Citações de Charles Chaplin


“Faço parte do mundo e, no entanto, ele deixa-me perplexo.”


“Estudei o homem, porque se assim não o fizesse, não conseguiria realizar nada em meu ofício.”

“A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la mas quem consegue, descobre tudo.”

“O homem é um animal com instintos primários de sobrevivência. Por isso, seu engenho desenvolveu-se primeiro e a alma depois, e o progresso da ciência está bem mais adiantado que seu comportamento ético.”

“Tenho a impressão de que os homens estão a perder o dom de rir.”

“A beleza existe em tudo – tanto no bem como no mal. Mas somente os artistas e os poetas sabem encontrá-la.”

“Se tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando, falei muitas vezes como um palhaço mas jamais duvidei da sinceridade da plateia que sorria.”

“No final, tudo é um humor.”

“O homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar.”

“Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.”

“Se não consegues entender que o céu deve estar dentro de ti, é inútil buscá-lo acima das nuvens e ao lado das estrelas. Por mais que tenhas errado e erres, para ti haverá sempre esperança, enquanto te envergonhares de teus erros.”

“O nosso cérebro é o melhor brinquedo já criado: nele encontram-se todos os segredos, inclusive o da felicidade.”

“Quem está distante causa-nos sempre maior impressão.”

“Sem a minha mãe, acho que jamais me teria saído bem na mímica. Ela possuía a mímica mais notável que já vi. Por vezes, ficava durante horas à janela a olhar para a rua e reproduzindo com as mãos, os olhos e a expressão de sua fisionomia tudo o que se passava lá em baixo. E foi observando-a assim que eu aprendi não somente a traduzir as emoções com as minhas mãos e meu rosto, mas sobretudo a estudar o homem.”

“Eu continuo a ser uma coisa só: um palhaço, o que me coloca num nível mais elevado do que o de qualquer político.”

“Não faças do amanhã o sinónimo de nunca, nem o ontem te seja o mesmo que nunca mais. Teus passos ficaram. Olhes para trás … mas vá em frente pois há muitos que precisam que chegues para poderem seguir-te.”

“A vida é maravilhosa se não tivermos medo dela.”

“Não preciso de me drogar para ser um génio; não preciso ser um génio para ser humano, mas preciso do seu sorriso para ser feliz.”

“Criámos a época da velocidade, mas senti-mo-nos enclausurados dentro dela. Os nossos conhecimentos tornaram-nos cépticos; a nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.”

“Estou sempre alegre e essa é a melhor maneira de resolver os problemas da vida.”

“Se o que está a fazer tem graça, então não há necessidade de ser engraçado para o fazer.”

“Cada pessoa que passa na nossa vida, passa sozinha, porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada pessoa que passa pela nossa vida passa sozinha, não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.”

Mensagem do dia

Você pode ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo. E você pode evitar que ela vá a falência. Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você.

Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões.

Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros.

Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós. É ter maturidade para falar “eu errei”. É ter ousadia para dizer “me perdoe”. É ter sensibilidade para expressar “eu preciso de você”. É ter capacidade de dizer “eu te amo”. É ter humildade da receptividade.

Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz. E, quando você errar o caminho, recomece. Pois assim você descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.

Jamais desista de si mesmo.
Jamais desista das pessoas que você ama.
Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um espetáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário.

Augusto Cury

Senador Humberto Costa critica utilização de vídeos clandestinos para produção de “ajuntamento de tolices”

Humberto: 'É preciso forçar muito a barra
para supor que houve algum crime. 
A denúncia é ridícula"

"É uma matéria fraca, frouxa e insustentável". Assim o líder do PT no Senado, o médico psiquiatra e jornalista Humberto Costa (PE), definiu a matéria que mereceu capa de uma das principais revistas semanais do País e causou a euforia da oposição – o caso da gravação que pretendeu comprometer a CPI da Petrobras.

Em discurso ao plenário nesta terça-feira (5), Humberto fez questão de lembrar aos presentes que a oposição que se empolga com denúncias vazias e não comparece para exercer o trabalho de investigar, é a mesma em que, em passado não muito distante, utilizou o recurso que agora lhe causa indignação - a orientação dos depoimentos de aliados.

