Não tem jeito, somos ensinados que amor de verdade é estar junto faça chuva ou faça sol, sacrificar, não querer mais ninguém, esquecer do mundo, descobrir "a" pessoa que vai nos fazer feliz até o fim dos dias após nossas almas se encontrarem num lindo pôr do sol ao som de uma trilha melosa. O amor romântico não é necessariamente ruim. É importante, entretanto, entendermos que se trata de uma construção, reforçada pelas histórias que contamos a nós mesmos e aos outros em rodas de papo, almoços de família, filmes, livros, músicas... O final das histórias românticas reais tende a ser interpretado como infeliz justamente por nossa fixação em aspirar por finais felizes da Disney. Melhor do que eu, Jetsunma Tenzin Palmo nos explica a diferença entre o amor romântico e o amor genuíno, em vídeo que gravamos pelo lugar: O apego excessivo, tão apreciado pelo amor romântico, diz: "Eu te amo, por isso eu quero que você me faça feliz." Já o amor genuíno diz: "Eu te amo, por isso quero que você seja feliz." O ponto de impasse surge quando aquilo que era livre, poderoso, generoso e amplo se torna apegado, medroso, estreito, controlador, obsessivo. Não raro as ações e comportamentos desse último pacote são justificadas como "amar demais". No limite, isso se expressa em casos como esse, no qual um homem matou a ex-namorada e se suicidou, deixando um bilhete com o seguinte trecho: "Então deixo bem claro MORRI E MATEI AMANDO AINDA (sic)" O quão distante, em sua motivação, tal ato é de escolhas triviais que fazemos em nome do apego e controle? Quais perversidades do cotidiano cometemos ainda "amando"? Creio que mais do que gostaríamos de admitir. Cheque se suas relações têm maior base de amor romântico ou genuínoEssa é a prática do dia. Contemple suas relações (antigas e atuais, com esposas (os), namoradas(os), amigos e família…) e se pergunte: "Eu quero que essa pessoa seja realmente feliz, não importa com quem ou como? ou "Eu quero que ela seja feliz e tal, mas no fundo prefiro mesmo é que ela seja feliz comigo e de um certo jeito?" Seja honesto. Procure refletir sobre as ações que um e outro tomaram e o que elas representam. É muito fácil falar algo da boca pra fora e agir de modo contrário, na prática. Se estiver hoje em uma relação amorosa, pode até abrir um vinho e criar uma ocasião romântica para debater como o amor romântico pode estar aprisionando, ou não, o relacionamento de vocês. Pode confiar, se feito de peito aberto e enxergando o outro além da identidade usual de namorada(o)/esposa(o), é uma conversa libertadora, que pode fortalecer a conexão de vocês por caminhos inesperados. Após pensar e conversar sobre, procure cultivar posturas e ações concretas de amor genuíno com as pessoas que gosta. É um exercício infinitamente mais difícil do que parece, com o qual venho me debatendo há anos. Vou gostar de ler alguns relatos nos comentários. Grande abraço e boa sorte! * * * Nota: esse texto faz parte da coleção "23 dias para um homem melhor". Você pode ler o primeiro texto que explica o contexto e a proposta aqui e pode ver a lista com todos os artigos já publicados aqui. Nota 2: Pretendemos fazer um encontro na sede do PapodeHomem, na Rua Monte Alegre, 1370 – São Paulo, no dia 27 de fevereiro, às 19hrs, para discutir essas práticas e ouvir de quem aceitou os desafios quais os impactos gerados. E aí, topam? |
Aprenda a diferença entre romantismo e amor genuíno
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