Campanha sobre o dragão da inflação

O medo da inflação, que aos poucos toma conta de toda sociedade, faz com que os preços sejam remarcados como numa auto- realização, e torna o governo Lula prisioneiro de suas próprias contradições. Agora querem aumentar ainda mais o superávit e conter ainda mais o consumo, que esta acima do crescimento do PIB, em 1%. Isso mesmo!

Como vemos, vale tudo. O medo da inflação tem alguns nomes - popularidade, votos, sucessão. Além do temor de suas conseqüências econômicas, mas que realmente não são piores do que o aumento dos juros e do superávit. Sem falar na obsessão com os cortes nos gastos públicos. O mais grave é que ninguém garante que o aumento dos juros e do superávit, vá conter a alta dos preços, que tem como causa óbvia o choque externo do petróleo, matérias primas e alimentos.

Ora, o principal gasto público é o serviço da divida interna, 6% do PIB, que só crescerá com o aumento dos juros anulando todo o esforço de superávit fiscal. 1% de juros consome em media 8 bi, mais que o 1% de elevação do superávit economiza. Fora o gravíssimo efeito no câmbio, que continuará a se valorizar colocando em risco nossa balança externa, aos poucos, de novo deficitária.

Esfriar a economia, diminuir a demanda, conter o crédito, subir os juros e o superávit, parece-me um erro, um tratamento equivocado para um diagnóstico errado. Todos sabemos que estamos pagando pelo grave erro de não termos reduzido os juros entre 2005 e 2007, quando a situação internacional e interna permitiam e o país dispunha de todas as condições de ter uma taxa selic de 8% e juros reais de 4%.

José Dirceu


Nenhum comentário:

Postar um comentário