Em breve Eduardo Cunha estará na cadeia

Da RBA - Em entrevista exclusiva ao Seu Jornal, da TVT, o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), autor do mandado de segurança impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF), que deteve manobras do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para abrir processo de impedimento contra a presidenta Dilma Rousseff, diz que os que tramam o golpe são "moralistas sem moral", e que quem vai "pôr freio" à escalada golpista vai ser "o Supremo Tribrunal Federal e o povo brasileiro".
"É engraçado isso, a presidenta Dilma sendo julgada por um presidente da Câmara dos deputados que tem contas na Suíça, que mente na CPI e, em breve, estará encarcerado", critica o deputado Wadih, em entrevista à repórter Marina Vianna, que diz ainda que mais da metade dos deputados que subscreveram o pedido de impeachment da presidenta Dilma tem ou teve problemas com a Justiça. "Uma presidenta da República eleita por milhões de brasileiros pode vir a ser julgada por esse tipo de gente", lamenta.

Em 96 FHC já sabia da roubalheira na Petrobras, e não fez nada

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso revela, em "Diários da Presidência – volume 1″, que foi alertado em 16 de outubro de 1996 de que um "escândalo" acontecia na Petrobras. O assunto foi tratado num almoço entre FH e o dono da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch. O executivo havia sido nomeado por Fernando Henrique para o conselho da estatal.
"Eu queria ouvi-lo sobre a Petrobras. Ele me disse que a Petrobras é um escândalo. Quem manobra tudo e manda mesmo é o Orlando Galvão Filho, embora Joel Rennó tenha autoridade sobre Orlando Galvão", diz FH no livro, que será lançado no dia 29.
Galvão Filho era presidente da BR Distribuidora e foi diretor financeiro da Petrobras. Rennó era o presidente da estatal.
FH cita que o mais grave na estatal era "que todos os diretores da Petrobras são os mesmos do conselho de administração", sugerindo um uma má prática de governança e um jogo de cartas marcadas nas decisões da empresa.
"São sete diretores e sete membros do conselho. Uma coisa completamente descabida", segue o relato do ex-presidente sobre a conversa com Steinbruch.
FH relata que havia necessidade de "intervenção" na estatal, mas, apesar da gravidade do fatos, ele não a faria.
"Acho que é preciso intervir na Petrobras. O problema é que eu não quero mexer antes da aprovação da lei de regulamentação do petróleo pelo Congresso, e também tenho que ter pessoas competentes para botar lá", confidencia o ex-presidente.

Briguilinkis

Existem dois FHC

Luis Nassif, no jornal GGN

Existem dois FHC. Um que fala para os iletrados - classe média, empresários pouco politizados, leitores da mídia - e outro que ambiciona falar para os historiadores.

O primeiro se vale de um moralismo rasteiro, primário e de uma falsa indignação. O segundo tenta se mostrar o homem de Estado, frio e calculista, dominando as regras da real politik.

Pelos trechos até agora divulgados, as memórias de governo de Fernando Henrique Cardoso - frutos de gravações que fez durante sua gestão - visam a história. Dê-se o devido desconto para algumas passagens repletas de indagações hamletianas sobre dar e receber. Essas cenas FHC provavelmente gravou olhando-se no espelho e fazendo pose. Nas demais, emerge o político esperto, o homem de Estado cujo maior papel foi ter garantido a governabilidade para que seus economistas implantassem o modelo neoliberal.

Acomodado, pouco ambicioso na implantação de políticas de corte, com baixíssima capacidade de entender os fenômenos do desenvolvimento ou da massificação das políticas sociais, FHC cumpriu competentemente o papel que lhe caiu no colo, de viabilização política de um modelo neoliberal de economia.

Ele admite, então, que em 1996 foi alertado por Benjamin Steinbruch, dono da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) sobre a corrupção na Petrobras, então presidida pelo notório Joel Rennó. Havia a necessidade de intervenção na empresa mas, apesar da gravidade dos fatos, ele nada fez. Segundo ele, não queria mexer no vespeiro antes da aprovação da lei do petróleo.

Em relação ao presidencialismo de coalizão, tem a honestidade de admitir que, sem as concessões, não se governa.

É curioso analisar o discurso atual de FHC, enfático contra o loteamento político, e suas alegações na época, enfáticas na defesa do loteamento político.

