6. Sexto, de quanto era os juros na era FHC. Lembro que quando terminou o governo os juros giravam em torno de 24% e risco Brasil em torno de 2400 pontos. E quanto tá hoje?
"Dados do Banco Central põem em xeque a afirmação de que os atuais juros reais -ou seja, descontada a inflação- são os menores dos últimos dez anos, veiculada anteontem pelo programa nacional do PT na TV, sob o mote ‘isso é fato, isso é verdade’.
Como é tradição na propaganda política, o programa omitiu os principais resultados negativos colhidos pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, como a queda do PIB (Produto Interno Bruto) e o aumento do desemprego.
Mas, mesmo no caso dos juros reais, apresentado como conquista da gestão Lula, os números dão, no mínimo, margem a dúvidas.
Há três critérios principais para calcular juros reais. Por dois deles, a afirmação de que as taxas são as menores desde 1994 é insustentável, segundo estatísticas oficiais.
No terceiro critério, justamente o adotado pelo programa petista, o problema é a inexistência de números comparáveis no período de dez anos mencionado pelo PT.
Aos fatos: os juros reais de hoje superam os de 2002, último ano do governo FHC, se o cálculo levar em conta o passado -ou seja, as taxas do Banco Central acumuladas nos últimos 12 meses, descontada a inflação do período.
Segundo relatório do BC de março último, a taxa de juros reais medida dessa forma ‘manteve trajetória ascendente’ e chegou a 14% em fevereiro deste ano. Em relatório de março do ano passado, o BC afirmou: ‘A taxa real acumulada em 2002 situou-se em 5,9%, a menor desde 1991’.
Outra forma de fazer a conta é usar a taxa presente do BC -hoje de 16% ao ano- e descontar a inflação projetada pelo mercado para os próximos 12 meses, a partir de pesquisa feita diariamente pelo banco. Por essa metodologia, os juros reais estão em 9,8% ao ano.
Calculada dessa forma, a taxa foi menor nos últimos dois meses do governo FHC, quando, após a eleição de Lula, as expectativas de inflação do mercado dispararam (ver quadro nesta página). Em novembro e dezembro de 2002, os juros reais foram de, respectivamente, 8,41% e 7,87%.
Terceiro critério
O terceiro critério para medir juros reais é o mais sofisticado deles: comparar os juros projetados para os próximos 12 meses -a partir das operações do mercado futuro- com a inflação esperada para o período.
Com base nessa medida, governo e PT sustentam que as taxas atuais, na casa dos 9% ao ano, são as menores dos últimos dez anos.
Problema: a pesquisa do BC que apura a inflação esperada pelo mercado para os 12 meses seguintes só foi iniciada no final de 2001. Não há dados, portanto, para a enorme maioria do período mencionado pela propaganda petista.
Segundo o BC, foram feitas hipóteses para a inflação esperada em períodos passados. Numa economia instável como a brasileira, tal exercício é muito arriscado. Em 1999, por exemplo, na desvalorização do real, houve grande dispersão das projeções de inflação -um banco, o Merrill Lynch, chegou a prever um IPCA de 33% naquele ano; acabou em 8,94%.
Exageros à parte, é fato que os resultados colhidos por Lula na política monetária -queda da inflação e dos juros reais- são melhores que os obtidos no estímulo ao crescimento, na geração de empregos e nos gastos sociais.
Não é por acaso: ao priorizar o controle da inflação, com juros altos e aperto nas contas, Lula obteve reveses omitidos na propaganda: o PIB caiu 0,2% em 2003, primeira queda anual desde 1992 e o desemprego manteve-se em alta."
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