por Carlos Chagas

A agonia do neo[caduco]-liberalismo...

Vale, por um dia, começar além da  política nacional, arriscando  um mergulho lá fora. O que continua a  acontecer  na França, onde montes de carros, escolas, hospitais e residências comuns estão sendo queimados e saqueados?    Qual a razão de multidões de jovens irem para as ruas, enfrentando a polícia e depredando tudo o que encontram pela frente?  Tornando quase impossível a vida do cidadão comum, não apenas em Paris, mas em muitas cidades francesas,  onde instaurou-se o caos. Por que?

É preciso  notar que o protesto vem das massas, começando pelas  massas excluídas,  de negros, árabes, turcos e demais  minorias que buscaram na Europa  a saída para a fome, a miséria e  a doença onde viviam, mas frustraram-se,  cada vez mais segregados, humilhados e abandonados. Exatamente como em seus países de origem.

Não dá  mais para dizer que essa monumental  revolta é outra solerte manobra do comunismo ateu e malvado. O comunismo acabou. Saiu pelo ralo.  A causa do que vai ocorrendo repousa  precisamente no extremo  oposto: trata-se do resultado do neoliberalismo. Da consequência de um pérfido modelo econômico e político que privilegia as elites e os ricos, países e pessoas, relegando  os demais ao desespero e à barbárie. Porque sempre que se registra uma crise econômica nas nações neoliberais, a receita é a mesma, seja na França ou na Grécia, em Portugal ou na Espanha: medidas de contenção anunciadas para reduzir salários, cortar gastos públicos,  demitir nas repartições e nas fábricas, aumentar impostos e taxas.

Fica evidente não se poder concordar com a violência.  Jamais justificá-la.  Mas explicá-la, é possível.  Povos de nações e até de continentes largados ao embuste da livre concorrência, explorados pelos mais fortes,   tiveram como primeira opção emigrar para os países ricos. Encontrar emprego, trabalho ou  meio de sobrevivência. Invadiram a Europa como  invadem os Estados Unidos, onde o número de latino-americanos cresce a ponto de os candidatos a postos eletivos obrigarem-se a falar espanhol,  sob pena de derrota nas urnas.

Preparem-se os  neoliberais. Os protestos não demoram a atingir outras  nações   ricas.   Depois, atingirão os ricos das nações  pobres. O que fica impossível é empurrar por mais tempo com a barriga a  divisão do planeta entre inferno e paraíso, entre  cidadãos de primeira e de segunda classe. Segunda?  Última classe, diria o bom senso.

Como refrear a  multidão  de jovens sem esperança, também  de homens feitos e até de idosos,  relegados à situação  de  trogloditas em pleno século XXI?  Estabelecendo a ditadura, corolário mais do que certo do neoliberalismo em agonia? Não   vai dar, à   medida em que a miséria se multiplica e a riqueza se acumula.  Explodirá tudo.

Fica difícil não trazer esse raciocínio para o Brasil. Hoje, 40  milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, sobrevivendo com a metade desse  obsceno salário  mínimo que querem elevar para 540 reais.  Os bancos lucram bilhões a cada trimestre, enquanto cai o poder aquisitivo dos salários. Isso para quem consegue mantê-los, porque, apesar da propaganda oficial, o desemprego continua presente.   São 15 milhões de desempregados em todo  o país, ou seja, gente que já  trabalhou com dignidade e hoje vive de biscates, ou, no reverso da medalha,  jovens que todos os anos gostariam de entrar  no mercado sem nunca  ter trabalhado.

Alguns ingênuos imaginam que o bolsa-família e sucedâneos resolveram a questão, mas o assistencialismo só faz aumentar as diferenças de classe. É crueldade afirmar que a livre competição resolverá tudo, que um determinado cidadão era pobre e agora ficou rico. São exemplos da exceção,  jamais justificando a regra de que, para cada um que obtém sucesso, milhões  continuam na miséria.

Seria bom o governo Dilma  olhar para a França. O rastilho pegou e não será a polícia francesa que vai  apagá-lo. Ainda que consiga,  reacenderá   maior   e mais forte pouco depois. Na Europa, nos Estados Unidos e sucedâneos.   Até ou especialmente entre nós. Ainda  agora assistimos a tragédia na serra fluminense,   com   os ricos e os remediados fugindo, mas com a população pobre, majoritária, submetida  à morte e à revolta.

A globalização  tem, pelo  menos, esse mérito: informa em tempo real ao  mundo que a saída deixada às massas encontra-se na rebelião. Os que nada tem a perder já eram maioria, só que agora estão  adquirindo consciência, não só de suas perdas, mas da capacidade de recuperá-las através do grito de "basta", "chega", "não dá mais para continuar".

Não devemos descrer da possibilidade de reconstrução. O passado não está aí para que o  neguemos, senão para que o integremos. O passado é o nosso maior tesouro, na medida em que   não  nos dirá o que fazer, mas precisamente o contrário. O passado  nos dirá sempre o que evitar.

Evitar,   por exemplo, salvadores da pátria que de tempos em tempos aparecem como detentores das verdades absolutas, donos de todas a soluções e proprietários de todas as promessas.

O ritmo acelerado de Dilma trabalhar

Há apenas 15 dias no cargo, a presidente Dilma mostra, com várias mudanças, que não pretende ficar restrita a um governo de continuidade. Arregaçou as mangas e, entre muitas medidas, exigiu dos ministros ajustes em estruturas emperradas há anos, pediu aceleração nas verbas destinadas à versão rural do programa Minha casa, Minha Vida e acionou a Advocacia-Geral da União para tentar acordos com grandes devedores da Previdência. Ela está decidida até a proteger a indústria nacional dos produtos importados da China.