"A responsabilidade é minha, a decisão é minha, mas não vou fazer um ministério sem levar em consideração a realidade política. Com a experiência dos últimos anos sei que, se não existe base de apoio político, é muito difícil o governo fazer as modificações de que o Brasil necessita".

"Não estou loteando nada. Estou simplesmente fazendo o que disse que faria: buscaria o apoio dos partidos políticos, das forças políticas da sociedade, e o faria para poder governar tendo em vista a competência técnica", relatou.

É o mesmo presidente que loteou a Petrobras para o grupo de Joel Rennó e admitiu que nada faria para mudar a situação.

É igualmente curiosa sua indignação contra uma CPI dos Bancos, preparada por José Sarney e Jader Barbalho para investigar as jogadas com o Econômico e o Nacional. Taxou a CPI de "falta de juízo absoluto (...) Foi uma manobra para abalar meu poder, para me limitar politicamente, me atingir indiretamente".

É retrato de outros tempos, a maneira como enfrentou as denúncias da Pasta Rosa - com documentos comprovando o financiamento de campanha de vários políticos pelo Banco Econômico. A Polícia Federal intimou o presidente da Câmara, Luiz Eduardo , filho do senador Antônio Carlos Magalhaes. A reação de FHC foi imediata: "A Polícia Federal foi além dos limites desse tipo de mesquinharia (...) Em todo caso, o procurador Brindeiro colocou um ponto final nisso".

Por tudo isso, não se tenha dúvida que, em um ponto ele foi nitidamente superior a Lula: na capacidade de entender o jogo dos demais poderes de Estado - Polícia Federal, Ministério Público, Justiça - e saber conservá-los sob redea curta.

Briguilinkis

Dilma Invocada responde aos podres poderes

Meus sigilos e dos meus familiares estão a disposição de todos. Não precisa pedir permissão aos poderes - Executivo, Legislativo, Judiciário - nos investiguem.

O título é uma piada

"O equilíbrio militar estratégico foi transtornado"

Por Thierry Meyssan, no Red Voltaire (tradução revisada por Ricardo Cavalcanti-Schiel)

A intervenção militar de Moscou na Síria não apenas revirou a situação militar no terreno e semeou o pânico entre os jihadistas. Ela vem mostrando ao resto do mundo, em situação de guerra real, a atual capacidade das forças armadas russas. Para surpresa geral, elas dispõem de um sistema de interferência capaz de deixar a OTAN surda e cega. A despeito de ter um orçamento muito superior, os Estados Unidos acabam de perder a sua supremacia militar.

A intervenção militar russa na Síria, que poderia ser uma aposta arriscada para Moscou diante dos jihadistas, transformou-se numa manifestação de poderio que transtorna o equilíbrio estratégico mundial [1]. Concebida inicialmente para isolar os grupos armados apoiados por Estados que violam as resoluções do Conselho de Segurança da ONU a esse propósito, para em seguida destruí-los, a operação foi conduzida de modo a cegar o conjunto dos atores ocidentais e seus aliados.

Estupefato, o Pentágono está dividido entre os que tentam minimizar os fatos, tentando encontrar uma falha no dispositivo russo, e aqueles que, pelo contrário, consideram que os Estados Unidos perderam a sua superioridade em matéria de guerra convencional, e que serão necessários muitos anos para recuperá-la [2].

Há que se lembrar que em 2008, quando da guerra da Ossétia do Sul, mesmo que as forças russas tenham sido capazes de repelir o ataque georgiano, acabaram mostrarando ao mundo o estado deplorável do seu equipamento. Ainda há dez dias atrás, o antigo secretário da Defesa, Robert Gates, e a ex-conselheira de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, falavam do exército russo como uma força de "segundo nível" [3].
Como é que, então, a Federação da Rússia conseguiu reconstruir a sua indústria de defesa para conceber e produzir armas da mais alta tecnologia, sem que o Pentágono percebesse a amplitude do fenômeno, deixando-se ficar para trás? Os russos utilizaram todas as suas novas armas na Síria, ou ainda dispõem de outras maravilhas de reserva? [4]

O mal-estar é tão grande em Washington que a Casa Branca acaba de cancelar a visita oficial do Primeiro Ministro Dmitry Medvedev e de uma delegação do Estado-Maior russo. A decisão foi tomada após uma visita idêntica de uma delegação militar russa à Turquia. É inútil discutir as operações na Síria quando o Pentágono não sabe mais o que acontece lá. Furiosos, os "falcões liberais" e os neo-conservadores exigem a retomada de um orçamento militar arrojado e obtêm a suspensão da retirada das tropas do Afeganistão.

