das escolhas que fazemos”.
Não seria razoável especular, portanto, que o crescimento, o desenvolvimento e o bem-estar de anos recentes no Brasil pode ter relação com a decisão dos eleitores, que elegeram e reelegeram Lula?
Fazer isso seria intelectualmente honesto, mas não estamos falando de honestidade intelectual: o governador Serra escreveu um artigo para se apresentar como guardião da democracia, sem nomear quem são os inimigos dela. Estimula a criação de fantasmas, para depois se apresentar como o espantalho deles (juro que a imagem me veio sem querer).
Como notei em outro artigo, Serra pretende pairar sobre os acontecimentos: o trabalho sujo será terceirizado. A ele caberá “parecer estadista”, “razoável”, um homem de bom senso em meio ao tiroteio partidarizado.
Lá pelas tantas, escreve Serra:
“Assim, repudiemos a simples sugestão de que menos democracia pode, em certo sentido, implicar mais justiça social. Trata-se apenas de uma fantasia de espíritos totalitários.”
Quem é que sugere fazer justiça social com menos democracia? Será que o governador José Serra poderia ser mais explícito?
Mas o artigo não esclarece e me parece que o propósito nunca foi o de esclarecer. Falar em “fantasia de espíritos totalitários” soa bem. E casa perfeitamente com o espírito dessa classe média eleitoralmente minoritária que se acredita sob ataque de espíritos malignos.
Em outras palavras, Serra endossou a campanha da fumaça e dos espelhos. É confundir para confundir.

Operação “Tempestade no Cerrado”: o que fazer?


por Mauro Carrara


(O PT é um partido sem mídia... O PSDB é uma mídia com partido).


“Tempestade no Cerrado”: é o apelido que ganhou nas redações a operação de bombardeio midiático sobre o governo Lula, deflagrada nesta primeira quinzena de Março, após o convescote promovido pelo Instituto Millenium.
A expressão é inspirada na operação “Tempestade no Deserto”, realizada em fevereiro de 1991, durante a Guerra do Golfo.
Liderada pelo general norte-americano Norman Schwarzkopf, a ação militar destruiu parcela significativa das forças iraquianas. Estima-se que 70 mil pessoas morreram em decorrência da ofensiva.
A ordem nas redações da Editora Abril, de O Globo, do Estadão e da Folha de S. Paulo é disparar sem piedade, dia e noite, sem pausas, contra o presidente, contra Dilma Roussef e contra o Partido dos Trabalhadores.
A meta é produzir uma onda de fogo tão intensa que seja impossível ao governo responder pontualmente às denúncias e provocações.
As conversas tensas nos "aquários" do editores terminam com o repasse verbal da cartilha de ataque.


1)    Manter permanentemente uma denúncia (qualquer que seja) contra o governo Lula nos portais informativos na Internet.


2)     Produzir manchetes impactantes nas versões impressas. Utilizar fotos que ridicularizem o presidente e sua candidata.


3)     Ressuscitar o caso “Mensalão”, de 2005, e explorá-lo ao máximo. Associar Lula a supostas arbitrariedades cometidas em Cuba, na Venezuela e no Irã.


4)     Elevar o tom de voz nos editoriais.


5)     Provocar o governo, de forma que qualquer reação possa ser qualificada como tentativa de “censura”.


6)     Selecionar dados supostamente negativos na Economia e isolá-los do contexto.


7)     Trabalhar os ataques de maneira coordenada com a militância paga dos partidos de direita e com a banda alugada das promotorias.


8)     Utilizar ao máximo o poder de fogo dos articulistas.
 
Quem está por trás

Parte da estratégia tucano-midiática foi traçada por Drew Westen, norte-americano que se diz neurocientista e costuma prestar serviços de cunho eleitoral.
 

É autor do livro The Political Brain, que andou pela escrivaninha de José Serra no primeiro semestre do ano passado.
A tropicalização do projeto golpista vem sendo desenvolvida pelo “cientista político” Alberto Carlos Almeida, contratado a peso de ouro para formular diariamente a tática de combate ao governo.
Almeida escreveu Por que Lula? e A cabeça do brasileiro, livros que o governador de São Paulo afirma ter lido em suas madrugadas insones.
 
