Por que José Aparecido vazou o dossiê?

O que mais intriga amigos e subordinados de José Aparecido Nunes Ferreira, chefe da Secretaria de Controle Interno da Casa Civil da presidência da República, é que ele pode ser tudo - menos ingênuo. Menos um amador. Menos um desastrado.

Trata-se de um servidor público para lá de experiente. E para lá de qualificado. Sempre foi um disciplinado militante do PT desde que ingressou por concurso no Tribunal de Contas da União e de lá, reservadamente, começou a repassar informações sigilosas para a direção do partido.

Assim se credenciou para ir trabalhar na Casa Civil com o então ministro José Dirceu. Tornou-se homem de absoluta confiança de Dirceu. Foi ele, por exemplo, que montou em 2003 a licitação para a milionária conta de publicidade da Secretaria de Comunicação da presidência da República.

Deu conta do serviço com rara competência. A licitação foi ganha por quem deveria ser - as agências Matisse, Lew Lara e Duda Mendonça.

Com tal perfil e trajetória como um cidadão desses cometeria a trapalhada de remeter por e-mail para um amigo, assessor de um senador da oposição, o que o governo pretendia manter em segredo - o dossiê com despesas sigilosas do período de Fernando Henrique Cardoso na presidência da República?

Por descuido? Bobagem.

Por orientação de Dirceu interessado em detonar as chances de Dilma virar candidata à sucessão de Lula? Esqueça. Dirceu é amigo de Dilma. A Dirceu não interessa um Lula enfraquecido.
Por ter perdido status desde que Dirceu foi substituído por Dilma Rousseff? Talvez.

Por imaginar que prestaria mais um bom serviço ao governo vazando um dossiê que poderia assustar a oposição e fazê-la baixar a bola na CPI que investiga despesas feitas com cartão corporativo? É possível, sim. É a hipótese mais provável.

O que Aparecido não contava era com o vazamento do dossiê para a imprensa. Se tal fosse seu objetivo, ele teria outros meios e modos de alcançá-lo sem deixar rastros.

2 comentários:

  1. Não eram despesas sigilosas. O que foi trocado, ao menos pelo que diz e mostra a Veja, era uma planilha sobre processos sobre suprimentos de recursos auditados pelo TCU. Estas informações estão na internet. Basta uma simples pesquisa no Google para constatarmos. Acabo de publicar o caminho destas pedras no meu blog. A conclusão é óbvia: a Veja e a mídia que a seguiu estão fazendo tempestade em copo d´água. Eu ou você poderíamos fazer facilmente o mesmo dossiê.

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  2. Essa imprensa (PIG) pensa que somos todos idiotas.
    Gostaria de ver a imprensa televisa entrevistando o tal de Andre, o pau-mandado do sr. Alvaro Dias.

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