Passeio pela mionsfera, por Luis Felipe Miguel
A praga e o verme
POR ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, o Kakay, advogado criminalista
"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome" (Clarisse Lispector)
" Aquele que luta com demônios deve acautelar-se para não tornar-se um também. Quando se olha muito tempo para o abismo, o abismo olha para você." (Friedrich Nietzsche)
O Inimputável hoje resolveu desafiar a tudo e a todos e foi para as cidades satélites de Brasília a cumprimentar e a andar entre as pessoas.
Desafia a orientação técnica do seu governo, que prega o isolamento. Descumpre a orientação da OMS. Desafia o bom senso, a boa fé das pessoas, principalmente as mais dedicadas a ele. Infringe qualquer norma de inteligência.
Chegou a hora, ou já passou esta hora, de pará-lo.
Onde está o Chefe da Procuradoria Geral da República que não se manifesta? Onde anda o inepto do Ministro da Justiça que não faz cumprir sua própria Portaria?
Omissões criminosas. Todos nós sabemos que o Judiciário, o Supremo Tribunal Federal, só age se provocado. Urge que, no silêncio que cresce como um câncer, uma praga, o Congresso Nacional se manifeste.
Independente do Inimputável estar ou não infectado sua atitude deve ser levada aos Tribunais para que ele seja responsabilizado . Se não existe clima político no país para o impeachment, ou para a Interdição, e eu penso que há, é necessário recorrermos ao Estatuto de Roma que expressamente prevê a responsabilização por crimes contra a humanidade.
Ou nós resgatamos um pouco da humanidade que ainda resta no sofrido povo brasileiro ou seremos vítimas da praga e do verme.
Bolsonaro mira o juízo final, por Ricardo Cappelli
Nova cara para o caos, por Janio de Freitas
Fábula
A direita no fundo do poço, por Dodô Azevedo
Impeachment pode ser pouco para Bolsonaro, por Bernardo Mello Franco - O Globo
Os desvarios de Jair Bolsonaro não cabem mais na esfera da política. Quando o presidente se torna uma ameaça à saúde pública, sabotando o esforço nacional contra a pandemia, seus atos devem ser submetidos aos tribunais.
Nos últimos dias, a Justiça começou a impor freios ao Capitão Corona. O Supremo derrubou duas canetadas odiosas: o corte de 158 mil benefícios do Bolsa Família e a MP que mutilou a Lei de Acesso à Informação.
Para surpresa de ninguém, Bolsonaro tentou usar a crise para garfar miseráveis e reduzir a transparência do governo. As medidas foram invalidadas pelos ministros Marco Aurélio Mello e Alexandre de Moraes. Em tempo: nenhum deles foi indicado por governos do PT.
Depois das derrotas no Supremo, o presidente passou a apanhar na primeira instância. Na sexta, o juiz Márcio Santoro Rocha suspendeu a autorização para igrejas e casas lotéricas retomarem as atividades normais. Horas depois, a juíza Laura Bastos Carvalho mandou tirar do ar a campanha publicitária que incentivava a população a voltar às ruas.
Nos dois casos, o capitão driblou a lei para agradar a clientela. Na MP do Dízimo, ele subverteu o conceito de atividades essenciais para beneficiar mercadores da fé e empresários do ramo de apostas.
Em outra frente, a Secom planejava bombardear os cidadãos com propaganda contra a quarentena. A campanha "O Brasil não pode parar" torraria R$ 4,8 milhões num momento em que falta dinheiro para ampliar a oferta de leitos e equipar os hospitais.
As quatro decisões ainda podem ser revistas, mas apontam um caminho para frear o presidente pela via judicial. Ao torpedear políticas de isolamento que podem salvar milhares de brasileiros, Bolsonaro extrapola os poderes de chefe de Estado. Age como um líder de seita que tenta conduzir o rebanho ao suicídio coletivo.
Quando a epidemia passar, a abertura de um processo de impeachment pode ser pouco para enquadrar o presidente. Se sua cruzada contra a vida prosperar, ele se candidatará a uma denúncia ao Tribunal Penal Internacional, que julga crimes contra a Humanidade.