Da forma mais estranha que se possa considerar, os analistas da OTAN, que assistem à ultrapassagem do poder militar dos EUA, denunciam o perigo de um imperialismo russo [5]. Mas no fim das contas, a Rússia não está fazendo outra coisa que salvar o povo sírio, ao mesmo tempo em que propõe a outros Estados trabalhar em cooperação com ela, enquanto os Estados Unidos, enquanto detinham a supremacia militar, apenas impunham o seu sistema econômico e destruíam vários Estados.

É forçoso constatar que as declarações incertas de Washington durante o deslocamento russo, antes da ofensiva, não devem ser interpretadas como uma adaptação política lenta da retórica oficial, mas sim, pelo que elas realmente expressam: o Pentágono desconhecia o que se passava no terreno. Ele se tornara surdo e cego.

Um sistema de interferência generalizado

Sabe-se, desde o incidente do USS Donald Cook no mar Negro, em 12 abril de 2014, que a Força Aérea russa dispõe de uma arma [o sistema de guerra eletrônica Khibiny (L-175V)] que lhe permite interferir em todos os radares, circuitos de controle, sistemas de transmissão de informação etc. [6]. Desde o início do deslocamento militar, a Rússia instalou um centro de interferência em Hmeymim, ao norte de Latakia.

Subitamente, o incidente do USS Donald Cook repetiu-se, mas, desta vez, num perímetro de 300 km; incluindo a base da Otan em Incirlik (Turquia). E ainda persiste. Tendo o evento ocorrido durante uma tempestade de areia de intensidade histórica, o Pentágono acreditou a princípio que os seus instrumentos de vigilância haviam sido afetados, antes de constatar que eles tinham sido deliberadamente neutralizados. Todos alvo de interferência electrônica.

Ora, a moderna guerra convencional se assenta no "C4i", uma sigla que corresponde aos termos em inglês: "command" (comando), "control" (controle), "communications" (comunicações), "computers" (computadores) e "intelligence" (inteligência). Os satélites, aviões e drones, navios e submarinos, blindados, e agora até mesmo os combatentes, estão ligados uns aos outros por comunicações permanentes, que permitem aos estados-maiores comandar as batalhas. É todo este conjunto, o sistema nervoso da Otan, que está agora eletronicamente empastelado na Síria e numa parte da Turquia.

Segundo o perito romeno Valentin Vasilescu, a Rússia teria instalado vários Krasukha-4, teria equipado os seus aviões de aparelhos de guerra electrónica [KNIRTI] SAP / SPS-171 (como o avião que sobrevoou o USS Donald Cook), e os seus helicópteros Richag -AV. Além disso, usaria o navio-espião Priazovye (da classe Projecto 864, Vishnya na nomenclatura da Otan), no Mediterrâneo [7].

Parece que a Rússia assumiu o compromisso de não perturbar as comunicações de Israel ― domínio de proteção norte-americano ―, de modo que se absteve de implantar o seu sistema de interferência no sul da Síria.

Na realidade, as aeronaves russas chegaram a dar-se ao luxo de violar repetidamente o espaço aéreo turco. Não para medir o tempo de reação da sua Força Aérea, mas para verificar a eficácia da interferência electrônica nessa zona, de modo a poder vigiar as instalações colocadas à disposição dos jihadistas na Turquia.

Mísseis de cruzeiro de alto desempenho

Por fim, a Rússia utilizou várias novas armas, como os 26 mísseis de cruzeiro furtivos 3M-14T Kaliber-NK, equivalentes aos RGM/UGM-109E Tomahawk [8] . Disparados a partir da Frota do Mar Cáspio ― o que não tinha nenhum fundamento militar ―, eles atingiram e destruíram 11 alvos situados a 1.500 km de distância, na zona não interferida ― de maneira que a Otan pudesse apreciar o desempenho―. Estes mísseis sobrevoaram o Irã e o Iraque, a uma altitude variável de 50 a 100 metros, segundo o terreno, passando a quatro quilómetros de um drone norte-americano. Nenhum se perdeu, ao contrário dos americanos cujos erros se situam entre os 5 e os 10%, segundo os modelos [9].

