ACORDA, DILMA! ELES ENLOUQUECERAM!

Em 1968 a União Soviética levava às últimas consequências sua tentativa de conter reações no mundo comunista. Invadira a Tchecoslováquia com tanques, canhões e soldados para ninguém botar defeito. A última resistência restringiu-se à Universidade de Praga, onde os estudantes rebelados e já derrotados escreveram no muro da reitoria: “Acorda, Lenin: eles enlouqueceram.”

Uns por presunção, outros por cautela, os principais auxiliares econômicos da presidente Dilma evoluem sobre o conteúdo do seu mandato. O que fazer, o que mudar, o que conservar?

É aqui que mora o perigo, porque ministros e dirigentes do PT demonstram arrogância e já tentam enquadrar o futuro conforme suas tendências e seus compromissos. Começam a ameaçar com mais ajuste fiscal, mais sacrifícios e mais neoliberalismo, depois de curta temporada de promessas de campanha, ano passado, destinada a angariar votos e garantir o poder.

Chega a ser agressiva a postura adotada pela equipe econômica, feliz por continuar mas incapaz de perceber chegada a hora de mudar de vez o modelo que nos assola desde os tempos do sociólogo. Pregam tudo o que faz a alegria dos potentados, dos banqueiros e dos especuladores, esquecendo-se da classe média e até se preparando para retirar das massas o alpiste oferecido há pouco como embuste eleitoral. Senão vejamos:

Prevêem os áulicos de Dilma que desta vez virá a reforma da Previdência Social. Traduzindo: vão restringir direitos dos aposentados, desvinculando de uma vez por todas do salário mínimo os vencimentos de quem parou de trabalhar. Pensionistas e aposentados do INSS e inativos do serviço público que se virem, porque receberão sempre menos do que os funcionários e trabalhadores em atividade. Quem mandou envelhecerem? Não demora muito estarão todos nivelados pelo salário mínimo. Ao mesmo tempo, mantém-se o desconto previdenciário para os que deixaram de trabalhar, como se disputassem novas aposentadorias, sabe-se lá se no céu ou no inferno.

Em paralelo, a equipe econômica já alardeia que os reajustes de salários vão minguar, ou melhor, não haverá nenhum este ano, para o funcionalismo. Jamais isso acontecerá em anos eleitorais, assim, há esperança para 2012. Mesmo assim, encostarão na inflação, na dependência dela não crescer muito. Mais ainda: os responsáveis pelos juros altos são os assalariados e os aposentados, não os especuladores e os banqueiros cujos lucros, em todas as previsões, só farão crescer.

No capítulo das reformas diabólicas, asseguram que desta vez virá a reforma trabalhista. Para restabelecer direitos surripiados nos oito anos do sociólogo? Nem pensar. Para extinguir as poucas prerrogativas sociais que sobraram. Por exemplo: vão acabar com a multa por demissões imotivadas e vão autorizar o parcelamento em doze vezes ao ano do décimo-terceiro salário e das férias remuneradas. Como a cada ano os salário e vencimentos perdem parte de seu poder aquisitivo, em poucos anos as parcelas estão incorporadas à perda, ou seja, desaparecerão.

Outra iniciativa a assolar o país no mandato da presidente Dilma está sendo a contenção dos gastos públicos, atendendo a exigências do poder econômico. Não apenas demissões em massa no serviço público e retomada do processo de privatizações, mas cortes em investimentos de infra-estrutura, saúde, educação, habitação e congêneres. Ninguém se iluda se, a prevalecer a cartilha dos neoliberais incrustados no governo, logo se propuser a privatização da parte da Petrobrás que continuou pública, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica e até dos presídios, como já acontece com os aeroportos. Nada melhor do que para atender as exigências do PCC, do CV e congêneres, vender as cadeias à iniciativa privada. Algumas vão virar hotéis de cinco estrelas, para os bandidos que puderem pagar. O resto que se vire...

Numa palavra, ainda que verbalmente, os auxiliares econômicos de Dilma Rousseff estão assinando uma nova "Carta aos Brasileiros". Trata-se da repetição de que desenvolvimento e crescimento econômico acontecerão às custas dos mesmos de sempre, porque está guardada para o fim a maior de suas pérolas: reconhecendo que a carga fiscal anda insuportável para quem produz e para quem vive de salário, voltam a prometer que na reforma tributária em gestação farão com que “mais cidadãos paguem impostos, para todos os cidadãos pagarem menos”. Trata-se do maior embuste produzido por esses embusteiros. Significa que o pobrezinho, até hoje livre de impostos por não ter o que comer, começará a pagar com um único objetivo oculto: aliviar a carga fiscal do grande, daquele que pode pagar e que ficará profundamente agradecido por pagar menos.

