Posava de marrento, não passa de uma barata de esgoto

O sujeito vai em um enterro afrontar a família de uma criança morta. Gosta de posar de "marrento" ostentando arma estatal e distintivo policial. É militarista mas acha que pode desacatar oficial e ficar por isso mesmo. Finalmente aconteceu o óbvio: perdeu a arma e a carteira funcional. Aí posta vídeo se borrando de medo, por estar na mesma situação da turma que costumava afrontar. Esse é o tipo de barata de esgoto que saiu depois que destamparam os bueiros do país.

por Alexandre Vasilenskas

Bom dia

Para hoje quero apenas continuar vivendo sem fingir, sem julgar, sem adular, agradecendo e amando como sempre.
Só isso.
Bom dia 

Economia: no papel e em cabeça oca cabe tudo

Quando o Brasil cresceu 7,5% em 2010, os liberais disseram que foi por conta do plano real, de 1994. Já o PIB fracassado de 2019, é culpa da nova matriz econômica, a de 2012. Há também os que recorrem ao futuro: na Globo News, um especialista em Economia disse que o PIB de 2019 foi um desastre por conta do coronavirus de 2020. Em 2036, se o teto dos gastos cair e o Brasil voltar a crescer de forma descente, os liberais dirão que o crescimento é decorrente do sucesso do próprio teto de gastos aprovado em 2016 e da reforma da previdência de 2019. No papel, tendo tinta, cabe tudo... 
David Deccache

Diário do bolso, por @diariodobolso

"Diário, ontem foi um dia cheio. Cheio de porcaria! Mas por que será que elas aconteceram? Por que será? Olha só:

- O Ronaldinho Gaúcho, meu embaixador do Turismo, foi preso por usar passaporte falso. Embaixador do Turismo preso com passaporte falso já é ruim. Mas onde isso aconteceu? No Paraguai! Pô, aí é vergonha demais! Diário, por que será que tem tanto pilantra ao meu redor? Por que será?

- O Flávio está tentando pela nona vez parar a investigação das rachadinhas. Vai tentando, meu filho, vai tentando. Uma hora a petição cai no colo do juiz certo. Aliás, por que será que tem tanta gente com problema com a lei em volta de mim. Por que será?

- Descobriram que a Bolsofeios, aquela ótima página que atacava o Rodrigo Maia, o STF e uns jornalistas, foi feita no gabinete do Dudu. E aí a página saiu do ar rapidinho. Mas, pô, ela foi registrada a partir do telefone do Eduardo Guimarães, secretário parlamentar do Dudu, e o email do registro da página é eduardo.gabinetesp@gmail.com. Assim dá na vista! Por que será que tanto amador em volta de mim. Por que será? 

- A Regina Duarte assumiu ontem numa cerimônia bacana, onde ela falou de pum e de palhaçada. Mas todo mundo só comenta que ela, a Damares e a Michele pareciam três galinhas d'angola com aqueles vestidos de bolinhas. Por que será que tem tanta gente com mau gosto em volta de mim? Por que será?

- O Olavo está enchendo o saco porque a Regina mandou uns afilhados dele pra rua. Por que será que tem tanto chupim perto de mim? Por que será?

- Pô, Diário, eu preciso de 492 mil assinaturas para fazer o meu partido. Mas até agora a gente já teve 13.977 assinaturas rejeitadas e só 5.499 validadas. Inclusive, sete dos rejeitados eram defuntos. Por que será que tanta falsidade me persegue, por que será?

- E deu certo levar um humorista para falar com a imprensa. Comentaram mais o Carioca do que o pibinho de 1,1%. E nem reparam que o PIB, medido pelo dólar, foi pior ainda. Aí ele teve queda de 4,8%. Um número pior que o do pior ano da Dilma! Por que será que tem tantos números ruins me cercando, por que será?

Olha Diário, aconteceu tanta coisa ruim ontem... Por que será? "

@diariodobolso

Mensagem do dia

Gostei demais desta mensagem. Leiam com atenção e reflitam: 

A fala do corpo, por Silvia Mendonça

O meu corpo é um grande tagarela: fala demais porque sente demais. Tantas vezes percebi-me querendo ser tudo para todos e, então, gritei, irritada: Por que não te calas, ó corpo? Porém, ninguém consegue calar um corpo a não ser com outro corpo: por isso buscamos o amor.

Estou tentando dizer o óbvio, sobre um assunto tão discutido, filosofado, vulgarizado: o corpo fala. Mas há que se ter cuidado com a fala do corpo, pois qualquer gesto mais ousado, mesmo o mais ínfimo, é como um grito. Muitas vezes, grito de desespero, de socorro, de pedido de ajuda. Noutras, de negação, de desistência. Quem presta atenção em nós, se não nós mesmos, deixando-nos levar por um ou outro estado? Depende do gesto, e do intento! A compreensão, quando acontece, vem despida da compaixão. Infelizmente!

Se nem sempre me reconheço em meu próprio espelho, como alguém poderia reconhecer-me, imagem opaca de mim? Também não se deve esperar muito dos outros, pois estes, assim como eu, tem corpos, que falam, gritam - e eu nem sempre ouço, ensurdecida pelos meus próprios gritos. Sinto-me egoísta, incapaz de compartilhar falas, acudir aos gritos que não superam os meus.

Mas o meu corpo não apenas grita: ele dança, e canta a plenos pulmões uma música que só ele conhece. E por mais que eu tente entendê-lo em suas reviravoltas e harmonias, ele me é um ser estranho, bailando em torno do meu espírito - este, sim, o maestro, arranjador e coreógrafo.

É impressionante como o meu espírito consegue dialogar com o meu corpo, sua acolhedora moradia. Então, percebo que o corpo é apenas uma marionete, pois é o espírito que fala. Muitas vezes dos seus desejos, do que necessita para ser compreendido. É o espírito manipulando o corpo, falando de sonhos, de amor, de luta - procurando entender a vida, aos outros, a si próprio.

Tanta reviravolta nos cordéis do corpo, girando-o daqui para lá, de lá para cá, só para dizer que os desejos sexuais são os mais tagarelas. Falam através da força selvagem da libido, mas não apenas como vontade de afirmação do corpo - o espírito, mestre, mais do que o corpo precisa do amor, do aconchego, de sentir-se feliz e amado.

Ouça a fala do meu corpo: podes escutá-la? Ela está cantando a melodia do espírito. Um canto de encantamento, acompanhado por uma harpa mágica, dedilhada pelo coração. Uma fala nem tão compreensível, reconheço, pois vivemos em mundo distintos, mergulhados em nossas diferenças e ousadias. Quem sabe um sentimento "tradutor" possa ajudar-nos na tarefa de tentar que um compreenda a fala do outro, mesmo que a minha seja dialeto; a tua, oficial.

[MENDONÇA, Silvia - 08/07/2008]