Matéria no caderno de Economia do Estadão, do Fernando Dantas, sobre o novo Consenso que começa a se sobrepor ao Consenso de Washington. clique aqui.
Um forte papel do Estado e maciços investimentos públicos voltaram, finalmente, a fazer parte da corrente dominante das recomendações sobre como alcançar o crescimento acelerado e sustentável.
Um documento recém-lançado, com o patrocínio do Banco Mundial e de quatro países desenvolvidos (Austrália, Suécia, Holanda e Reino Unido), enfatiza que não há caso de crescimento acelerado e prolongado nos últimos 50 anos com investimentos públicos, basicamente em infra-estrutura, abaixo de 5% a 7% do Produto Interno Bruto (PIB).
No Brasil, o número está em torno de 2,1%, incluindo estatais.
O trabalho teve participação de dois prêmios Nobel de Economia, Michael Spence (presidente) e Robert Solow, e de figuras de peso do establishment financeiro internacional, como Robert Rubin, presidente do Citigroup e ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos.
Com um grupo principal de 21 especialistas de renome internacional, entre os quais o economista brasileiro Edmar Bacha, foi deslanchada em abril de 2006 a Comissão sobre Crescimento e Desenvolvimento, que durante dois anos organizou encontros e workshops com especialistas em diversas áreas ligadas direta ou indiretamente ao crescimento econômico.
(...) Segundo Bacha, que foi um dos pais do plano Real, e hoje está ligado ao Instituto de Estudos de Política Econômica (Iepe/Casa das Garças), no Rio, "o relatório da Comissão diz que os ditames do Consenso Washington são condição necessária para o crescimento, mas não suficientes".
O relatório parte da constatação de que 13 países desde 1950 passaram por uma experiência até então inédita na história, de crescimento acelerado, com taxas médias anuais de 7% ou mais ao ano, por períodos de no mínimo 25 anos.
Esses países são Botsuana, Brasil, China, Hong Kong, Indonésia, Japão, Coréia do Sul, Malásia, Malta, Oman, Cingapura, Taiwan e Tailândia.
Segundo a Comissão, aquele tipo de crescimento rápido e acelerado "pode tirar maciçamente pessoas da pobreza e do trabalho desumano".
O relatório nota que o Brasil é o único daquela lista cujo crescimento foi abortado, com a longa estagnação que vai do início dos anos 80 até aproximadamente 2005.
(...) A novidade é a defesa do papel do Estado, tanto como maciço investidor em infra-estrutura quanto como agente galvanizador da sociedade para adiar a gratificação imediata do consumo pelo esforço de poupança e investimento (de no mínimo 25% do PIB) que possibilita o salto para o crescimento acelerado.
Grande novidade, Brizola viveu e morreu defendendo estas ideias.
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