Enviado por Ricardo Noblat -
O que convenceu a Justiça a decretar por cinco dias a prisão preventiva do banqueiro Daniel Dantas, dono do Grupo Oportunitty? A tentativa comprovada dele de, por meio de emissários, subornar um delegado para que o deixasse de fora das investigações, e também a mulher e a irmã.
A mulher é acusada de lavar dinheiro. Em poucos anos movimentou R$ 21 milhões. A irmã de Dantas é sócia de 150 empresas. Servia como "laranja" para o banqueiro. Solto de imediato, quem ousou oferecer um milhão de dólares a um delegado seria capaz de apagar provas que o incriminem.
O ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), deveria levar isso em conta ao examinar o pedido de habeas corpus impetrado em favor de Dantas. Cinco dias são um prazo mínimo para que a Polícia Federal recolha mais provas que Dantas em liberdade poderia destruir.
Foi inoportuna a crítica repetida, ontem, por Mendes à Polícia Federal e ao que ela chama de "espetacularização" de suas operações. Faltou senso de oportunidade ao ministro. Ele passou a impressão de que reagia de antemão à prisão de notáveis.
Mendes reclamou, por exemplo, do uso de algemas em presos que não representam ameaça à própria integridade e a dos policiais. Não me lembro de Mendes e de outros ministros criticarem o uso de algemas em pessoas comuns - não digo em assassinos e bandidos comprovadamente perigosos.
O que Mendes chama de "espetacularização" tem a ver com o acompanhamento pela mídia das operações da polícia. Também não me lembro de ele ou de qualquer outro dos seus colegas ter reclamado de igual tratamento conferido por polícias locais a presos sem sobrenome de peso.
Não basta que a Justiça seja equilibrada - e essa não é a impressão que se tem aqui fora. Ela deve se esforçar para parecer equilibrada.
Assino embaixo
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