Entrevista José Dirceu

Trechos da reportagem de 12 páginas de Daniela Pinheiro sobre o ex-ministro José Dirceu publicada na edição da revista Piaui que chegou hoje às bancas no Rio e em São Paulo:

* "Disse que a construção da sede do PT, em Porto Alegre, 'foi feita só com dinheiro de caixa dois. Era com mala de dinheiro'. Lembrou que quando foi feita a denúncia, que atingia em cheio o governo de Olívio Dutra, 'a gente estava com eles, não os abandonamos em nenhum minuto'.

* Sobre as críticas de outras correntes do PT em relação ao mensalão: 'Esse pessoal é assim. Chegava para o Delúbio e falava: 'Delúbio, preciso de 1 milhão'. Como é que alguém vai arrumar esse dinheiro assim, de uma hora para outra?', disse, referindo-se ao ex-tesoureiro do partido sob a acusação de ter montado o esquema irregular de financiamento de campanha. 'Aí, quando não recebiam o dinheiro, diziam que estavam sendo preteridos porque eram de uma outra corrente, de uma outra ala, que a direção era autoritária. O pobre do Delúbio tinha que ir aos empresários conseguir doações. Aí, estoura o mensalão e esse pessoal vem dizer que o Delúbio era o homem da mala. O que não dizem é que a mala era para eles'.

* Ciro Gomes, sim, seria um candidato forte [à sucessão de Lula]. Dilma Rousseff e Martha Suplicy têm poucas chances eleitorais, ele [José Dirceu] acha. Ciro Gomes, sim, seria de peso. No almoço em São Paulo, elogiou o deputado eleito pelo Ceará: "Ele foi um excelente ministro: preparado, com iniciativa, boa cabeça politica, leal ao governo e disciplinado; sempre converso com ele", disse. "Mas o Ciro tem um problema: dá a impressão de, contrariado por uma pergunta, ser capaz de levantar e dar um soco no jornalista".

* "Alí, ele tambem revelou ter uma excelente relação com o governador Aécio Neves. Jantam juntos e conversam pelo telefone amiúde. Comentou que o tucano fez um excelente governo: "Ele botou tudo em ordem, tem uma aprovação imensa do eleitorado". Instado a escolher entre Aécio e José Serra, não hesitou: "Posso discordar do que o Serra pensa e faz, mas reconheço que é um ótimo administrador. Ele é obsessivo, trabalha dezesseis horas por dia, sabe mandar e governar. Aécio é bom, mas o Serra é melhor para o Brasil", disse.

* "Aparentemente, ele não guarda ressentimentos de Lula, a quem sempre defende e elogia. Contou que fazia seis meses que não via o presidente e que, no governo, jamais ia ao Palácio da Alvorada sem pedir autorização. Também se lembrou de situações em que sentiu "pouca interlocução" com o presidente.

Uma delas foi quando chegou à imprensa a noticia de que a Telemar injetara R$ 5,2 milhões na Gamecorp - empresa de joguinhos de computador, cujo dono é Fábio Luiz da Silva, filho de Lula. Ele recordou uma reportagem na qual Lulinha inventara frases suas e contava que estivera em reuniões das quais nunca participou.

Dirceu se queixou [a Lulinha] e a resposta foi surpreendente: "Ele se virou para mim e falou: "Ah, mas isso não tem problema não, é só detalhe". Eu falei: "O que é isso, Lulinha, voce está ficando bobo? Isso é seríssimo".

(...) "Para o Lulinha, não importa a verdade", prosseguiu [José Dirceu] . "É assim: estamos aqui tomando cerveja, neste hotel simples, à tarde. Quando o Lulinha conta essa história, ele conta assim: "Estavam os dois, à noite, tomando champagne Cristal no Hotel Ritz,em Paris".

"O Lulinha pegava pesado" [afirma Dirceu]. Na ocasião, Dirceu disse ter procurado o presidente que respondeu: "Você vai ficar enchendo meu saco por causa do Lulinha, Zé Dirceu"?

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