Mensagem para vida inteira

Marcos Coimbra - Eleição 2014, aprender com a história

Boa parte do sistema político e a quase totalidade de nossas elites têm uma relação equivocada com as pesquisas eleitorais. Já vimos o fenômeno em eleições passadas e voltamos a vê-lo agora. Ora torturam os números para eles dizerem o que não conseguem, ora preferem ignorar aquilo que mostram com clareza. Só leem nos resultados o que lhes interessa. Esquecem-se dos acontecimentos do passado e só recorrem a experiências anteriores para, seletivamente, pinçar o que desejam.

Nas últimas duas semanas, tivemos abundantes exemplos dessa mal resolvida relação. As mais recentes pesquisas do Ibope e do Datafolha nada acrescentaram ao que se conhecia dos sentimentos da opinião pública a respeito da situação nacional e do panorama da próxima eleição presidencial. Foram, contudo, objeto de especulações antes da publicação e interpretadas como se trouxessem reviravoltas notáveis.

Está claro que muito dessa marola é ação deliberada de quem sabe ganhar dinheiro ao jogar com as expectativas alheias. Mas ela também nasce da velha torcida, de quem enxerga nas pesquisas aquilo que quer.

Quando se compara o Brasil com os países avançados, chega a ser patético o comportamento de nossos políticos e "formadores de opinião". Tratar uma pesquisa (feita a distância que estamos da eleição) como algo fundamental, dar-lhe importância suficiente para definir o que fazer na política ou na economia, são sinais de subdesenvolvimento e ignorância. Nas democracias maduras, as pesquisas, de tão habituais, tornaram-se elementos quase imperceptíveis da cultura política. Aqui, ainda vão para as manchetes e causam estardalhaço.

Nosso povo é mais sábio. Ao contrário das elites, o cidadão olha as pesquisas com distância e prudência. Toda vez que se fazem levantamentos qualitativos com eleitores das classes populares, enxerga-se uma atitude de curiosidade cautelosa: sabem que existem, conhecem os resultados e os incorporam em interpretações mais amplas do que está em jogo em uma eleição. A velha e surrada suposição de que "os pobres votam em quem está na frente" é um simples preconceito.

Nada do que acontece agora é novidade. Nas duas eleições anteriores comparáveis a esta (em que o presidente em exercício era candidato), o quadro de opiniões em março/abril não era diferente. Tanto em 1998 quanto em 2006, o cenário era notavelmente parecido com o de hoje.

Em março de 1998, Fernando Henrique Cardoso fazia um governo considerado "ótimo" ou "bom" por 38% da população. Em abril, a proporção caiu para 31%. Em maio, foi a 29%. O que significa dizer que, naquela altura, 71% do eleitorado brasileiro não estava nada encantado com seu desempenho. Para alguns dos analistas de pesquisa que hoje pontificam nos veículos da "grande imprensa", com números assim, seria carta fora do baralho. Ganhou no primeiro turno.

Na mesma época de 2006, o governo Lula era avaliado positivamente por 37% dos brasileiros. Patamar parecido com o de FHC (que depois cairia) e Dilma Rousseff nestes dias. Venceu a eleição e só não foi no primeiro turno pela intensidade dos ataques contra sua candidatura.

FHC, Lula e Dilma têm, portanto, pontos em comum: no ano em que disputaram a reeleição, mesmo na liderança nas pesquisas, enfrentaram problemas de popularidade e oscilações nos índices de intenções de voto. A razão é fácil de identificar: à medida que chega ao fim o primeiro mandato e começa a disputa pelo segundo, o eleitorado quer ver resultados e não se satisfaz com o que enxerga.
Lula e FHC superaram as dificuldades assim que foi dada a largada da campanha, em especial quando se iniciou a propaganda na televisão e no rádio. Ambos souberam usar a mídia eleitoral para fazer intensa divulgação de suas realizações. Como lembramos, os dois saíram vitoriosos.

São tão evidentes os paralelismos com o que ocorre com Dilma, que é desnecessário explicitá-los. Sua situação atual é em tudo análoga àquela que seus antecessores enfrentaram com sucesso. Está em suas mãos fazer o mesmo. O que não quer dizer que aqueles que torcem pela sua derrota não se alvorocem a cada pesquisa anunciada. Ou se alegrem com o que acham que indicam, à revelia dos fatos.