O conteúdo


As manchetes dos últimos dias, revelam a carga dos explosivos lançados sobre o território da esquerda.
Acusam Lula, por exemplo, de inaugurar uma obra inacabada e “vetada” pelo TCU.
Produzem alarde sobre a retração do PIB brasileiro em 2009.
Criam deturpações numéricas.
A Folha de S. Paulo, por exemplo, num espetacular malabarismo de ideias, tenta passar a impressão de que o projeto “Minha Casa, Minha Vida” está fadado ao fracasso.
Durante horas, seu portal na Internet afirmou que somente 0,6% das moradias previstas na meta tinham sido concluídas.
O jornal embaralha as informações para forjar a ideia de que havia alguma data definida para a entrega dos imóveis.
Na verdade, estipulou-se um número de moradias a serem financiadas, mas não um prazo para conclusão das obras. Vale lembrar que o governo é apenas parceiro num sistema tocado pela iniciativa privada.
A mesma Folha utilizou seu portal para afirmar que o preço dos alimentos tinha dobrado em um ano, ou seja, calculou uma inflação de 100% em 12 meses.
A leitura da matéria, porém, mostra algo totalmente diferente. Dobrou foi a taxa de inflação nos dois períodos pinçados pelo repórter, de 1,02% para 2,10%.
Além dos deturpadores de números, a Folha recorre aos colunistas do apocalipse e aos ratos da pena.
É o caso do repórter Kennedy Alencar. Esse, por incrível que pareça, chegou a fazer parte da assessoria de imprensa de Lula, nos anos 90.
Hoje, se utiliza da relação com petistas ingênuos e ex-petistas para obter informações privilegiadas. Obviamente, o material  é sempre moldado e amplificado de forma a constituir uma nova denúncia.
É o caso da “bomba” requentada neste março. Segundo Alencar, Lula vai “admitir” (em tom de confissão, logicamente) que foi avisado por Roberto Jefferson da existência do Mensalão.
 
Crimes anônimos na Internet
 

Todo o trabalho midiático diário é ecoado pelos hoaxes distribuídos no território virtual pelos exércitos contratados pelos dois partidos conservadores.


Três deles merecem destaque...



  • O “Bolsa Bandido”. Refere-se a uma lei aprovada na Constituição de 1988 e regulamentada pela última vez durante o governo de FHC. Esses fatos são, evidentemente, omitidos. O auxílio aos familiares de apenados é atribuído a Lula. Para completar, distorce-se a regra para a concessão do benefício.
  • Dilma “terrorista”. Segundo esse hoax, além de assaltar bancos, a candidata do PT teria prazer em torturar e matar pacatos pais de família. A versão mais recente do texto agrega a seguinte informação: “Dilma agia como garota de programa nos acampamentos dos terroristas”.
  • O filho encrenqueiro. De acordo com a narração, um dos filhos de Lula teria xingado e agredido indefesas famílias de classe média numa apresentação do Cirque du Soleil.



O que fazer


Sabe-se da incapacidade dos comunicadores oficiais. Como vivem cercados de outros governistas, jamais sentem a ameaça. Pensam com o umbigo.
Raramente respondem à injúria, à difamação e à calúnia. Quando o fazem, são lentos, pouco enfáticos e frequentemente confusos.
Por conta dessa realidade, faz-se necessário que cada mente honesta e articulada ofereça sua contribuição à defesa da democracia e da verdade.
São cinco as tarefas imediatas...

  1. Cada cidadão deve estabelecer uma rede com um mínimo de 50 contatos e, por meio deles, distribuir as versões limpas dos fatos. Nesse grupo, não adianda incluir outros engajados. É preciso que essas mensagens sejam enviadas à Tia Gertrudes, ao dentista, ao dono da padaria, à cabeleireira, ao amigo peladeiro de fim de semana. Não o entupa de informação. Envie apenas o básico, de vez em quando, contextualizando os fatos.
  2. Escreva diariamente nos espaços midiáticos públicos. É o caso das áreas de comentários da Folha, do Estadão, de O Globo e de Veja. Faça isso diariamente. Não precisa escrever muito. Seja claro, destaque o essencial da calúnia e da distorção. Proceda da mesma maneira nas comunidades virtuais, como Facebook e Orkut. Mas não adianta postar somente nas comunidades de política. Faça isso, sem alarde e fanatismo, nas comunidades de artes, comportamento, futebol, etc. Tome cuidado para não desagradar os outros participantes com seu proselitismo. Seja elegante e sutil.
  3. Converse com as pessoas sobre a deturpação midiática. No ponto de ônibus, na padaria, na banca de jornal. Parta sempre de uma concordância com o interlocutor, validando suas queixas e motivos, para em seguida apresentar a outra versão dos fatos.
  4. Em caso de matérias com graves deturpações, escreva diretamente para a redação do veículo, especialmente para o ombudsman e ouvidores. Repasse aos amigos sua bronca.
  5. Se você escreve, um pouquinho que seja, crie um blog. É mais fácil do que você pensa. Cole lá as informações limpas colhidas em bons sites, como aqueles de Azenha, PHA,Grupo Beatrice, entre outros. Mesmo que pouca gente o leia, vai fazer volume nas indicações dos motores de busca, como o Google. Monte agora o seu.

