Os tempos são outros Julinho, por Reiko Miura


Faz 20 anos que você largou a gente no boteco, com a bucha na mão. Não ficou pra ver Lula ser eleito presidente com quase 53 milhões de votos, nem o viu ser reeleito e terminar seu mandato com 87% de aprovação, adorado pelo povo mais pobre e admirado pelos não tão pobres assim. Meu querido amigo, Lula botou o Brasil no mapa do mundo.
Você também não viu Lula fazer sua sucessora, a Dilma, e reelegê-la.
Ainda bem que não estava aqui quando Lula foi preso, numa sequência de perseguições nunca vistas. Marisa se foi. De tristeza. Você ia estar muito puto. E triste.

Os ventos mudaram por aqui, Julinho, soprando contra nós e tudo aquilo que lutamos pra construir. O ex-capitão Bolsonaro foi eleito pelo voto; sim, pelo voto, com a ajuda das igrejas evangélicas, dos empresários, dos latifundiários, da mídia e da classe média remediada admiradora de um bizarro pato que a FIESP adotou como mascote. Retrocesso total, com direito a Olavo de Carvalho dando as cartas. Você ia ficar muito puto se estivesse por aqui vendo o país ser transformado numa república das bananas. E do Doria, já tinha ouvido falar? Pois é, comendo pelas beiradas, virou prefeito de São Paulo e agora será nosso governador. É assim que é.
Bom, só posso te dizer que os tempos são outros e que você não gostaria de estar aqui na nossa pele. E a gente continua resistindo como sempre e lembrando dos amigos que lutaram tanto pra ver o Brasil virar uma Nação de verdade e que já não estão entre nós. 
Salve, Julinho! Saudades muitas.
Reiko Miura
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