O responsável por Dirceu cumprir pena em regime fechado é um *CCC

*Covarde Cínico Canalha

O último preso do mensalão na Papuda
 
Raymundo Costa
 
Faz hoje cinco meses que o ex-ministro José Dirceu está numa cela da penitenciária da Papuda, em Brasília, DF. Dos condenados ao regime semiaberto no julgamento do mensalão, Dirceu é o único que continua preso, muito embora desde 18 de dezembro de 2013 tenha uma proposta formal de trabalho de um escritório de advocacia da capital.
 
Para trabalhar fora e dormir no presídio como os demais condenados ao semiaberto que cumprem pena na Papuda, o ex-ministro depende de uma decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, o executor das sentenças aplicadas no julgamento da AP 470. Uma análise dos eventos desencadeados desde a prisão de Dirceu sugerem que a execução da sentença, em relação ao ex-ministro, é diferenciada.
 
Os recursos que o beneficiariam com o regime semiaberto em geral foram protelados, enquanto rápidas as decisões para mantê-lo no regime fechado. A narrativa das idas e vindas da execução da sentença de José Dirceu revelam uma queda de braço que não faz justiça a um dos melhores momentos do Judiciário, como foi o julgamento do mensalão.
Quando se entregou à Polícia Federal, em 15 de novembro, Dirceu cometeu a imprudência de exibir o punho fechado. Barbosa e outros ministros viram no gesto um desafio a uma decisão legítima da Justiça. Dirceu também apresentou o registro de emprego num hotel de Brasília, por uma salário irreal. Parecia ficção. E era uma trapalhada de seu amigo, o advogado, Carlos Alberto de Almeida Castro, o Kakay.

Nada disso justifica as seguidas protelações. A defesa de Dirceu pediu, em 19 de dezembro do ano passado, autorização para o ex-ministro trabalhar no escritório do advogado José Geraldo Grossi. Em janeiro, os jornais publicaram que Dirceu teria conversado, ao telefone, com o secretário de governo da Bahia, James Correia. O secretário e Dirceu desmentiram que tenham falado ao telefone. Mas a Secretaria de Segurança Pública do DF abriu uma investigação, cuja conclusão foi a de que a conversa não ocorrera.

O Centro de Internamento e Reeducação (CIR), onde Dirceu está preso, também concluiu que a notícia sobre o telefonema era inverídica. Mesmo assim, no dia 24 de janeiro, a Vara de Execuções Penais (VEP) suspendeu por 30 dias a análise do pedido de Dirceu. Alegou que o ex-ministro não foi ouvido na investigação. Nas férias de Barbosa, o presidente em exercício do STF, Ricardo Lewandowski, determinou a retomada da análise do pedido de Dirceu. Argumentou que a investigação nada identificara que sustentasse a denúncia do telefonema. Uma segunda investigação do CIR também concluiu pelo arquivamento do inquérito disciplinar.

Os documentos foram então encaminhados ao ministro Joaquim Barbosa, já de volta ao batente. Ao mesmo tempo o Ministério Público Federal emitiu um parecer favorável a Dirceu. Barbosa é tão rápido em negar quanto Lewandowski de aceitar: o presidente do STF reverteu a determinação do colega. Para justificar a decisão, alegou que Lewandowski deveria ter ouvido o Ministério Público (que já havia dado parecer favorável ao pedido de trabalho) e a VEP.

O presidente do STF pediu, então, a manifestação da Procuradoria Geral da República. A PGR, por seu turno, tomou ciência mas não faz nenhum pedido em relação a diligências ou outras medidas. Simultaneamente a esses eventos, a defesa de Dirceu fez pedidos para Barbosa tomar uma decisão. Sem êxito. Em 24 de fevereiro, um mês depois de suspender por 30 dias a análise do pedido e dizer que Dirceu deveria ser ouvido a VEP, sem nenhuma justificativa, adiou o depoimento do ex-ministro.

Dois dias depois o Ministério Público do DF encaminhou à VEP um pedido para quebrar o sigilo telefônico de todos os números que tenham feito ou recebido ligações, de 1 a 16 de janeiro, entre a região da Papuda e a Bahia. Podem ser milhares. O juiz Bruno Ribeiro, que respondia pela VEP, recebera o pedido do MP havia mais de mês e o mantivera na gaveta. Em 11 de março, Dirceu finalmente é ouvido, por videoconferência, pelo juiz Bruno, na presença de seus advogados e também do Ministério Público do DF.