Prioridade da Defesa Civil é prestar socorro a áreas isoladas

4 dias após tragédia, equipes de resgates conseguem chegar a regiões ilhadas

O comandante da Defesa Civil estadual, coronel Flávio Castro, disse ontem que a prioridade é resgatar vítimas das enchentes na Região Serrana que estão em áreas isoladas desde as chuvas de quarta-feira passada.

O prefeito de Teresópolis, Mário Jorge, informou que, enfim, equipes de resgate começaram a chegar a três locais onde havia moradores ilhados, quantro dias depois da tragédia.
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"Os helicópteros do Corpo de Bombeiros estão trabalhando diariamente, levando comida e água para as áreas isoladas e resgatando quem ficou lá", disse ele, acrescentando que o trabalho será feito até que as máquinas consigam desobstruir os acessos àquelas regiões.

O número de mortos na Região Serrana já chega a 555 na tragédia que é considerada uma das maiores do planeta.

A cidade com mais vítimas é Nova Friburgo, com 248. Em seguida, vem Teresópolis, com 238, Petrópolis registra 43 mortes e São José do Vale do Rio Preto tem quatro.

Ontem, o governador Sérgio Cabral decretou luto oficial no estado por sete dias.



Blog do Charles Bakalarczyk: Amplitude do governo Tarso assusta RBS

Blog do Charles Bakalarczyk: Amplitude do governo Tarso assusta RBS: "RBS estava crente que Tarso se isolaria. A resposta do governador gaúcho é apoio político e diálogo. O Conselhão será um dos mecanimos de a..."

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez, é a desilusão de um “quase”.

É o quase que me incomoda, que me entristece,
que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos,
nas chances que se perdem por medo,
  nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

 Pergunto me, ás vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna;
ou melhor, não me pergunto, contesto.

A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos,
na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados.

A paixão queima, o amor enlouquece, e o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.

Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas,
os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.

O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma,
apenas amplia o vazio que cada um traz de si.

 Pros erros há perdão; pros fracassos, chance;
 pros amores impossíveis, tempo.

 De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.

 Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você.

Gaste mais horas realizando que sonhando,
 fazendo que planejando,
vivendo que esperando porque,
 embora quem quase morre esteja vivo,
 quem quase vive já morreu!
                                                       
(Luiz Fernando Veríssimo)
    



Serpentário

Azilando no Twitter a polêmica gerada pelo astrônomo Parke Kunkle que defende alterações no zodíaco e a inclusão de um novo signo, o Serpentário.

Veja a lista completa da tal mudança sugerida por Kunkle aqui: http://bct.im/13g 



Revolução na Tunisia

A primeira revolução Wikileaks?...

A publicação dos telegramas da embaixada norte-americana com exemplos de corrupção no país foi a gota d'água para o povo tunisino se revoltar contra o poder ditatorial de Ben Ali. Artigo de Elizabeth Dickinson.

 

Manifestante cumprimenta soldado esta sexta-feira em Tunis.  Manifestante cumprimenta soldado esta sexta-feira em Tunis.

Os tunisinos não precisavam de qualquer novo motivo para protestar, quando tomaram as ruas nas últimas semanas – os preços dos alimentos subindo, corrupção incontrolável, desemprego assustador. Mas pode-se contar a Tunísia como o primeiro caso em que notícias publicadas por WikiLeaks foram, para o povo, a gota d'água. Os protestos são também contra a absoluta falta de liberdade de expressão – inclusive para a WikiLeaks.

No material publicado por Wikileaks, o governo da Tunísia faz triste figura. A família que governa é descrita como "A Família" – espécie de elite mafiosa que deixa impressões digitais em toda a economia. "O presidente Ben Ali está envelhecendo, seu regime está esclerosado e não há sucessor à vista", lê-se num telegrama diplomático de junho de 2009. Quanto à cleptocracia governante, diz um telegrama de junho de 2008: "Rumores persistentes de corrupção, além da inflação crescente e continuado desemprego, ajudaram a fazer aumentar a frustração com o governo da Tunísia e têm contribuído para os protestos que acontecem no sudoeste do país. Com acusações que se acumulam contra os principais do regime, que tudo indica que continuarão no poder, não há qualquer controle possível.

Evidentemente, os tunisinos não precisavam que alguém lhes contasse tudo isso. Mas os telegramas trazem detalhes – por exemplo, a informação de que a primeira dama aufere lucros massivos de uma escola privada – aceleraram o processo de revolta. As coisas pioraram, em vez de melhorar (como o governo certamente esperava), quando as autoridades bloquearam completamente a divulgação dos telegramas e passaram a caçar dissidentes e ativistas das redes sociais.

Como PayPal e Amazon aprenderam ano passado, os apoiantes de WikiLeaks não reagem bem quando são impedidos de usar a internet. A rede de hackers Anonymous lançou uma operação,OpTunisia, contra as páginas oficiais da Tunísia, que continuará "até que o governo da Tunísia mude de atitude" – como disse ao Financial Times um dos hackers militante dos Anonymous.

Como as recentes chamadas "Twitter Revolutions" na Moldávia e no Irão, é claro que havia muita coisa errada na Tunísia, antes até de Julian Assange receber o arquivo dos telegramas diplomáticos. Mas WikiLeaks serviu como agente catalisador: como gatilho e ferramenta para ação política popular. Dificilmente haverá maior elogio, para uma página de internet de um novo jornalismo militante.

Elizabeth Dickinson escreve na revista Foreign Policy . Tradução Vila Vudu, publicado no blogue redecastorfoto

http://esquerda.net/artigo/tun%C3%ADsia-primeira-revolu%C3%A7%C3%A3o-wik...