"Quero ressaltar aqui que, durante a chamada CPI do Cachoeira, o próprio PSDB trabalhou arduamente para blindar o governador de Goiás, Marconi Perillo", disse, lembrando que Perillo é do partido. "E o fez para evitar perguntas que o constrangessem, em razão da sua grande amizade com aquele bicheiro e com Demóstenes Torres, que era do DEM e cujo mandato de senador esta Casa cassou por quebra de decoro parlamentar" recordou, também citando o encontro do ex-diretor da Dersa (estatal de rodovias paulista), Paulo Preto, com parlamentares do PSDB, para decidir o que poderia e não poderia ser dito na mesma CPI.

Os fatos estão relatados nos jornais da época. Há dois anos, durante a CPI do Cachoeira, parlamentares do PSDB e do DEM reuniram assessores jurídicos para combinar as perguntas que seriam feitas ao governador de Goiás. Um dos senadores chegou até mesmo a pedir parcimônia aos parlamentares da situação, pedindo "civilidade. "Esse relato está em minúcias na Folha de S.Paulo  e na própria Veja, que, na época, ensaiou até um media training para o governador ao publicar uma lista de questões sob o título As perguntas que Perillo precisa responder na CPI", recordou o líder.

A oposição – que hoje se diz surpresa com esse tipo de procedimento legislativo – é rigorosamente useira e vezeira dessa prática", retomou Humberto. "Talvez, esteja com a memória momentaneamente turvada pelas conveniências eleitorais, mas estamos aqui para ajudá-la a relembrar", cutucou.

Humberto também estranhou que, ao mesmo tempo em que o PT não se recusou a participar das duas comissões parlamentares de inquérito sobre a Petrobras que tramitam no Congresso, o PSDB tem se utilizado de outro expediente – o de impedir a realização de CPIs para investigar suspeitas de irregularidades.

Como exemplo maior deste bloqueio às investigações, o senador Humberto Costa apontou o caso do escândalo do Metrô de São Paulo que, durante 20 anos desviou recursos do Tesouro. Sucessivos governos do PSDB impediram a abertura de investigação. Mas mesmo esse silêncio forçado, frisou Humberto, vai terminar em breve, assim que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), determinar aos partidos a escolha dos integrantes. Será, então, finalmente instalada a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Alstom,espera o senador.

CPI política

Humberto lembrou que a oposição não compareceu para participar da investigação que insistiu em iniciar no Senado. "Nós sempre deixamos claro, desde o primeiro momento, que a CPI pretendida aqui nesta Casa para investigar denúncias envolvendo a Petrobras era parte de uma estratégia política da oposição para desqualificar o governo, com a finalidade de atingir a presidenta da República", enfatizou o líder, destacando que tentar envolver a presidenta nessa suposta articulação para blindar o Governo é "ridícula".

"Se a oposição queria investigar, por que sequer compareceu às reuniões?", perguntou, afirmando que não há qualquer irregularidade em que os assessores preparem perguntas para seus assessorados. "É para isso que servem as assessorias; ou é de se imaginar que  os parlamentares passem noites fazendo pesquisas?", questionou

Troca de informações é natural

"Estão querendo transformar essa história em crime, mas  é preciso forçar muito a barra para dizer que houve  crime, porque é absolutamente natural que haja trocas de informações institucionais entre as assessorias da CPI e das lideranças com a empresa", disse.

 E prosseguiu: "Qual é a farsa que há nisso; onde está o erro em funcionários da Petrobras forneceram à CPI informações com base em questões formuladas pela assessoria da Comissão?"

Humberto reiterou que não houve qualquer vazamento de documentos ou informações sigilosas. "Então, qual a surpresa para a oposição, que se diz tão surpresa? Do que reclamam os surpreendidos?", perguntou o líder informando que nesta quarta-feira (6), durante a reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que também investiga supostas irregularidades na Petrobrás, vai pedir  investigação sobre quem vazou para a imprensa documentos – esses sim – sigilosos.

