No passado, como se sabe, tucano era bicho hesitante. Um garçom desavisado –“Água com gás ou sem gás?”— podia levar um tucano ao desespero. Preferia desconversar –“Um guaraná, por favor”— a tomar uma decisão.
A coisa hoje é diferente. O PSDB tornou-se partido de gente firme. Já não há tucanos em cima do muro. O problema agora é saber de que lado do muro estão os tucanos. Quando o assunto é a moralidade, por exemplo, há grão-tucanos dos dois lados.
Vão abaixo algumas notas que dão uma idéia da maleabilidade ética do PSDB. São textos veiculadas na coluna do repórter Elio Gaspari e na seção Painel, ambas na Folha (só assinantes).
Gaspari vem primeiro:
“Pelas contas de hoje, o plenário do Senado absolverá Renan Calheiros. O tucanato fará barulho, mas não deve ser tomado a sério. Sua moralidade é apenas federal. Em Alagoas, o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB), é aliado de Renan. Na Assembléia de São Paulo, o Conselho de Ética arquivou, por unanimidade (com o voto petista), o processo de inquérito para investigar o envolvimento do deputado Mauro Bragato (ex-líder do PSDB) em malfeitorias na construção de casas populares. Em 2006, Bragato doou R$ 40 mil para sua campanha. Pela declaração de bens que entregou ao tribunal eleitoral, tinha um patrimônio de R$ 6,5 mil.”
Agora, o Painel:
“O governador Teotônio Vilela intensificou a pressão sobre a bancada do PSDB no Senado. Nas conversas com seus correligionários, Téo lembra que a eventual cassação de Renan Calheiros deflagraria uma investigação sobre o governo de Alagoas. No final, ameaça ele, também o partido sairia chamuscado.
A maioria dos tucanos, que reduziram os apelos públicos para que o presidente do Senado se afaste, garantiria hoje, no plenário, o mandato do peemedebista. Os únicos votos certos pela cassação, de acordo com um parlamentar do PSDB, seriam os da relatora Marisa Serrano (MS), de Tasso Jereissati (CE), Sérgio Guerra (PE) e Cícero Lucena (PB).”
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