A hipocrisia e cinismo do dia

"Somos todos, da geração de membros do Ministério Público, defensores do estado democrático de direito da República e da democracia" e que "esse novo perfil que se aproxima, como nunca, das expectativas legitimas da sociedade civil". 
(...) 
"Se deste incidente decorreu grande espetacularização, ela não é patrocinada pelo Ministério Público paulista ou por seus membros, é do oficio dos promotores a serenidade. Não nos move a vaidade pessoal mas a técnica juridica. Nosso Ministério Público é republicano e democrático, conserva a isenção", afirmou o Procurador-Geral de Justiça do MPSP, Márcio Elias Rosa.

Meu comentário:
O MP de fato na sua absoluta maioria é um braço político a serviço da direita. Assim como o judiciário e a imprensa. Resumindo: Faz parte da quadrilha do Psdb.
Corja!

Vivemos sob ordens de bandidos togados

Não há mais garantias constitucionais no Brasil, por Weden

Por Weden

A prisão do empresário João Santana é só mais um capítulo da interrupção das garantias constitucionais no Brasil para quem não participa da frente de retomada do poder montada pelo PSDB (representante de certos setores empresariais e financistas), magistrados, agentes da Polícia Federal e Ministério Público, com o apoio estratégico e definitivo de bilionárias corporações de mídia. Não é novidade. Os poderes discricionários só atacam seus inimigos e os infiéis.

Mais esta vítima do estado de exceção estará preso sem julgamento por quanto tempo o poder abusivo quiser, sem qualquer resguardo da lei. Desde o fim da ditadura em 1985, não imaginávamos que poderíamos voltar a este estágio.

Longas prisões sem julgamento; tortura psicológica em cadeias; prisões sem mandado; perseguição política a um ex-presidente (como o fora em outra época a Jango e Juscelino); tentativa de intimidação a advogados, vitimados por calúnias e difamações; relações promíscuas entre Ministério Público e bilionárias corporações empresariais (as mídias); juízes em conluio com fins partidários e golpistas; ameaças, chantagens, extorsões, vazamentos de informação criminosos e escutas clandestinas.

Não há mais nada que falte acontecer para que seja caracterizado o estado de exceção no Brasil, já plenamente em vigor. E é assustador que o Procurador Geral da República o alimente; que o Supremo Tribunal Federal o acoberte; que o Ministro da Justiça o apoie; e que uma presidente da República, em estado de lassidão, não reaja. De qualquer forma, a história os cobrará.

O Brasil vive o pior momento desde o AI-5. Voltamos à barbárie jurídica.

Briguilinks

FHC não responde por que, culpa no cartório?

Os acontecimentos relativos à vida pessoal do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) não interessam a ninguém. Desde a semana passada, a revelação de que FHC foi amante da jornalista Mirian Dutra Schmidt entre os anos 1980 e 1990 e ser pai de um de seus filhos está nos principais portais de notícias do Brasil. A questão pessoal do ex-presidente pouco importa. Mas, em todo esse imbróglio, apareceram indícios de mau uso de dinheiro público, relações escusas com diretores da Rede Globo e da revista Veja e acusações que também atingem o senador José Serra (PSDB-SP). Esses fatos, sim, são de interesse da população. Abaixo, listamos sete questões que necessitam de explicações de FHC.

1 – A empresa Brasif S.A. Exportação e Importação foi usada por Fernando Henrique Cardoso para enviar dinheiro para Mirian Dutra Schmidt e seu filho no exterior?

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Mirian afirma que a Brasif, uma empresa que explorava free shops em aeroportos brasileiros com sede nas Ilhas Cayman, foi usada por FHC para enviar recursos a ela e seu filho enquanto moravam no exterior. As transferências eram feitas por meio de um contrato fictício de trabalho, com duração de dezembro de 2002 a dezembro de 2006. Ela nunca trabalhou na função estipulada pelo contrato. O acordo teria sido mediado pelo lobista Fernando Lemos, então casado com a irmã da jornalista, Margrit Dutra Schmidt. Fernando Lemos foi conselheiro pessoal de FHC durante a corrida presidencial de 1993.

2 – Como FHC teve recursos para comprar, à vista, um apartamento de  € 200 mil (cerca de R$ 870 mil) para o filho em Barcelona, além de pagar pelo menos U$ 60 mil ao ano (quase R$ 240 mil) para ele estudar em uma das melhores universidades norte-americanas?