Sem avanços

Ainda falando sobre CPMI, Humberto argumentou  que, se houvesse qualquer favorecimento na comissão exclusiva do Senado, haveria diferenças entre as conclusões das duas investigações. " Me digam: em que essa CPMI, que já ouviu diversos depoentes também já inquiridos pela CPI, avançou mais do que a Comissão do Senado? Em que os parlamentares da oposição – que se julgam tão brilhantes e definidores no papel de inquiridores – fizeram andar mais a investigação na Comissão Mista em relação à Comissão do Senado?- Eu respondo: em nada"

O líder enfatizou que as duas estão  "rigorosamente no mesmo ponto" o que, segundo ele, comprova que a CPI do Senado não operou qualquer tipo de beneficiamento a quem quer que seja.

 No final, Humberto Costa fez um convite à oposição: "somem-se a nós na elucidação de outros casos sobre os quais o Brasil espera uma explicação", conclamou, lembrando casos como o aeroporto de Cláudio, em Minas Gerais, que o então governador do Estado e hoje candidato a presidente, Aécio Neves, do PSDB,  teria mandado construir nas terras da própria família e o caso do metrô de São Paulo, em que teriam sido desviados quase 5 bilhões de reais dos cofres públicos.

"Eu concluo dizendo que vamos atrás da verdade, vamos atrás do esclarecimento de todos os casos. Nossa prática é a de não botar malfeitos pra debaixo do tapete, como se fazia muito aqui nos governos do PSDB, quando foi criada a figura do engavetador-geral da República e a Polícia Federal era usada para molestar adversários políticos", finalizou.

Giselle Chassot

Tucanistão, por Vladimir Saflate

"Bem-vindos ao Tucanistão, a terra da plena felicidade. Vocês acabam de desembarcar no aeroporto internacional que leva o nome do fundador de nossa dinastia, governador de nossa terra há 32 anos. Desde então, nossa amada dinastia está presente no coração de nosso povo de maneira praticamente ininterrupta.
Em nossos planos, haveria um Expresso Bandeirante que ligaria o aeroporto ao centro de nossa capital por trens rápidos. Ele não saiu do papel, mas isso não importa. Isso permitirá vocês passarem de carro lentamente pelo mais novo campus de nossa grande universidade, que leva o nome de nosso Segundo grande líder. No momento, ela está falida, com um deficit de 1 bilhão de reais produzido depois da passagem de um interventor nomeado pelo nosso Quarto grande líder. O próprio campus está sem aula por ter sido construído em terreno contaminado, mas tudo isso também não importa.

Depois do campus, vocês conhecerão o caudaloso rio Tietê. Há décadas ele está sendo despoluído. Grandes especialistas internacionais garantem que seu nível de poluição está caindo, mas ainda demorará algumas décadas para que os incautos sejam capazes de enxergar tal maravilha. Por falar em água, estamos passando atualmente por um "estresse hídrico de proporções não negligenciáveis", mas não se preocupem. Como disse uma rainha francesa: quem não tem água que tome suco.

Se vocês olharem mais à frente verão nosso maravilhoso metrô cruzando velozmente nossa marginal. Não se deixem impressionar pelo fato de ele ser menor do que o de cidades como Santiago, Buenos Aires ou Cidade do México. Nós amamos nosso metrô do jeito que ele é, mesmo que inimigos tenham espalhado a informação de que investigações na Suíça e na França descobriram esquemas milionários de desvio e superfaturamento. Todos sabem que nossa dinastia é incorruptível. Se algo aconteceu, nosso Terceiro-Quinto grande líder não sabia de nada.
Não se espantem também com o tamanho dos muros e aparatos de segurança. Nossa polícia, que mata mais do que toda a polícia norte-americana junta, um dia conseguirá dar conta de todos esses bandidos. Nosso Terceiro-Quinto grande líder está pessoalmente empenhado nisso.

Alguns podem se impressionar com o fato de tanto fracasso não abalar nosso amor por nossa dinastia. É que eles ainda acham que devemos avaliar nosso líderes por aquilo que eles são capazes de fazer, mas nós descobrimos o valor do amor incondicional. Nós os amamos porque… nós os amamos. Por isso, nossa terra é o lugar da pura felicidade.

O Tucanistão é a locomotiva do progresso imaginário, alimentada por choques tortos de gestão."

O paulista gosta de ser tratado como idiota!

