Bem ou mal, o STF e o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, estabeleceram, com o julgamento da denúncia contra os 40 acusados do mensalão, um novo paradigma no tratamento de delitos envolvendo políticos, corrupção e financiamento ilegal de campanhas.
O padrão estabelecido, pelo menos de início, foi de extremo rigor. O procurador denunciou os envolvidos, a quem chamou de "quadrilha", pecha que grudou depois de não só o relator, Joaquim Barbosa, mas todo o Supremo acolher a denúncia. Tudo leva a crer que Ministério Público e STF tendem a ter comportamento igualmente rigoroso em relação ao mensalão mineiro, cujo inquérito, encerrado pela Polícia Federal, está nas mãos do PGR para denúncia. Nem poderia ser diferente.
Claro está que o "valerioduto" montado em Minas para abastecer a campanha de reeleição do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) e uma penca de outras em 1998 foi "mãe" do esquema que depois veio a irrigar de recursos o PT e aliados. Ainda que nem todos os citados – mais de 160 políticos, incluindo pesos-pesados como Aécio Neves e Walfrido dos Mares Guia – venham a ser denunciados, haverá estrago político. Agora, a torre cai mais para o lado da oposição. Mais do que empatar o jogo político, ou equilibrar a balança do "corruptódromo", porém, o episódio é um aviso aos navegantes, advertência aos que, até agora, fizeram corpo-mole na reforma política e em medidas como o financiamento público de campanhas. Mais dia, menos dia, esse esquema, que tem como filhotes o caixa dois e a troca de favores entre políticos e financiadores, vai contaminar todos os partidos e políticos. A rigor, já contaminou.
Só que, agora, a Polícia Federal investiga, o Ministério Público denuncia e o Supremo abre processo.
Falta apenas os meios de comunicação darem o mesmo destaque. O que duvi-d-o-do.
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