Vamos combinar que o DEMO pode falar de crise institucional.
Seus pais e avós, que há 50 anos vestiam a camisa da UDN e depois da Arena do regime militar, conheceram várias.
Provocaram algumas, inclusive a maior delas, que foi o golpe de 64. Também ficaram bonzinhos no AI-5, quando as instituições foram esfrangalhadas, como disse um inesquecível editorial do Estadão.
Mas quando o PSDB e o PPS (a fatia mais larga do velho Partidão) dizem que o “ Brasil vive hoje uma situação de grave crise institucional “ estão praticando um tipo de baixa avaliação política que não combina com a formação acadêmica de boa parte de integrantes. Eles leram os clássicos, viveram situações graves e sabem o que é crise institucional. Não tem nada a ver com o Brasil hoje. É errado até falar de crise política. A descoberta de que o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo, foi grampeado é um episódio lamentável e grave. Confirma uma situação de baderna histórica dos serviços de informação que não mantém o governo informado, não ajudam a prevenir crises nem pequenos acidentes e, como se viu, até contribui para criá-las. Mas é só.Em nota assinada pelas três siglas, se diz aquilo que não se prova e se defende aquilo que não é aceitável. A nota chega a sustentar que “a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN),” cometeu um atentado a democracia com a “quebra do sigilo telefônico dos presidentes do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, além de diversos senadores.”
A revista inVEJA escreve que divulgou uma “reprodução” da conversa mas não emprega o termo profissional mais preciso — “transcrição”. Escreve que recebeu a “reprodução” de um servidor do órgão, mas não sustenta que ele cumpria ordem de serviço. Os grampos telefônicos são uma tragédia nacional. Ameaçam a democracia e desmoralizam a liberdade de cada um. Mas 72 horas depois da denúncia, o diretor geral da ABIN e seus principais assessores foram afastados temporariamente de seus cargos. Os delegados designados para apurar o caso já começaram a trabalhar. A reação da oposição é tão fora de medida que lembra aquele tipo de adversário que dispensa o governo do natural esforço de encontrar aliados.
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