De passagem, estes disparos demonstraram a inutilidade das despesas faraônicas do "escudo anti-mísseis" construído pelo Pentágono em torno da Rússia — mesmo que fosse oficialmente justificado como dirigido contra os lançadores iranianos.

Sabendo que estes mísseis podem ser disparados a partir de submarinos, localizados em qualquer ponto dos oceanos, e que eles podem transportar ogivas nucleares, os russos recuperam o seu atraso em termos de lançadores.

Em última análise, a Federação Russa, em caso de confrontação nuclear, seria destruída pelos Estados Unidos — e vice-versa — , mas sairia vencedora em caso de guerra convencional.

Apenas os russos e os sírios estão em condições de avaliar a situação no terreno. Todos os comentários militares vindos de outras fontes, aqui incluídos os jihadistas, são infundados, porque só a Rússia e a Síria têm agora uma visão completa do terreno. Ora, Moscou e Damasco querem tirar o máximo de proveito da sua vantagem, e mantêm, dessa forma, o conveniente sigilo sobre as suas operações.

Dos poucos comunicados públicos, e confidências de oficiais, pode-se concluir que pelo menos 5.000 jihadistas foram mortos, entre os quais numerosos chefes da Ahrar al-Sham, da al-Qaida e do Emirado Islâmico. Pelo menos 10.000 mercenários fugiram para a Turquia, Iraque e Jordânia. O Exército Árabe Sírio e o Hezbolla reconquistaram o terreno sem esperar pelos anunciados reforços iranianos.

A campanha de bombardeios deverá terminar no Natal ortodoxo. A questão que se colocará então será a de saber se a Rússia estará autorizada, ou não, a terminar o trabalho, perseguindo os jihadistas que se refugiam na Turquia, no Iraque e na Jordânia. Se assim não for, a Síria estará salva, mas o problema não terá sido resolvido por completo. Os Irmãos Muçulmanos não deixariam de procurar uma revanche, e os Estados Unidos de os utilizar, de novo, contra outros alvos.

[1] "Russian Military Uses Syria as Proving Ground, and West Takes Notice", Steven Lee Myers & Eric Schmitt, The New York Times, October 14, 2015.

[2] "Top NATO general: Russians starting to build air defense bubble over Syria", Thomas Gibbons-Neff, The Washington Post, September 29, 2015.

[3] "How America can counter Putin's moves in Syria", by Condoleezza Rice, Robert M. Gates, Washington Post (United States), Voltaire Network, 8 October 2015.

[4] O único estudo disponível está bem abaixo da realidade : Russia's quiet military revolution and what it means for Europe, Gustav Gressel, European Council on Foreign Relations, October 2015.

[5] «Russisches Syrien-Abenteuer: Das Ende der alten Weltordnung», Matthias Schepp, Der Spiegel, 10. Oktober 2015.

[6] "O que é o que assustou o navio de guerra americano no Mar Negro?", Tradução Alva, Rede Voltaire, 21 de Setembro de 2014.

[7] «Cu ce arme ultrasecrete a cîstigat Putin suprematia în razboiul radioelectronic din Siria ?», Valentin Vasilescu, Ziarul de gardã, 12 octobre 2015. Versão francesa : «L'arme ultrasecrète qui permet à Poutine d'assoir sa suprématie dans la guerre radio électronique en Syrie ?», Traduction Avic, Réseau international.

[8] "KALIBRating the foe: strategic implications of the Russian cruise missiles' launch", by Vladimir Kozin, Oriental Review (Russia), Voltaire Network, 14 October 2015.

[9] Após ter anunciado o contrário, os Estados Unidos tiveram que admitir os fatos : "First on CNN: U.S. officials say Russian missiles heading for Syria landed in Iran", Barbara Starr & Jeremy Diamond, CNN, October 8, 2015. "Moscow rejects CNN's report on Russian missile landing in Iran", IRNA, October 8, 2015. "Daily Press Briefing", John Kirby, US State Department, October 8, 2015. "Пентагон не комментирует сообщения о якобы упавших в Иране ракетах РФ", RIA-Novosti, October 8, 2015.