A guerra começou. Não seja um desertor.

As calúnias e o desespero de (in)Veja


A revista Veja volta à carga em sua campanha anti-PT e, agora, usa declarações de um cidadão que não conheço e com o qual não tenho nenhuma relação para tentar me ligar a fatos, os quais, além de não serem verdadeiros, não encontram respaldo na Ação Penal 470 (chamada de “mensalão”) que corre no Supremo Tribunal Federal. Não há registro de minha participação em nenhuma peça de investigação, inquérito ou processo.

A afirmação atribuída ao Sr. Lúcio Bolonha Funaro de que João Vaccari era ou seria um “homem do Zé Dirceu” não resiste aos fatos, às próprias investigações e ao inquérito. Como não há nenhuma verdade na reportagem, só posso concluir que a revista apenas dá continuidade à estratégia de me usar para atingir o Partido dos Trabalhadores. O Sr. Funaro é apresentado pela revista como corretor de câmbio.

As acusações se baseiam exclusivamente em depoimento cujo conteúdo não é verdadeiro. Usa informações de um depoimento oferecido em troca de delação premiada, que teria sido prestado em 2005 pelo Sr. Funaro. O Ministério Público Federal, a quem foi prestado o depoimento, não considerou as acusações minimamente consistentes. Passados cinco anos, João Vaccari não foi sequer chamado para prestar esclarecimentos ao MPF. Nem mesmo foi informado da existência do teor de tal depoimento. Vale lembrar que o instrumento da delação premiada tem sido questionado pelos estudiosos do Direito quanto a sua eficácia para a apuração correta dos fatos.

A matéria desta semana é mais uma tentativa da Veja de me desqualificar e ao PT. Não vamos esquecer as matérias sobre as FARCs e sobre recursos para a campanha de 2006 que, segundo a revista, teriam vindo de Cuba, acusações totalmente desmentidas pelos fatos e pelo tempo. Não passa de mais uma tentativa da revista de tentar mudar o rumo das eleições deste ano, com falsas denúncias e escândalos fabricados em sua redação, os quais, felizmente, não têm mais nenhuma credibilidade na sociedade. Não passam de calúnias típicas de uma revista desesperada -- assim como toda a mídia -- por não ter mais o poder de fazer e eleger presidentes como no passado.

