Queixas da oposição não resistem ao Manchetômetro
Na medida em que Dilma recupera os pontos perdidos após o acidente que matou Eduardo Campos e abriu caminho para Marina Silva, a oposição começa a dizer-se preocupada com a agressividade da campanha eleitoral do PT.
Empresários reclamam — em depoimentos anônimos — contra o tom da campanha.
“Ai, que medo!,” escreve uma colunista, hoje.
Será mesmo?
É certo que cada cidadão reage à publicidade eleitoral conforme sua visão de mundo e sua sensibilidade.
Mas também é certo que, de janeiro para cá, o governo Dilma se encontra sob ataque permanente. Uma situação nunca vista depois de 1989, quando o eleitor brasileiro recuperou o direito de escolher o presidente pelo voto direto. Se alguém pode queixar-se de agressividade, tratamento desigual, de massacre, é o governo.
Nos meses que antecederam o início oficial da campanha, quando o eleitorado começava a prestar atenção nos possíveis candidatos, a presidente apanhou porque a inflação iria explodir, o que não aconteceu.
Apanhou porque não ia ter Copa, mas teve.
Ontem, o governo divulgou que foram criados 109 000 empregos com carteira assinada em agosto de 2014. Empregos novos, a mais. Lembrando que há 12 meses foram criados 127 000 empregos, a notícia foi divulgada de forma capciosa. Afirmou-se que a criação de empregos recuou 20%. Deu para entender: ressalta-se o aspecto negativo sem reconhecer que, apesar de tudo, há mais vagas sendo criadas do que suprimidas — o que é um dado positivo, como sabe qualquer cidadão que saiu de casa para procurar trabalho.
Chega a ser escandaloso ouvir queixas de que Dilma tem 11 minutos e alguns de propaganda da TV, mais que o dobro do que Aécio, que tem direito a 4min35s, e que isso configura uma disputa injusta. Na verdade, cada um recebe o tempo que o eleitor lhe deu na eleição anterior. Pode não ser um critério perfeito e deve ser aperfeiçoado — desde que se respeite princípios democráticos.
Na disputa real pelo voto de mais de 100 milhões de eleitores, é preciso contabilizar o tempo de exposição de cada candidato no conjunto dos meios de comunicação do país e avaliar o tratamento oferecido a cada um.
O horário político é só uma pequena fração do tempo — 60 minutos por dia — que o rádio e a TV dedicam às eleições. É uma forma de comunicação muito importante. Para muitas candidaturas, é a única possibilidade de furar o cerco. Mas o alcance é limitado.
O eleitor sabe que está vendo anúncio, o que diminui sua credibilidade.
O Manchetômetro, pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, fez um levantamento junto aos três maiores jornais do país e ao Jornal Nacional. O saldo é o seguinte: para cada notícia positiva, Dilma encara 25 notícias negativas. Essa é a proporção: 25 contra 1.
Você poderia ser bem intencionado e pensar que a mídia não faz mais do que sua obrigação, pois tem o dever de examinar a atuação do governo com espírito crítico elevado e muita isenção. Concordo com a teoria. Mas a prática mostra que a regra não vale para todos. O O volume de notícias negativas de Aécio Neves é só um pouco superior ao das positivas, numa relação que não chega a 2 negativas para 1 positiva, contra 25 a 1, informa o Manchetômetro.
O mesmo acontece com Marina Silva. Não é só.
A mesma pesquisa fez um balanço sobre a cobertura da economia: por baixo, 400 notícias negativas contra 10 positivas. Claro que a economia já esteve melhor e tivemos um ano de crescimento fraco. Mas o emprego continua crescendo. A inflação chegou a cair por quatro meses em seguida. Será o mundo de 400 a 10?
É uma distorção tão grande que não é difícil considerar que uma parte do pessimismo que se manifesta hoje no país tem sido induzido por essa visão enganosa da realidade.
Na medida em que Dilma recupera os pontos perdidos após o acidente que matou Eduardo Campos e abriu caminho para Marina Silva, a oposição começa a dizer-se preocupada com a agressividade da campanha eleitoral do PT.
Empresários reclamam — em depoimentos anônimos — contra o tom da campanha.
“Ai, que medo!,” escreve uma colunista, hoje.
Será mesmo?
É certo que cada cidadão reage à publicidade eleitoral conforme sua visão de mundo e sua sensibilidade.
Mas também é certo que, de janeiro para cá, o governo Dilma se encontra sob ataque permanente. Uma situação nunca vista depois de 1989, quando o eleitor brasileiro recuperou o direito de escolher o presidente pelo voto direto. Se alguém pode queixar-se de agressividade, tratamento desigual, de massacre, é o governo.
Nos meses que antecederam o início oficial da campanha, quando o eleitorado começava a prestar atenção nos possíveis candidatos, a presidente apanhou porque a inflação iria explodir, o que não aconteceu.
Apanhou porque não ia ter Copa, mas teve.
Ontem, o governo divulgou que foram criados 109 000 empregos com carteira assinada em agosto de 2014. Empregos novos, a mais. Lembrando que há 12 meses foram criados 127 000 empregos, a notícia foi divulgada de forma capciosa. Afirmou-se que a criação de empregos recuou 20%. Deu para entender: ressalta-se o aspecto negativo sem reconhecer que, apesar de tudo, há mais vagas sendo criadas do que suprimidas — o que é um dado positivo, como sabe qualquer cidadão que saiu de casa para procurar trabalho.
Chega a ser escandaloso ouvir queixas de que Dilma tem 11 minutos e alguns de propaganda da TV, mais que o dobro do que Aécio, que tem direito a 4min35s, e que isso configura uma disputa injusta. Na verdade, cada um recebe o tempo que o eleitor lhe deu na eleição anterior. Pode não ser um critério perfeito e deve ser aperfeiçoado — desde que se respeite princípios democráticos.
Na disputa real pelo voto de mais de 100 milhões de eleitores, é preciso contabilizar o tempo de exposição de cada candidato no conjunto dos meios de comunicação do país e avaliar o tratamento oferecido a cada um.
O horário político é só uma pequena fração do tempo — 60 minutos por dia — que o rádio e a TV dedicam às eleições. É uma forma de comunicação muito importante. Para muitas candidaturas, é a única possibilidade de furar o cerco. Mas o alcance é limitado.
O eleitor sabe que está vendo anúncio, o que diminui sua credibilidade.
O Manchetômetro, pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, fez um levantamento junto aos três maiores jornais do país e ao Jornal Nacional. O saldo é o seguinte: para cada notícia positiva, Dilma encara 25 notícias negativas. Essa é a proporção: 25 contra 1.
Você poderia ser bem intencionado e pensar que a mídia não faz mais do que sua obrigação, pois tem o dever de examinar a atuação do governo com espírito crítico elevado e muita isenção. Concordo com a teoria. Mas a prática mostra que a regra não vale para todos. O O volume de notícias negativas de Aécio Neves é só um pouco superior ao das positivas, numa relação que não chega a 2 negativas para 1 positiva, contra 25 a 1, informa o Manchetômetro.
O mesmo acontece com Marina Silva. Não é só.
A mesma pesquisa fez um balanço sobre a cobertura da economia: por baixo, 400 notícias negativas contra 10 positivas. Claro que a economia já esteve melhor e tivemos um ano de crescimento fraco. Mas o emprego continua crescendo. A inflação chegou a cair por quatro meses em seguida. Será o mundo de 400 a 10?
É uma distorção tão grande que não é difícil considerar que uma parte do pessimismo que se manifesta hoje no país tem sido induzido por essa visão enganosa da realidade.
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