Geraldo Alckmin voltou a dizer, numa sabatina do Estadão, que São Paulo não precisa de racionamento de água. Não seria "tecnicamente adequado".

Segundo ele, há uma exploração política do tema. Seu governo teria feito investimentos vultosos nessa área.

A balela é derrubada pelos fatos. Já existe racionamento, de maneira mais ou menos escamoteada, em diversos bairros da capital. Santana, Vila Mariana, Vila Madalena, Lapa, Butantã, Casa Verde, Perus, Itaquera, Cidade Líder convivem com corte à noite.

No interior, a situação é mais dramática. Em Itu, por exemplo, o fornecimento ocorre apenas entre as 18h e as 4h. Em Holambra, toda uma economia voltada para o cultivo de flores está comprometida.

As causas, do ponto de vista ambiental, têm sido discutidas no DCM por nosso colaborador Edson Domingues numa série de posts. Edson apontou  as fragilidades do Sistema Cantareira e a inação da Sabesp.

O uso político da crise é feito por Alckmin e não pela oposição. A razão para não falar em racionar e não dar respostas decentes é eleitoreira. Em janeiro, quando foi revelado que o Palácio dos Bandeirantes consumiu 22% a mais do que em dezembro, ele atribuiu o gasto ao calor excessivo. Mais tarde, revelou ao mundo que tem adotado práticas revolucionárias no banho e na hora de escovar os dentes (ele desliga a torneira).

Ora é o verão mais quente das últimas décadas, ora é o "fato climático atípico". É uma manobra covarde. Em 2001, São Paulo passou por um racionamento. O que se apreendeu da experiência? O que ele pode contar sobre isso?

Digamos que ele encampe a tese de que a questão é a seca recorde. Ou o aquecimento global. Se assim for, ele precisa avisar a população de que algo precisa ser feito. 

A título de ilustração: a Califórnia passa por uma seca histórica. O Projeto Hídrico Estadual, responsável pela distribuição, avisou que terá de fechar as torneiras pela primeira vez em 54 anos. Empresas e casas têm uma meta a cumprir. Gado morre nos pastos e há níveis de poluição alarmantes em algumas cidades.

O governador Jerry Brown não mentiu, não atribuiu nada a Odin ou contou que lava as mãos uma vez por semana com suco de laranja Maguary. Num encontro sobre desenvolvimento sustentável, fez um apelo: "Peço a todos os californianos, agências hídricas municipais e qualquer um que utilize água para fazer todo o possível para conservá-la".

Alckmin faz o que faz porque conta, ainda, com a enorme complacência e ajuda dos suspeitos de sempre. No domingo, o Fantástico fez uma reportagem sobre a falta de água no estado. Mencionou a recomendação do MP Federal para começar de imediato um racionamento.

O nome de Alckmin simplesmente não é citado. Em compensação, ficou registrado que Guarulhos é administrada pelo PT, Saltinho, pelo PDT, e Itu pelo PSD.

No final, ao falar da "região abastecida pelo sistema Cantareira, que inclui a cidade de São Paulo", é lida uma nota da Sabesp, garantindo "o abastecimento de toda região até março de 2015" graças ao apoio da população e a uma "série de medidas adotadas pela companhia".

Se Alckmin cresceu de algum maneira nessa crise, foi num outro setor: no talento de tratar o eleitor como um idiota, chova ou faça sol.

 

Pra desopilar

O detetive particular prestava contas à cliente. Disse ele:

-De acordo com as instruções, segui seu marido na noite de ontem. Primeiro ele comprou presentes, depois foi a um restaurante, em seguida a um bar, mais tarde a uma discoteca e, por fim, foi parar no motel.

A mulher ficou possessa:

- "Ordinário, isto é o que ele é! E o que ele estava fazendo em todos esses lugares?"

- Estava seguindo a senhora!

Duda antecipa Aécio: O arrocho é benéfico para os “colaboradores”

Chamando os funcionários de "colegas", presidente da RBS anuncia demissões e defende crescimento da empresa

por CR, de Porto Alegre

Passando os olhos pela carta enviada pelo Grupo RBS aos jornalistas da empresa, no fim da tarde desta segunda-feira, chama a atenção a intimidade da assinatura do e-mail: Duda. Trata-se de Eduardo Sirotsky Melzer, presidente da empresa, que escreve logo após o anúncio das 130 demissões que o grupo deve fazer esta semana. Ele – o patrão – também chama os funcionários de colegas, prática recorrente da mídia nativa, como seguidamente alerta Mino Carta.

