Governo refém do mercado

Por Luciano Martins em 2/1/2008

A maioria dos jornalistas de economia trata o vice-presidente José Alencar como "aquele chato que vive falando de juros".

Alencar, que é empresário bem-sucedido na indústria têxtil, é tratado como um amador entre profissionais.
Pois no domingo (30/12), o vice-presidente disse, em entrevista à Folha de S.Paulo, que os juros não caem porque agentes do mercado financeiro chantageiam o governo através dos jornais [ver "
Juros não caem porque Lula teme o mercado, diz Alencar". Trata-se de uma denúncia grave. Que se perdeu no vazio do desinteresse da imprensa. Passou-se metade de uma semana e nenhum jornal, nem mesmo a Folha, se dignou a oferecer ao leitor uma informação adicional. Apenas o colunista Clóvis Rossi fez referência à questão, citando Alencar, mas para acusar o presidente Lula de haver "terceirizado" a política econômica para o mercado.
Nem uma palavra sobre a denúncia explícita do vice-presidente contra os jornais.
Segundo a transcrição da entrevista, diante da pergunta sobre por que os juros não caem no Brasil, José Alencar respondeu, literalmente:
"Porque há uma ameaça de articulistas, que são economistas ligados ao sistema financeiro, que é muito organizado, e que colocam quase que como alternativa: ou nós mantemos esses juros ou mais uma vez vamos ter uma inflação violenta no país."
Ou seja, o vice-presidente da República afirma que o presidente da República é refém de profissionais e investidores do mercado financeiro, que usam a imprensa para ameaçar com a volta da inflação. E a imprensa faz de conta que não é com ela.


Chantagem
Agora, faça o leitor um exercício de observação. Pegue os jornais da semana ou assista atentamente os noticiários da mídia especializada em economia.

O leitor vai constatar que um número significativo de "colaboradores" e "consultores" citados pelo jornalismo econômico tem como atividade principal um cargo importante no mercado financeiro.
O fato não é exatamente uma novidade, nem mesmo uma curiosidade, pois se trata de especialistas. O problema é a predominância deles.
Em muitas ocasiões o Observatório da Imprensa tem publicado artigos apontando esse viés unilateral da imprensa.
A novidade é o vice-presidente da República vir a público dizer que a mídia funciona como intermediária de uma chantagem contra o poder público.
E a imprensa se cala.

2 turno são outros quinhentos

O PT e demais partidos da base aliada deveriam fazer um acordo, no primeiro turno das eleições deste ano só fazer aliança com partidos que componham a mesma. No segundo turno... ai são outros quinhentos!

Para Descontrair

PSDB = PT

O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), está empenhado em convencer o companheiro de partido Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a concorrer à Prefeitura de Belo Horizonte no ano que vem. Ainda que ciente de que o governo municipal não esteja nos planos políticos de Patrus, Pimentel o considera candidato natural do PT, "com densidade eleitoral e reconhecimento público".

Se Patrus optar por não deixar o ministério, como tem reiterado, Pimentel avisa: defenderá em seu partido um acordo com o Palácio da Liberdade em torno de um nome que transite bem entre PT e PSDB e seja filiado a um partido político neutro, como o PMDB, o PV ou o PSB. "A proposta poderá nem passar no PT. Mas terá o meu apoio", assinala
.

E agora? Como é que fica o pessoal do PT que critica tanto o PSDB? Vão virar também uma metamorfose ambulante? É o que sempre falei. a briga do PSDB com o PT é briga de comadre, e tem um bando de gente de lado a lado que cai na armadilha e depois fica com cara de trouxa.

Ave Maria

Ano Novo sem CPMF