Diante dessas previsões, só resta mesmo gritar aos sete ventos: "acorda, Dilma! Eles enlouqueceram!"

Carlos Chagas

Os mesmos que defendem o aborto são contra o desmatamento

[...] Há algo desarrumado numa sociedade que exige criminalizar todo desmatamento enquanto, com o mesmo ímpeto, exige também o amplo direito ao aborto, a ser catalogado entre as prerrogativas inalienáveis da mulher.

Num caso, prevalece a responsabilidade social. No outro, a liberdade individual. Por quê? Ninguém explica.

Arrancar uma planta é em princípio criminoso, mas arrancar um embrião ou feto do útero materno deveria ser livre, em nome do direito de a mulher decidir sobre o próprio corpo.

Ainda que no rigor lógico-científico o embrião, ou feto, não faça parte do corpo da mãe. Ela apenas o abriga. São duas vidas, e não uma só.

Não estou, e penso que o leitor ou leitora já notou, fazendo juízo de valor sobre os temas, apenas enfatizando o desarranjo, uma assimetria sistemática.

Que fica também evidente no contraste entre a proteção militante à vida animal e a condescendência com as ameaças à vida humana.

Desde há muito as pessoas mobilizam-se em defesa de outras espécies. Já há nessa agenda uma ética consolidada. Matar um bicho ou fazê-lo sofrer lança o sujeito no rol da execração. Usar peles de bichos, por exemplo, é encrenca na certa.

Num episódio célebre após o falhado levante comunista de 1935, o advogado católico Sobral Pinto defendia presos ligados ao movimento derrotado e pediu que eles tivessem respeitados pelo menos os direitos previstos pela lei de proteção aos animais.

Arrisco dizer que seremos uma sociedade mais coerente quando a vida humana merecer a mesma defesa radical que merecem hoje as plantas e animais.

No debate do Código Florestal exige-se a perseguição e a punição implacáveis a todos que um dia decidiram ocupar beiras de rio para dali tirar o sustento, seu e de suas famílias.

Aqui as circunstâncias não servem de atenuante.

Já quando alguém menor de 18 anos comete um crime hediondo o vento sopra no sentido contrário: aqui é imperioso olhar atentamente para as circunstâncias. Imperioso reabilitar, dialogar, integrar.

E não simplesmente condenar. Ou punir.

Se o leitor pedir a explicação do desarranjo, dos dois pesos e duas medidas, admitirei que não tenho uma pronta e acabada. Esta coluna é só divagação. Mas desconfio que a raiz esteja mesmo é na desumanização. Ou humanofobia.

O homem visto como estorvo, como vetor daninho, a ser contido e evetualmente removido.

A não ser que persista em "estado natural", signifique isso o que significar. Então o problema não está no homem, mas na civilização, talvez olhada apenas como ampliação das consequências do pecado original.
por Alon Feuerwerker


Frase do Dia

"Liderar não é impor, é conduzir; é tornar cada membro da equipe um apaixonado pela meta, ao compartilhar o sonho do empreendedor.

(Maurício A Costa, no Artigo 'Gente. A Prioridade de Qualquer Empreendimento', no Blog Marcas Fortes



O receio...

Eu tenho receio
De estar no meio
De qualquer ilusão
Pois quando ela acaba
O mundo desaba
Em cima da razão...


Rogério Vinícius Borges Nascente

O medo...

Tenho medo
De qualquer segredo
Que eu possa saber
Pois o que é escondido
É o mais dividido
É o que se quer dizer...


Rogério Vinícius Borges Nascente

Poesia

Fada safada

Ai! Essa fada é safada
Quando afaga, afoga
Maga do tesão
Nem em Deus acredita, Deusa maldita
Tua sina ela dita, tua rendição
Ela é à-toa, tua perdição
Vem, pomba-gira
Pira tua ira
Me vira em tua ação
Amada maga, safada fada
Afoga afaga
Sou teu cão

Débora Duarte

Minha casa em construção: Obra segue lenta. Minuano sopra!

Minha casa em construção: Obra segue lenta. Minuano sopra!: "As coxilhas missioneiras irão amanhacer cobertas de geada A obra segue devagar. Choveu a semana toda aqui em São Luiz Gonzaga (RS). Quant..."