Mas quem pensar que a intimidade do tratamento tenta estabelecer uma certa empatia com os funcionários vai se enganar. A leitura do longo texto revela que o objetivo da empresa é bem outro. E não tem nada a ver com qualidade da informação ou algum resquício de jornalismo. Não se fala em comunicação e conteúdo nem pró-forma.

A carta prega o DESAPEGO de coisas que não fazem a empresa crescer, trata o tema das demissões com frieza, como se fosse uma ação cotidiana qualquer, defende enfaticamente a meritocracia como método, tenta convencer que os cortes são pelo bem dos próprios funcionários e traz como únicas pautas positivas os negócios da empresa.

Não se sabe quais jornalistas serão demitidos, e até quarta todo o grupo vai ter que dormir com a incerteza. Mas o mais dramático é a indiferença do grupo com a situação. Em vez de lidar com as questões pessoais dos profissionais que vão sofrer com o corte e de mostrar alguma sensibilidade e humanismo, o e-mail foca no desempenho da empresa, buscando, em um momento como esse, apenas o engajamento dos jornalistas com a situação do grupo.

Pouco importa que colegas estejam indo pra rua, em um mercado em que não há muitas alternativas viáveis, o importante é que agora todos podem comprar vinhos e cervejas das outras empresas do grupo. Que, aliás, já estão chegando a outros países.

É até difícil escolher quais trechos destacar para comentar essa carta, mas fico com o extremo desrespeito não só ao jornalismo, mas principalmente às pessoas que fazem com que ele aconteça.

Acrescento ainda cinco fatos da trajetória recente da Zero Hora que podem contribuir para a interpretação da carta:

1) Agoniza prejuizo de R$ 60 milhões com o grupo RBS em 2013

2) Perde circulação de 4% no primeiro trimestre de 2014

3) É condenada em R$ 300.000,00 por uso de informação confidencial. A Justiça considerou a prática crime de concorrência desleal

4) É condenada em R$ 300.000,00 por submeter trabalhadores a condições humilhantes

5) Anuncia a demissão de mais de uma centena de trabalhadores na próxima quarta-feira (06/08) e deixa o clima tenso em toda a redação

 O e-mail:

Caros colegas,

Escrevo para reforçar a mensagem que compartilhei com vocês nesta segunda-feira, em videoconferência, e para detalhar minha visão em relação ao futuro da nossa empresa, pois quero manter entre nós um ambiente de clareza e transparência.

As transformações radicais e a velocidade impressionante pelas quais a indústria da comunicação tem passado exigem energia e dedicação para entender o momento e também coragem para promover os ajustes que precisam ser feitos para continuarmos crescendo.

Mudar não é opcional. É vital para o nosso projeto empresarial.

O cenário atual apresenta realidades paradoxais. Por um lado, os modelos tradicionais estão altamente desafiados. Por outro, o avanço tecnológico e a forma de consumir mídia nunca geraram tantas oportunidades e tanta abertura para a inovação como nos dias de hoje. Aquelas empresas que têm a coragem de se posicionar no mundo novo sairão fortalecidas.

Nesse sentido, acredito muito na relevância dos nossos produtos, no jornalismo de qualidade, na comunicação e no desejo cada vez maior por conteúdo de entretenimento diferenciado. As necessidades continuarão existindo. O que muda é a forma como serão atendidas. Se queremos continuar crescendo temos de nos reinventar imediatamente, investindo em atividades e negócios que geram resultados positivos e deixando de fazer o que não agrega para nossa empresa e para o mercado.

Quero convidar todos vocês a romper paradigmas, quebrar barreiras e colocar a RBS cada vez mais no grupo das empresas vencedoras, daquelas empresas que constroem oportunidades de mercado para se posicionar e conquistar a liderança.