A jornalista afirma que o tucano fez todos esses investimentos em favor do filho. O ex-presidente se aposentou em 1968, aos 37 anos, como professor da Universidade de São Paulo, e hoje recebe aposentadoria de cerca de R$ 22 mil. Também é aposentado como presidente da República, além de dar palestras. Ainda assim, os valores do apartamento e da anuidade universitária saltam aos olhos.

3 – FHC e o diretor de redação da Veja fizeram um acordo para enganar os leitores  da revista sobre a paternidade da criança?

Uma reportagem publicada pela revista Veja em 1991, pouco antes de o filho de FHC nascer, atribui uma frase a Mirian: "O pai da criança, um biólogo brasileiro, viajou para a Inglaterra para fazer um curso e voltará para o Brasil na época do nascimento do bebê". A jornalista, porém, afirma que a história foi inventada para despistar que a criança viria a ser herdeira do político. "Foi uma armação entre Fernando Henrique e Mário Sérgio". Ela se refere a Mário Sérgio Conti, então diretor de redação da revista Veja, hoje apresentador da GloboNews. A pergunta é inevitável: FHC tinha influência editorial sobre a publicação da então revista mais respeitada do País?  Questionado pelo DCM acerca do assunto, Conti se negou a dar qualquer declaração.

Rede Globo e FHC - Inépcia ou má fé? Ou uma mistura de inépcia com má fé?

Me pergunto o que levou a mídia a não juntar duas coisas de conhecimento geral na era FHC.

A primeira foi o favor que a Globo fez a FHC ao tirar de cena uma amante que poderia comprometer suas ambições presidenciais.

A segunda, anos depois, foi o empréstimo bilionário do BNDES que no governo FHC salvou a Globo da quebra, por investimentos ruinosos em tevê a cabo.

Não ocorreu a ninguém que ali provavelmente estivesse ocorrendo uma troca de favores?

E no entanto pistas não faltaram.

A Bandeirantes afirmou que o contribuinte não podia arcar com a incompetência da Globo.

Uma emissora que fizera pedido de empréstimo no BNDES disse que ouvira como resposta que a norma do banco era não emprestar dinheiro – do povo, aliás – para a mídia.

Por que, então, com a Globo foi diferente?

A diferença, está claro, é que FHC estava nas mãos dos Marinhos. Como ele se atreveria a rejeitar uma solicitação da qual dependia a sobrevivência de quem guardava uma história que arrasaria sua reputação?

A Globo sabidamente executa feridos. Você pode imaginar as represálias que viriam. Rapidamente Mírian Dutra seria recambiada para o Brasil.

O que aconteceu agora seria antecipado em muitos anos, com a chancela e a cobertura da Globo.

A Globo logo daria um jeito de tocar também no escândalo da compra da emenda da reeleição pelo tesoureiro e melhor amigo de FHC, Sérgio Mota.

Fica claro agora por que a Globo silenciou sobre o assunto. Fazia parte da proteção ao companheiro.

Mas, se não o empréstimo salvador não saísse, a amizade estaria automaticamente rompida.

E ninguém ignora o que a Globo faz quando uma amizade deixa de ser correspondida.

FHC seria destruído.

Seu lugar na história seria o de um corrupto. Um mau pai. Um mau marido. Um mau amante. E um usurpador: logo dariam um jeito de outorgar a Itamar Franco a real autoria do Plano Real, reivindicada por FHC.

O pretensioso sociólogo, que se julgava melhor que todo mundo, viraria um pária, uma calamidade na história nacional, um Collor piorado.

Como a mídia não ligou os pontos?

Falei em inépcia, falei em má fé. Mas pode ser também que outros grandes grupos também tivessem sido abençoados com o dinheiro fácil do contribuinte. Todos temos noção do tamanho das verbas publicitárias do governo federal.

Aumentá-las ou diminuí-las pode determinar a vida ou a morte das empresas jornalísticas, visceralmente dependentes do dinheiro público.

É imperioso romper essa dependência.

Que o governo adote a base zero na hora de planejar seus gastos em propaganda. Base zero é refletir minuciosamente sobre cada gasto, em vez de inercialmente reproduzir investimentos passados.

Nas sociedades avançadas, os governos anunciam apenas em serviços de utilidade pública.

Repare. Os mesmos jornais que pedem incessantemente cortes nas despesas jamais fizeram menção aos bilhões que o governo torra em publicidade.

O episódio FHC-Globo é uma prova de que já passou há muito tempo da hora de a mídia submeter-se a um choque verdadeiro de capitalismo.

As empresas jornalísticas fingem defender o capitalismo – mas na prática vivem num feudalismo indecente.