Foi na sala da superintendência, no nono andar do prédio da Polícia Federal em São Paulo, que o comando da Operação Satiagraha recebeu o comunicado do afastamento do caso. A reunião de emergência, marcada por queixas, troca de insultos e acusações, durou três horas e meia na tarde desta segunda-feira (14).
Participaram do encontro dez delegados, sendo três representantes da cúpula da Polícia Federal: entre os presentes estavam o superintendente em São Paulo, Leandro Daiello Coimbra; o diretor de combate ao crime organizado, Roberto Troncon; e o diretor de combate a crimes financeiros, delegado Paulo Tarso Teixeira. Também estavam na mesa os delegados responsáveis pela investigação contra Daniel Dantas, controlador do Grupo Opportunity: Protógenes Queiroz, Carlos Eduardo Pellegrini, Karina Murakami Souza e Victor Hugo Rodrigues Alves. Foi Victor Hugo quem fingiu aceitar a proposta de US$ 1 milhão para excluir Daniel Dantas e parentes dele da operação policial.
Envolvimento emocional
Os delegados ouviram da cúpula da Polícia Federal que eles não poderiam mais continuar no caso porque estavam “emocionalmente envolvidos” com a investigação. Ainda segundo os delegados, o delegado Protógenes Queiroz foi duramente criticado por insubordinação.
Na véspera das prisões, na semana passada, Queiroz se negou a entregar aos superiores cópia da decisão judicial com nomes dos alvos da operação. Durante a reunião desta segunda, o delegado justificou a atitude alegando que temia vazamentos de informações dentro da própria instituição.
Trabalho no fim de semana
De acordo com os delegados presentes, Queiroz reafirmou o desejo de continuar à frente da investigação. Ele teria dito que o curso que vai fazer semana que vem em Brasília não o impediria de prosseguir nas apurações. Oficialmente, a cúpula da Polícia Federal atribuiu a saída de Queiroz exclusivamente à participação dele no curso de aperfeiçoamento em Brasília. No entanto, segundo os delegados do caso, não restou dúvida no encontro de emergência que a decisão de afastá-los das investigações era definitiva e irrevogável.
Falta de apoio
Durante a reunião com diretores da Polícia Federal, os delegados também reclamaram de falta de apoio. Foi cobrada dos superiores uma resposta para o pedido de reforço na equipe. Segundo os delegados, na semana passada eles já haviam solicitado peritos, escrivães e agentes para analisar toda a documentação recolhida em 58 endereços por ordem da Justiça. Passados oito dias da Operação Satiagraha, uma tonelada de material apreendido sequer começou a ser examinada, de acordo com os delegados afastados. “As pressões sobre esses delegados que conduziram a operação, as pressões estavam sendo muito grandes, muitos fortes. Não só de dentro da Polícia Federal, da direção geral, que talvez tivesse alguma censura a respeito da conduta de algum deles, que nós não concordamos na realidade. Mas também de fora da instituição” afirma o diretor do sindicato dos delegados da PF, Amauri Portugal.
Novas funções
Na reunião entre os delegados e cúpula da PF, também não foi dito quem vai assumir as investigações a partir da próxima semana.
A Polícia Federal anunciou nesta quarta-feira (16) o delegado Ricardo Saad, chefe da Delegacia de Combate aos Crimes Financeiros da Superintendência de São Paulo (Delecin), como novo titular da Operação Satiagraha.
Cada delegado do grupo vai para um lado. Karina Murakami Souza será transferida para a corregedoria da Polícia Federal; Carlos Eduardo Pellegrini volta para o departamento anti-drogas; e Victor Hugo Rodrigues Alves já reassumiu funções no interior de São Paulo. Já Protógenes Queiroz vai se dedicar integralmente ao curso de especialização na Academia Nacional de Polícia. Queiroz é o mais antigo do grupo. Está na Polícia Federal há dez anos e já comandou grandes investigações, como as que levaram para a cadeia o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo, o filho dele (Flávio), o contrabandista Law Kin Chong e juízes de futebol envolvidos no escândalo conhecido por “máfia do apito”.
Episódio inédito
A saída de Queiroz do caso Daniel Dantas-Naji Nahas representa um episódio inédito na Polícia Federal. É a primeira vez que um delegado deixa o comando de uma grande operação no auge das investigações. Na tarde desta quarta-feira (16), o procurador da República em São Paulo Rodrigo De Grandis encaminhou oficio à direção da Polícia Federal pedindo o retorno imediato da equipe de delegados ao comando da investigação.
Tudo muito estranho. Os quatro delegados afastados ao mesmo tempo, e o governo diz que foi a pedido deles. Só mesmo a Velhinha de Taubaté para acreditar nesta história da carochina.
E Lula pedindo ao delegado pra retomar o caso? Para mim é jogo de sena. O Presidente da República manda e não pede.
Caso só um dos delegados tivesse pedido o afastamento seria difícil de acreditar, mas que sabe? Mas os quatro?
E se pediram para sair a Policia Federal poderia ter dito não pois o caso é de extrema importância.
Tudo muito extranho. Tanto a oposição como o governo estrão envolvidos até a medula neste mar de lama.
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