Talvez seja assim...ou não

QUANDO TUDO TERMINAR (Autor desconhecido) 

Vamos sair com o cabelo mais comprido e mais branco.
Com as mãos e casas limpas e roupas antigas.
Com medo e vontade de estar fora.
Com medo e vontade de conhecer alguém.
Vamos sair com os bolsos vazios e as dispensas cheias.
Nós saberemos fazer pão e pizza e aprendemos a não desperdiçar a comida que pode faltar...
Lembraremos que um médico ou enfermeiro deve ser aplaudido mais do que um jogador de futebol, e que o trabalho de um bom professor não pode ser substituído por uma tela.
E que costurar máscaras, em certos momentos, é mais importante do que fazer alta moda.
Que a tecnologia é muito importante, na verdade vital, quando é bem usada, mas pode ser prejudicial se alguém quiser usá-la para fins próprios.
E que nem sempre é indispensável entrar no carro e fugir quem sabe para onde...
Vamos sair mais sozinhos, mas com vontade de estar juntos.
E vamos entender que a vida é boa porque você vive.
E que somos gotas de um mar.
E que só juntos conseguiremos sair de certas situações.
Que às vezes o bem ou o mal, vem de quem você menos espera.
E vamos olhar para o espelho.
E vamos decidir que talvez o cabelo branco não seja assim tão mau.
E que a vida em família é importante e amassar pão para eles nos faz sentir importantes.
E aprenderemos a ouvir respirações, os golpes de tosse, e a olhar nos olhos, para proteger a quem amamos.
E respeitar algumas regras básicas de convivência.
Talvez seja assim.
Ou não.
Mas esta manhã, num dia de outono aqui e primaverá lá, eu quero esperar que tudo seja possível e que se possa mudar para melhor.
Proteja a vida.

Desconheço a autoria. Quem souber diga nos comentários e darei os créditos 

Eles sempre esteviram no meio de nós, por Rafael Patto

Eles sempre estiveram no meio de nós.

A deformidade de caráter dessas pessoas que, em meio a uma pandemia, ousam fazer um carnaval em plena Avenida Paulista e ainda desfilam com um caixão como alegoria não é coisa nova.

São perversos no mais alto grau. Indiferentes à realidade factual e insensíveis à dor e ao sofrimento alheio. Ou, caso contrário, não ousariam tripudiar de quem morreu e dos que sofrem pelos que morreram de uma doença que ainda nem começou a fazer o estrago que está prometido.

Essa gente sempre foi assim. O que é novo é o ambiente, esse contexto permissivo que os faz se sentir autorizados a dar vazão às suas mais repugnantes pulsões.

É um erro achar que foi o bolsonaro quem os adoeceu. O bolsonaro apenas resgatou essa gente de sua solidão. Daí tanta idolatria, tanto fanatismo, tanta gratidão e até devoção.

Devia ser desesperador para essa gente viver solitariamente, ruminando em silêncio suas depravações sem poder externar sua essência.

Ver o bolsonaro pondo para fora, sem nenhum filtro, todas essas abominações, voluptuosamente, sem qualquer auto-censura, foi libertador para eles. Um a um foram saindo do armário e se "re-conhecendo" em seus iguais, que também iam se encorajando a se assumir publicamente. Ganharam o mundo. Ou, pelo menos, ganharam o país. E é compreensível que ajam assim, de forma tão desabrida: a força de tanta energia negativa represada por tanto tempo agora entorna torrencialmente.

O despudor mais que pornográfico com que se comportam e se exibem não é apenas uma tentativa de insulto à "velha ordem": é uma desforra. Eles se vingam do mundo em que não se viam plenamente aceitos, que os obrigava a viverem enrustidos, e, feito cães que mijam pelos postes para demarcar território, agora se apressam em afirmar seus anti-valores para refundar o país segundo seu código moral próprio. Sim, porque existe uma moral, um ethos, que essa horda neo-empoderada defende com suas melhores armas: a violência e a sordidez.

Itaú bate record em canalhismo e hipocrisia

Da revista Exame: "Itaú Unibanco vai doar R$ 1 bilhão para combater o novo coronavírus."

Aparentemente, a notícia é linda, né? Mas prossigamos: 

"O dinheiro será transferido para a Fundação Itaú Social e será administrado por um grupo de profissionais da área de saúde liderado pelo médico Paulo Chapchap, diretor-geral do Hospital Sírio-Libanês."

