Um caso evidente de mau gosto. E de censura


Um carro alegórico com bonecos simulando corpos de judeus mortos durante o nazismo, onde está um destaque fantasiado de Hitler, é uma coisa de bom gosto? Ah, não é mesmo, especialmente se, à volta, rolam o maior ziriguidum, o maior balacobaco, o maior telecoteco.
Mas a decisão da juíza Juliana Kalichszteim, que proibiu o desfile do carro, atendendo a uma ação impetrada pela Fierj (Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro), é absurda e caracteriza censura.
Segundo Juliana, “um evento de tal magnitude [o Carnaval] não deve ser utilizado como ferramenta de culto ao ódio, de qualquer forma de racismo, além da clara banalização dos eventos bárbaros e injustificados praticados contra as minorias". Está tudo errado.
Que ódio estava sendo fomentado ali? Que se saiba, era uma alegoria crítica ao nazismo, acusando a sua estupidez.
A não ser que ela tenha decidido ser prudente contra a incitação do ódio aos... alemães e ao tarado austríaco. Mas não era o caso, não num desfile.
A acusação de “banalização” é complicada. Quer dizer que um carro alegórico não poderia reproduzir, por exemplo, negros no tronco durante a escravidão?
O holocausto não é uma tema privado dos judeus. Ele pertence à história. Não existe um Manual de Bons Procedimentos para Tratar a Questão Judaica.
"Só cogitar botar uma figura como a do Hitler em cima de um carro onde estão esqueletos de judeus mortos já representa total irresponsabilidade e maneira não-séria e não-respeitosa de tratar o tema", afirmou Sérgio Niskier, presidente da Fierj.

Ele está errado de muitos modos. Em primeiro lugar:- eram bonecos, não eram judeus;- era uma pessoa representando Hitler, não era Hitler;- sempre que alguém se referir ao Holocausto, a figura de Hitler estará presente. Ademais, que fique claro: o conjunto da obra, ainda que possa ser de gosto duvidoso, não fazia a apologia do ditador nazista, é claro. “Não percebia atitude racista, anti-semita ou discriminatória até ontem [anteontem], mas não sabíamos que teria uma pessoa representando Hitler. Agora, perdemos a confiança de que o tema pudesse ser tratado com respeito", afirma o presidente da Fierj.
Acho que o sr. Niskier navega em águas perigosas. Há a óbvia sugestão de que o carro fosse expressão de anti-semitismo, de racismo. E, obviamente, não era.
Mais: racismo é crime. E acusar injustamente alguém de racista é calúnia, o que também é crime. Era direito seu recorrer à Justiça. A juíza deu a sua sentença. E é um dever nosso protestar contra a censura.
Não se pode impedir alguém de desfilar, dizer, pintar o que quer que seja porque não consideramos o censurado profundo o bastante.
Reinaldo Azevedo

2 comentários:

  1. Concordo plenamente. Enquanto a comunidade judaica mundial vive "brigando" contra quaisquer decisão de governo que vise impedir os abusos de imprensa ou de manifestações de pensamento (quando tais abusos ou manifestações são provenientes dos próprios judeus - que fique claro!) não exitam em utilizar-se do fato histórico que denominaram "holocausto" para recorrer ao Judiciário a fim de impedir que qualquer segmento social, qualquer órgão de governo ou qualquer cidadão possa se manifestar livremente a respeito de questões que eles (os judeus) julguem prejudiciais a raça judaica. "A nos tudo, aos outros... que se danem...": é o que pensam. Enquanto isso os palestinos continuam sendo massacrados sob o olhar idiota do mundo.

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  2. Seu comentário é perfeito. Obrigado pela visita, volte sempre.

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