Vão abaixo trechos das declarações de Lula, extraídas do Correio Braziliense (só para assinantes):
- Na pele de eleitor:
“[...] Outro dia não sei quem foi que achou absurdo eu dizer que queria fazer meu sucessor. Houve alguém que ficou estarrecido. Ele deveria ficar estarrecido se eu não quisesse fazer. Penso em fazer o sucessor à Presidência da República. Trabalho para isso. Agora, eu tenho uma base muito heterogênea. Com que o presidente precisa contar neste momento? Com a hipótese de que a gente consiga montar uma chapa única da base aliada.”
- E se houver mais de um candidato?
“O PSB, por exemplo, é um aliado histórico e tem candidato à Presidência, o deputado Ciro Gomes, um candidato forte porque já foi candidato duas vezes [...]. É bem possível que outros partidos queiram lançar candidato. E vocês jamais me verão reclamar de um partido querer lançar candidato [...]. Obviamente, se não for possível construir uma candidatura única da base, pode ficar certo de que o governo terá candidato.”
- Por que Dilma?
“Eu não estou dizendo que será a Dilma. Não sei quem está dizendo que é a Dilma. É muito difícil a gente tentar lançar alguém candidato sem que tenha uma discussão com o partido ou com os aliados. Se você perguntar das qualidades da Dilma, vou dizer para você uma coisa: existem raríssimas pessoas no Brasil com a capacidade gerencial da companheira Dilma Rousseff. Rarísssimas [...]. Eu acho uma figura extraordinária. Agora, entre ser uma figura extraordinária para gerenciar e ser candidata à Presidência é uma outra conversa, porque aí entra um ingrediente chamado política, que exige outras credenciais. Eu não estou discutindo isso agora. No momento certo, provocarei a discussão.”
- Quando será o momento?
“Será depois das eleições de 2008. Terminada a eleição para as prefeituras, a partir do ano que vem todo mundo tem que saber claramente que vamos começar a campanha de 2010, sem que o presidente participe diretamente, porque tenho muita coisa para fazer, mas os partidos precisarão começar a sair a campo, porque se não fica uma situação desigual.”
- Oposição:
“O PSDB tem dois candidatos já postos, o Serra e o Aécio. Não se sabe se o [Geraldo] Alckmin quer ser ou não. Ou seja, a oposição não pode ficar nadando na praia sozinha. É preciso colocar mais gente nessa praia, e acho que os partidos vão colocar.”
- Aécio no PMDB seria alternativa?
“É muito difícil para o presidente da República discutir em tese. É preciso primeiro saber se o PMDB quer. Segundo, saber qual é o tempo em que ele faria isso, porque isso aos olhos do povo não é uma coisa simples [...]. Obviamente que o governador de Minas tem condições de pleitear ser candidato a presidente, como tem o governador de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Paraná. Agora, primeiro tem o confronto interno, que não é uma coisa fácil. E certamente o Aécio não vai correr do jogo antes de o jogo ser jogado. Ele vai ter que disputar. Se ele perde e depois tenta sair, aí realmente é um tiro pela culatra.”
- E quanto ao terceiro mandato?
“Eu acho que é impensável, se você quiser consolidar a democracia no Brasil, pensar em terceiro mandato. Porque hoje você pensa em terceiro mandato, amanhã pensa em quarto mandato, daqui a pouco está pensando em quinto mandato. E isso é uma coisa obscena para a sustentabilidade da democracia no Brasil [...]. A oposição que está com medo do terceiro mandato é a oposição que achava que meu mandato tinha acabado em 2005.”
- O vazamento do dossiê:
“Achar que este governo iria fazer um dossiê contra a dona Ruth [Cardoso], contra o Fernando Henrique Cardoso, é não ter dimensão de que, se eu quisesse fazer dossiê, teria feito em 2005, quando fui triturado por adversários que vocês conhecem. E que certamente, se investigados, teriam muitas coisas… Eu não fiz porque fui vítima disso a vida inteira. O que estamos fazendo é um banco de dados [...]. Agora, se alguém consegue pegar um documento e vender como dossiê, ou entrega para um senador e para um deputado, eu não posso fazer outra [coisa] a não ser apurar, para saber o que aconteceu [...]. Posso ter todos os defeitos, mas se tem uma coisa que eu aprendi na minha vida é ter uma relação política leal.”
- Carestia e alta dos juros:
“Não me peça para discutir o Banco Central. Você pode discordar da visão que o Banco Central está tendo de que a inflação daqui a um ano será de 6% ou 7%, ou você pode concordar. Então, cabe ao governo, em vez de ficar choramingando, tomar atitudes para evitar que os preços da comida subam. Naquilo que são preços que dependem do governo as coisas estão mais ou menos controladas. Então, eu acho que não há necessidade de a gente ter medo da inflação [...]. Precisamos aumentar a produção. Não está acontecendo isso [excesso de demanda] no Brasil. Não está acontecendo. Porque tem muitos investimentos. Esses investimentos num primeiro momento são consumo, porque você tem que comprar as coisas para construir uma fábrica, mas num segundo momento se tornam oferta [...]. Nós não queremos truncar o crescimento. Daí a minha preocupação com o aumento dos juros.”
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