Íntegra do despacho do juiz Carlos Eduardo Lora Franco sobre o caso Bancoop


Inicialmente não se pode desconsiderar a repercussão política que a presente investigação passou a ter a partir do momento em que o teor do requerimento do Ministério Público de fls. 5649 e ss. veio a ser divulgado pela imprensa no último final de semana, antes mesmo que fosse apresentado em juízo. E isso porque, faltando cerca de apenas sete meses para as eleições presidenciais, uma das pessoas de quem foi requerida a quebra de sigilo (João Vaccari Neto) estaria sendo indicado como possível integrante da equipe de campanha da virtual candidata do partido atualmente ocupante da Presidência da República.
Tal contexto, porém, apenas reforça ainda mais a necessidade de cautela e rigor no exame dos requerimentos formulados, justamente para que tal atmosfera política não venha a contaminar a presente investigação ou, noutro sentido, que esta não venha a ser utilizada por terceiros para manipulação da opinião pública por propósitos políticos.
O Ministério Público e o Poder Judiciário são, antes que tudo, instituições de Estado, e não de governo. Assim, é imprescindível que sua atuação fique acima de circunstâncias ou convicções políticas.
E não basta que cada integrante destas instituições exclua internamente suas convicções políticas de influência em suas atuações. É imprescindível também que fique absolutamente claro, para toda a sociedade, que suas atuações são isentas de outros interesses que não os decorrentes de suas próprias atribuições institucionais.
Em analogia ao dito popular, não basta ser honesto; é preciso parecer honesto. Ou, no caso dos autos, não basta ser isento, é preciso parecer isento.
Portanto, a partir do momento em que este inquérito passou a ter tamanha repercussão política, é preciso que cada decisão ou providência tomada esteja ainda mais firmemente embasada em elementos de prova e de direitos sólidos e claros.
A manifestação apresentada pelo Ministério Público descreve uma série de fatos e circunstâncias, narrando como seria o suposto esquema de desvio de valores da Bancoop, inclusive para fins de financiamento ilícito de campanhas políticas.
Porém, não há em tal manifestação a indicação clara e precisa dos elementos de prova dos autos que sustentam tal narrativa, bem como os pedidos formulados.
E, sendo este um feito bastante complexo, já com 26 volumes (mais de 5.600 páginas), além de 59 anexos, como citado pelo próprio Ministério Público, é imprescindível que indique de forma discriminada e detalhada os elementos que sustentem cada uma de suas afirmações.
A manifestação cita, por exemplo, que “aproximadamente 40% da movimentação das contas correntes de titularidade da Bancoop tiveram recursos sacados em dinheiro na própria agência bancária” (fls. 5652), mas como base para tal alegação indica apenas um cheque, no valor de R$ 50.000,00, sem sequer citar em que volume ou apenso, e folha, consta tal informação. Cita, ainda, que numa avaliação, entre 2001 e 2008, teria constatado que os valores assim circulados chegariam a R$ 18.000.000,00, mas novamente não há indicação precisa da fonte de tais informações.
Tem-se, portanto, como imprescindível que os autos tornem ao Ministério Público para que indique com precisão quais os fundamentos de cada uma de suas afirmações que invoca como razões para os pedidos formulados.
E isso para que, como dito, fique bem claro para toda a sociedade que os pedidos e as decisões estão fundados apenas em elementos e razões contidas nos autos, e são efetivamente necessários e oportunos, neste momento.
E não é demais dizer que tal providência naturalmente incumbe ao órgão requerente. Os fatos, com respectivos fundamentos, devem ser apresentados pela parte ao Magistrado, para que então possa decidir.
Se assim não for, atribuindo-se ao Juiz a obrigação de investigar as provas para buscar os elementos que sustentem a acusação, óbvio que perderá seu olhar imparcial.
É verdade que a fls. 5648 v., item 3, o Ministério Público alegou que apresentaria planilhas sobre a movimentação bancária oportunamente.
Porém, tais planilhas, além de outras informações, são imprescindíveis para o próprio conhecimento da maior parte dos pedidos apresentados. E das providências pedidas (excluída apenas a que é manifestamente descabida e fica já rejeitada como abaixo indicado), tais como a oitiva de pessoas e solicitação de informações bancárias, nenhuma delas corre risco de perecimento, não sendo urgentes a ponto de ensejar a necessidade de apreciação antes dos esclarecimentos determinados.
Por outro lado, e sem prejuízo dos esclarecimentos a serem prestados pelo Ministério Público, observo que há alguns pedidos que já podem de plano ser apreciados, e deferidos ou não.
