Janio de Freitas: a gorilagem do miliciano

A banana gestual que Bolsonaro dirigiu a um grupo de jornalistas, sem sequer pergunta ou observação que o incomodasse, fez mais do que um instante apalhaçado em telejornais mundo afora.
Proporciona uma síntese e um símbolo da concepção que a gorilagem faz não só dos jornalistas, mas de toda a sociedade que eles representam, na intermediação entre os homens e a vida do seu planeta.
No país em que ao ocupante da Presidência é admitido gesticular bananas, quando não insultos verbais, o que um moleque faz ao caluniar uma jornalista admirável por todos os bons motivos, como Patrícia Campos Mello, é identificar-se com o seu presidente.

Note-se, também como próprio deste tempo, outro fator que os identifica. Liga-os até em comprometimento pessoal e de fora da lei. O moleque trabalhou na produção de mensagens em massa, por internet, que fraudaram a disputa eleitoral para favorecer Bolsonaro.

Coisas assim permitem alargar muito o conceito de parasita restringido por Paulo Guedes aos funcionários públicos (sem esquecer, nesse conceito, que os militares também são funcionários públicos).

O próprio Paulo Guedes é, em pessoa, um exemplar notável de parasitismo, na margem do serviço público mas às custas dele. Sua riqueza veio de operar com e para fundos de pensão. De servidores.
Nada mais parasitário do que esse tipo de atividade, que faz fortunas com o que servidores trabalharam para ganhar e dispor no futuro (e nem sempre receber, ao menos na porção correta, como está implícito nos escândalos de desvios e alegadas más aplicações de vários fundos, por dirigentes e seus operadores. Também isso o hoje ministro conhece como especialista do setor).
Paulo Guedes é um exemplar típico do economista de mercado, esses que adulteram o conceito de liberal para sob ele se esconderem. São economistas transgênicos. Condição em que Paulo Guedes constrói com palavras as bananas dirigidas à população.
Com elas e com seus projetos de reforma, tem mostrado o que de fato querem os liberais transgênicos.
Em breve confissão da sua repugnância à ida de empregadas domésticas à Disney, seja por conta própria ou como empregadas mesmo, Guedes desnudou o inimigo da redução de desigualdades —sociais, econômicas, étnicas, educacionais— que há em cada economista de mercado e nos seus seguidores na política e no jornalismo.

O ministro Caco Antibes

Entre as expressões que ficaram para além dele, Leonel Brizola criou uma de rara profundidade.

"A maldição dos pobres".

Foi, originalmente, usada para Moreira Franco, quando este assumiu o governo na onda do Plano Cruzado e começou a destruir os Cieps.

33 anos depois, é provável que aconteça mais uma "edição" de tal praga rogada.

A quinta-feira promete tremor nos mercados financeiros, com o aumento do número dos diagnósticos significando que a retração econômica na China está sujeita a durar mais tempo e, pior, se o número do IBGE sobre o setor de serviços acompanhar a direção de queda registrada na indústria e no comércio.

Mas é o episódio de grosseria "sincera" de Guedes, defendendo o câmbio alto e debochando das empregadas domésticas o que responderá pelos abalos do dia, já antecipado por quedas fortes nas bolsas asiáticas e europeias e pelo premarket de Wall Street.

A capa do Extra captou a mensagem.

Fernando Brito - Tijolaco

Humor

- Briguilino, como faço para ter um montão de muié dando em cima de mim?

- Vai morar no subsolo de um motel.