A Fundação da UnB e as ligações perigosas com o PT



A Finatec, fundação de pesquisas ligada à Universidade de Brasília, freqüenta o noticiário há semanas numa situação prosaica: descobriu-se que bancou despesas nada científicas. Saíram de suas arcas, por exemplo, os R$ 389 mil que mobiliaram o apartamento do reitor Timothy Mulholland. Foram adquiridos de saca-rolhas de R$ 859 a lixeiras de R$ 1.000.
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Descobre-se agora que as contas da Finatec escondem segredos bem menos triviais. Deve-se a novidade a uma trinca de repórteres: Wálter Nunes, Murilo Ramos e David Friedlander. Manusearam um maço de documentos colecionados pelo Ministério Público. Contêm um nome e uma revelação.
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Luís Lima, eis o nome que salta do papelório. Empresário, ex-consultor da prefeitura petista de Porto Alegre (RS), Lima intermediou contratos milionários da Finatec com prefeituras e governos Estaduais. Encontram-se listados numa planilha. Os contratos mais importantes foram assinados com prefeitos e governadores filiados ao PT, eis a revelação.
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“No papel, a contratada, para prestar assessoria em programas de modernização gerencial, era sempre a Finatec. Mas quem recebia pagamentos na ponta, pelos serviços realizados, era a Intercorp e a Camarero & Camarero”, informam os repórteres. As duas firmas pertencem “ao Luís Antônio Lima e Flávia Maria Camarero.”
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“Segundo a planilha em poder do Ministério Público, dos R$ 50 milhões em contratos com órgãos públicos amealhados pela Finatec entre 2000 e 2005, R$ 22 milhões foram destinados a pagamentos à Intercorp e à Camarero & Camarero”, anota ainda a reportagem.
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Um dos contratos intermediados por Luís Lima levou a Finatec à prefeitura de São Paulo numa época em que o município era gerido pela petista Marta Suplicy, hoje ministra do Turismo.
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A pretexto de “melhorar a gestão da secretaria que coordena 31 subprefeituras de São Paulo, a Finatec foi brindada, em 2003, sob Marta, com um contrato de R$ 12,2 milhões. Desse total, R$ 9,3 milhões deixaram as arcas da prefeitura até 2004 –R$ 4,49 milhões aportaram na caixa da parelha Intercorp/Camarero & Camaredo. Em 2005, os negócios municipais migraram das mãos de Marta para as de José Serra (PSDB).
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Serra mandou sustar os R$ 2,8 milhões que ainda não haviam sido liquidados. E mandou auditar o contrato da prefeitura com a Finatec. Lá no alto, há um extrato do documento produzido pelos técnicos que varejaram o contrato. Concluíram, em essência, que “houve negligência” do município, que o dinheiro era liberado sem que os serviços pudessem ser auferidos e que a fundação da UnB prestou-se a um papel “político-partidário.”
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Pressionando aqui você chega ao texto dos repórteres Nunes, Ramos e Friedlander. Há na notícia muitos outros detalhes, além da versão de personagens que tiveram ou têm contato com a encrenca. Não deixe de ler. O conteúdo ajuda a explicar a resistência do consórcio governista em dar vazão às investigações que deveriam ser feitas pela CPI das ONGs do Senado. A Finatec é um dos alvos da comissão que não consegue sair do lugar.

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Escrito por Josias de Souza às 21h55
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E ainda tem gente defendendo o "governo mais corrupto da história do Brasil".

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