Quanto ao item 1 de fls. 5659 (expedição de ofício ao Banco Bradesco para que forneça toda a movimentação do fundo FDIC – Bancoop), observo que a vinda de tais informações desta natureza já havia sido determinada a fls. 5507, mas requisitada à empresa Planner Corretora de Valores S/A, que respondeu a fls. 5518/5521 informando que quem poderia prestá-las seria o Banco Bradesco, por ser o atual banco custodiante. Assim, o ofício ora pretendido nada mais é do que o que já havia sido antes deferido.
Já, quanto ao item 6 (bloqueio imediato de todas as contas bancárias, fundos e aplicações da Bancoop), observo que é manifesto seu descabimento e despropósito nestes autos, sendo de rigor o pronto indeferimento.
Ora, é informação disponível na internet, e que foi também trazida a estes autos pela própria Bancoop após o requerimento ministerial, de que foi proposta pelo próprio Ministério Público uma ação civil pública (autos n° 583.00.2007.245877-1, da 37ª Vara Cível do Fórum Central – fls. 5701/5720) contra a cooperativa e que nesta houve um acordo homologado judicialmente em março de 2009 estabelecendo uma série de providências a serem adotadas para garantia dos cooperados, inclusive pela realização de auditorias. Evidente, portanto, que a administração da cooperativa, se foi temerária em algum momento, ao menos agora está sendo acompanhada pelo Ministério Público, e que foram tomadas medidas saneadoras (ao menos é o que se deve presumir pelo próprio fato de o Ministério Público ter firmado um acordo nesse sentido).
Nesse panorama, o pedido feito pelo Ministério Público nestes autos (bloqueio de todos os valores da Bancoop) implicaria, basicamente, na imediata interrupção de todas as suas atividades, com prejuízo evidente não só para todos os seus cooperados, como, por exemplo, impedimento até do pagamento dos salários dos funcionários da cooperativa. E tudo isso baseado apenas num retrato do passado, que é o que se tem nestes autos, e não do presente, que é o que deve estar sendo acompanhado pela Promotoria de Justiça do Consumidor, na citada ação civil pública.
Por outro lado, se a situação atual recomendar tal medida, o que só poderá ser perfeitamente conhecido no âmbito daqueles autos e da Promotoria do Consumidor, é naquela esfera que tal providência deve ser requerida.
Evidente, portanto, que não tem como ser acolhido.
Ante o exposto, assim decido:
1- Defiro o item 1 de fls. 5648 (desentranhamento de alguns documentos para juntadas em apensos, para melhor organização);
2- Defiro a expedição do ofício requerido no item 1 de fls. 5659 (obtenção de informações da movimentação financeira do fundo FDIC-Bancoop);
3- Indefiro de plano o requerido no item 6 de fls. 5661 (bloqueio de todas as contas da Bancoop);
4- Determino que tornem os autos ao Ministério Público para que complemente seu requerimento, indicando de forma clara e detalhada quais os fundamentos dos autos para suas alegações, e especialmente:
a- Apresente um quadro com planilhas indicando em resumo quais os valores recebidos pela Bancoop em cada um dos meses (sua entrada) e quais os cheques que teriam sido emitidos e descontados diretamente no caixa, sem indicação do destinatário, informando seu valor, data de desconto, e folha, volume e apenso dos autos no qual consta a informação, demonstrando que superam R$ 18.000.000,00 e 40% da movimentação da cooperativa, como alegado;
b- Apresente quadro, nos mesmos termos, referente à movimentação entre a Bancoop e a Germany, indicando também a origem nos autos da informação de que as empresas Germany e Mizu/Mirante eram fornecedoras exclusivas da Bancoop, demonstrando especialmente o grau vinculação da Mizu com a Bancoop, que levou à alegação de que o esquema de desvio se destinava ao financiamento político, demonstrando assim a alegação de “confusão negocial” entre as empresas (3° par. de fls. 5653);
c- Apresente um resumo, indicando as folhas dos autos que contenham tais informações, sobre quais os integrantes da Diretoria da Bancoop em todo o período investigado, bem como quais deles já tiveram seu sigilo quebrado, ou assim requerido, nestes autos, e demonstrando as razões da opção, agora, pelo pedido de quebra de sigilo especificamente de João Vaccari Neto e Ana Maria Érnica ;
d- Esclareça a conveniência da oitiva de tais pessoas pela autoridade policial nesse momento (tem 5 de fls. 5661), e não após eventual vinda das informações bancárias, quando então poderão ser indagados e esclarecer também sobre o que eventualmente se revelar;
e- Em complementação ao quadro de item ‘c’ supra, apresente um quadro informando os sócios de cada uma das empresas citadas a fls. 5650 e 5651 (Germany e Mirante), indicando quais pertencem aos quadros da Bancoop, e indicando as fls. dos contratos sociais nos autos;
f- Esclareça a pertinência quanto ao pedido do item 2 nestes autos (cópia de cheques de R$ 20.000,00 e R$ 1.200,00 de titularidade da Mizu, que teriam sido dados em doação para o Partido dos Trabalhadores), posto que, em tese, se trata de fato a ser apurado pela Justiça Eleitoral.
Com o atendimento de todo o acima, tornem conclusos.
Int.
São Paulo, 12 de março de 2010.
Carlos Eduardo Lora Franco
Juiz de Direito