A inadimplência entre os consumidores com renda acima de quatro salários mínimos (R$ 1.860) subiu 28% no terceiro bimestre (maio e junho) deste ano, ante igual período do ano passado, de acordo com a pesquisa "Perfil dos Inadimplentes no Brasil", realizada pela TeleCheque, empresa especializada na análise de crédito no varejo.
No perfil por idade, o levantamento mostrou que a inadimplência na faixa acima de 51 anos avançou 114% no mesmo intervalo.
Esse cenário já havia aparecido na pesquisa do bimestre anterior (março/abril) e foi reforçado nos dois últimos meses. Antes da crise, as famílias desta faixa de renda já estavam com o crédito comprometido, especialmente com produtos de alto valor. Segundo José Antonio Praxedes Neto, vice-presidente da TeleCheque, "o padrão de utilização de linhas de crédito por essas classes é bastante agressivo. Elas usufruem o máximo dos limites disponíveis. Com a crise, esse público enfrentou revisão de salários e desemprego, gerando incapacidade de honrar seus compromissos financeiros."
De acordo com a pesquisa, o principal motivo do endividamento foi o descontrole financeiro (74,65% das respostas). Para Praxedes Neto, o ideal é que os consumidores com renda superior a quatro salários mínimos comprometam, no máximo, o valor correspondente à receita pessoal de um mês e não utilizem todo o crédito disponível. Valores acima disso devem ser diluídos no médio e no longo prazos.
No total de 1.294 entrevistados pela TeleCheque, o perfil do inadimplente no País permaneceu semelhante ao analisado há 12 meses. A maioria dos endividados é mulher (55,95% no terceiro bimestre deste ano, ante 52,29% na mesma época do ano anterior), tem entre 21 e 40 anos (58,27%, ante 68,49%), é casada (46,21%, ante 47,51%), possui segundo grau (44,59%, ante 54,27%) e tem renda entre R$ 1.246,00 e R$ 2.490,00 (61,43%, ante 59,44%).
Na análise por segmentos, os que sofreram maior impacto da inadimplência entre maio e junho de 2009, na comparação com os mesmos meses de 2008, foram os de telefonia celular e vestuário, itens mais relacionados às classes de maior renda. Os segmentos de primeira necessidade, como supermercados, que recebem impacto dos consumidores de todas as classes sociais, registraram queda da inadimplência.
Isso é reflexo do governo Lula.