Nesse meio tempo, reportagens denunciaram privilégios que estariam sendo usufruídos por petistas presos na Papuda. E uma foto de José Dirceu na prisão foi publicada por uma revista. Os incidentes levaram o juiz Bruno a mandar o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares de volta ao regime fechado de prisão (decisão já revogada) e a cobrar explicações do governador do DF, Agnelo Queiroz (PT). A pedido de Agnelo, o Tribunal de Justiça abriu uma sindicância para analisar o comportamento do juiz. Ele não apresentara provas dos supostos "privilégios" e se dirigiu diretamente a Agnelo, sem ter jurisdição para tanto.

O juiz se afastou da VEP. Não sem antes dar por encerrada a investigação e encaminhar os autos para a deliberação do Barbosa. Contraditoriamente, enviou também o antigo pedido do Ministério Público, feito mais de um mês antes, para a quebra de sigilos telefônicos ainda com o objetivo de investigar o suposto telefonema.

Nos dias 2 e 7 de abril a defesa de Dirceu reiterou ao STF o pedido para o ex-ministro trabalhar fora. No dia 4 de abril, os advogados tomaram conhecimento do requerimento do MP para a quebra de sigilos telefônicos. Uma perícia indicou que as coordenadas geográficas apontadas pelo MP incluíam, além da penitenciária da Papuda, o Palácio do Planalto.

No dia último dia 10 a defesa de Dirceu enviou ao STF medida cautelar pedindo urgência no julgamento. Segundo os advogados do ex-ministro, a questão é tratada com "flagrante disparidade" pelo presidente Joaquim Barbosa: em menos de uma semana o ministro cassou decisão de Lewandowski favorável a Dirceu, e em 24 horas tomou uma outra decisão relativa ao juiz Bruno. E no entanto, há dois meses protela a análise do pedido para Dirceu cumprir a pena no regime semiaberto a que foi condenado pela maioria dos ministros do STF.

Aprendendo por linhas tortas

Para mostrar ao filho o valor do dinheiro e tentar diminuir as despesas, a mãe ensinou o menino a fazer uma lista de tudo o que gastava com a sua mesada. Um dia, enquanto fazia as contas, o menino disse:

- Sabe, mamãe, desde que comecei a anotar tudo o que gasto, sempre penso antes de comprar. A mãe foi tomada de contentamento:

- Filho, que coisa maravilhosa. Vejo que você assimilou bem a lição que tentei passar. Meus parabéns! E o menino, cortando o barato:

- Nunca compro nada que seja difícil de escrever.

Aprendendo por linhas tortas

Para mostrar ao filho o valor do dinheiro e tentar diminuir as despesas, a mãe ensinou o menino a fazer uma lista de tudo o que gastava com a sua mesada. Um dia, enquanto fazia as contas, o menino disse:

- Sabe, mamãe, desde que comecei a anotar tudo o que gasto, sempre penso antes de comprar. A mãe foi tomada de contentamento:

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- Nunca compro nada que seja difícil de escrever.

Relator do Plano Diretor narra pressão em prol de aeroporto em área frágil de São Paulo

Boletim de notícias da Rede Brasil Atual - nº 24 - São Paulo, 15/abr/2014
http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2014/04/relator-do-plano-diretor-narra-pressao-em-prol-de-aeroporto-em-area-fragil-de-sao-paulo-3886.html

Relator do Plano Diretor narra pressão em prol de aeroporto em área frágil de São Paulo

http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2014/04/participantes-do-de-bracos-abertos-continuam-reduzindo-consumo-de-drogas-diz-haddad-4412.html

'Participantes do De Braços Abertos mantêm redução de consumo de drogas', diz Haddad

http://www.redebrasilatual.com.br/economia/2014/04/governo-projeta-salario-minimo-de-r-779-em-2015-2591.html

Governo projeta salário mínimo de R$ 779 em 2015,  crescimento de 3% e inflação em 5%

http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2014/04/tvt-receb-concessao-para-transmitir-sua-programacao-digital-em-sao-paulo-7925.html

TVT recebe concessão para transmitir sua programação digital em São Paulo

http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2014/04/justica-considera-zara-responsavel-por-escravidao-e-empresa-pode-entrar-na-lista-suja-3978.html

Justiça considera Zara responsável por escravidão e empresa pode entrar na 'lista suja'

http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2014/04/fifa-organiza-copa-do-mundo-com-trabalho-infantil-332.html

Entidades contestam uso de crianças pela Fifa como gandulas na Copa do Mundo no Brasil

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