É muita desfaçatez! O banco vai doar o dinheiro para si mesmo, para uma marca integrante de sua holding, uma pessoa jurídica de seu próprio grupo empresarial, e ainda ganha em merchandising.

Doasse para a Fiocruz, uma entidade pública com mais de um século de história e grandes serviços prestados à ciência, apontada pela OMS como laboratório de referência nas Américas para o combate ao coronavírus.

Mas não: melhor fazer uma "ação entre amigos" com um hospital igualmente milionário.

Asco!

por Rafael Patto 

Adeus Ciro, por Leandro Fortes

Ciro Gomes é um homem inteligente e tem posições muito corajosas, sob diversos aspectos. Mas, há muito, se perdeu.

Dizer que a eleição de Jair Bolsonaro é culpa de Lula e do PT não é só desonestidade intelectual, é mau caratismo mesmo.

Ao abarcar essa tese, Ciro passa a se alinhar, definitivamente, com a raia miúda de ressentidos da direita brasileira que tenta fugir de uma responsabilidade que é exclusivamente dela. Porque foi ela, junto com a mídia criminosa do Brasil, que desencadeou um processo devastador de desconstrução da política para, como efeito colateral, destruir a imagem do Partido dos Trabalhadores e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, finalmente, apear o petismo do poder central.

A dose do veneno antipetista, no entanto, foi demasiada. Na falta de um Fernando Collor, a classe dominante pensou em colocar na Presidência da República um boneco inanimado como Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, do PSDB. O retorno dos tucanos, sonho dourado de banqueiros, barões da imprensa, grandes empresários e especuladores do mercado financeiro se transformou no pesadelo chamado Jair Bolsonaro.

A ferramenta usada foi a Operação Lava Jato, sob comando do bem treinado Sérgio Moro, talvez o único realmente beneficiado, no fim das contas. Sem provas, mas incensado pela mídia e pelos setores mais reacionários envolvidos no golpe de 2016, Moro conseguiu colocar Lula na cadeia, a tempo de tirá-lo da disputa de 2018 e garantir, mais adiante, uma boquinha de ministro no governo Bolsonaro.

Foi esse movimento político que elegeu o demente que, por ora, nos governa. Não há qualquer culpa do PT e de Lula, nisso, e Ciro Gomes, entregue ao vale tudo para se cacifar entre os futuros órfãos do bolsonarismo, sabe muito bem disso.

Sempre soube, aliás. Ainda assim, fugiu para Paris, no segundo turno das eleições, ao invés de ficar e enfrentar a besta fera que ele, agora, ataca e critica confortavelmente sentado no camarote da covardia.
O Brasil do PT, a 10 anos atrás, tava construindo navio petroleiro, tocando o projeto para construir submarino nuclear, enriquecendo urânio, construindo avião através da Embraer, plataforma de petróleo, dominando a tecnologia de perfuração em águas profundas, descobrindo o pré-sal, fechando parceria para construir caças com a Grippen, desenvolvendo a produção de energia elétrica através das ondas marítimas etc. O Brasil do Temer e do Bolsonaro tá peidando todo pra produzir máscaras de pano, pedindo para vagabundo improvisar costurando pano de prato e não tem condições de construir ventiladores pulmonares em larga escala. Viram aí no que deu o golpe e a prisão de Lula? 
Vinícius Carvalho

O genocida, os ignorantes e os irresponsáveis, por Juca Kfouri)

Alguns por acreditar que Deus está com eles. Outros por fanatismo ideológico. Mais uns por pura ignorância mesmo, terraplanistas. Mas fato é que neste domingo tem muito mais gente na rua do que deveria, dos grupos de riscos, inclusive. 

Certamente por acreditarem no genocida que espalha sandices em suas redes antissociais.

O preço, em vidas, não demorará a chegar.

Se fossem só as dos irresponsáveis, menos mal, cada um sabe de si. Mas contaminarão os que são prudentes, os que estão nos serviços essenciais, enfim, os inocentes.

O governo da necropolítica, que estimula a posse de armas, que queria tirar a cadeirinha de bebês dos automóveis e os radares das estradas, que infesta o país de agrotóxicos, que estimula as queimadas na Amazônia e persegue os povos indígenas e quilombolas, gargalha sadicamente ao ver seu gado indo para o matadouro.

É preciso interditar esse maluco!