Teremos uma semana intensa pela frente, pois na quarta-feira faremos cerca de 130 demissões, de um universo de 6 mil pessoas, com o objetivo de buscar produtividade e maior eficiência. São cortes que precisam acontecer, principalmente na operação dos jornais. Não estou de forma alguma insensível ao impacto que demissões geram na vida das pessoas e da própria empresa, porém acredito que tanto os profissionais quanto as empresas precisam repensar o modo como atuam.

O Grupo RBS emprega milhares de pessoas. Não promover mudanças seria uma irresponsabilidade com estes profissionais, um erro com todos vocês, além de um descaso com nossos clientes e com o nosso projeto de futuro, que já está em andamento.

É importante destacar que a RBS não passa por uma crise financeira. Ao contrário. Estamos investindo e redesenhando a nossa operação, buscando velocidade e desprendimento que são vitais para a preservação do nosso projeto empresarial.

Fizemos, nos últimos 12 meses, uma análise muito detalhada de todos os nossos negócios e atividades. Eu me envolvi pessoalmente nesse processo. A partir do que vimos, fizemos investimentos importantes que ajudam a deixar clara a nossa crença no negócio.

Dobramos as equipes dedicadas ao digital, tanto nas redações quanto no Tecnopuc, e triplicamos os investimentos nesta área. Até o fim do ano, só no Tecnopuc, em Porto Alegre, teremos quase 100 profissionais trabalhando exclusivamente na criação de soluções digitais para nossos produtos, em especial para os jornais.

Os 50 anos de Zero Hora marcaram o início de uma grande renovação do jornal, que agora começa a ser replicada em outros veículos. Inovamos na organização do conteúdo e criamos novos espaços para fortalecer o vínculo com o leitor. A partir de amanhã, Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina entram também nessa nova fase.

Na TV, teremos nesse ano as 18 emissoras com equipamentos totalmente renovados e tecnologia de última geração, cobrindo com sinal digital o Rio Grande do Sul e Santa Catarina antes do prazo determinado pelo governo federal.

Em rádio, nosso alcance cresceu com o lançamento da Gaúcha Serra, da Gaúcha Santa Maria e da Gaúcha Zona Sul. O rádio também tem feito um excelente trabalho na internet.

Na e.Bricks, nossa empresa digital criada há três anos em São Paulo, lançamos o Early Stage, um fundo para impulsionar ideias em tecnologia – um negócio contemporâneo que atrai empreendedores em busca de parceria para crescer. O fundo deve chegar ao final do ano com 16 empresas no portfólio.

Também na e.Bricks, ampliamos a operação da Wine, que já é a maior empresa de vinhos online do mundo, tanto que estamos agora preparando sua entrada no mercado internacional. E muitos de vocês que já são sócios da Wine agora poderão também ser da Have a Nice Beer, o maior clube online de cervejas da América Latina, que está vindo para o Grupo.

Gostaria ainda de citar dois exemplos de inovação e empreendedorismo que marcam a nossa gestão. O primeiro é o HypermindR, um centro de pesquisa no Rio de Janeiro, que vai desenvolver softwares para medir hábitos do consumidor. E o segundo diz respeito ao nosso modelo de gestão de pessoas, baseado na meritocracia. As ferramentas que desenvolvemos para dar mais transparência aos planos de carreira tornaram-se benchmark para muitas empresas e agora serão disponibilizadas ao mercado através da Appus, um negócio que nasceu aqui, dentro do RH.

Temos apoio dos acionistas nas nossas decisões e temos também pessoas qualificadas e comprometidas, recursos financeiros, solidez de caixa, coragem, energia e desapego para deixar de fazer coisas que não agregam e investir no que pode nos fazer crescer.

Na próxima sexta-feira, vou apresentar aos líderes da empresa a Carta Diretriz, um documento que reforça na RBS princípios como simplicidade, produtividade e eficiência, qualidade, inovação, crescimento sustentável e meritocracia. Tenho dito que somos uma empresa em beta. Isso significa que nosso processo de transformação será contínuo e permanente.

Como presidente, tenho compromisso com os acionistas, com a história da nossa empresa, com o nosso público e os nossos clientes.

Estou motivado, principalmente, pela grande confiança que tenho no trabalho e no comprometimento de cada um de vocês.

Vamos em frente!

Duda