A luta pela posse do Estado

Entrevista de Walter Maierovitch ao Terra Magazine a respeito do crime organizado.

Traça um paralelo entre a Máfia Italiana e sua ascenção ao poder, com Daniel Dantas no Brasil.

Ainda esculhamba com a justificativa da Min. Ellen Gracie para não liberar o acesso ao HD de Dantas, sob sua guarda.

Além de outras informações interessantes.

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(...) No Brasil, o senhor identifica algo semelhante?

Sim, o exemplo claro é o (banqueiro) Daniel Dantas. Ele consegue participar da privatização, tendo uma procuração pra representar fundos de pensão, num processo absolutamente estranho. Porque ele não tinha potencial econômico algum pra se enfiar nesse ramo. Precisou de dinheiro de fundos de pensão, o Estado lhe propicia isso. Participa da privatização (das teles), obtém vantagens, continua administrando até ser cassada a procuração. Mais do que isso, descobre-se que discos rígidos, que revelam todo esse processo de privatização, não podem ser abertos por decisão judicial. Por decisão do Supremo Tribunal Federal da Ellen Gracie.

Um contra-senso?

É como se eu matasse uma pessoa, o cadáver ficasse dentro do apartamento, e eu tivesse uma autorização judicial da Ellen Gracie pra polícia não entrar. O argumento que ela dá, na decisão, é mais estranho ainda. Ela diz que a apreensão daqueles discos rígidos se deu na apuração de grampos, pra verificar se Daniel Dantas podia grampear alguém. Ora, a Lei Processual Penal fala dos crimes conexos. Quando se está apurando o homicídio de João, se você encontrar a prova de que o mesmo assassino matou Antonio, José ou assaltou um banco, você não vai ignorar. Na visão dela, sim. E não deixou abrir os discos rígidos. O mesmo Daniel Dantas que consegue no segundo habeas corpus um foro privilegiado. Ele salta instâncias e vai ao Supremo. E o presidente do STF dá uma liminar sem consultar a Corte.

Em 48 horas...

A primeira ainda se pode discutir. Mas a segunda, não. Não é nem do Judiciário, é improbidade administrativa. Daí a minha tese do impeachment. E veja a reação do ministro (Nelson) Jobim, que sustenta uma mentira com relação às escutas, ao grampo, pra derrubar o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e não acontece nada.

(...) O senhor vê, no Brasil, uma reação à modernização do combate ao crime? Ele não precisa ser constantemente modernizado?

Sim, está lá no livro, entre outras coisas, o exemplo de uma especialista. Ela diz que a criminalidade organizada prefere hoje o mouse à metralhadora. A criminalidade precisa lavar esse dinheiro sujo pra reempregá-lo em atividades formalmente lícitas. É aí que está o pulo do gato. Vou mais longe, até, dizendo o seguinte: essa criminalidade de matriz mafiosa não assalta mais banco. Ela põe o dinheiro no banco e se serve de toda a rede de telemática.

3 comentários:

  1. A juíza Ana Cristina Krämer, de Florianópolis, anulou ontem as provas obtidas por interceptações telefônicas da Operação Influenza. A sentença só terá efeito se o Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmar o entendimento da juíza de que houve ilegalidade na autorização dos grampos.

    A operação foi deflagrada pela Polícia Federal em junho contra um esquema de evasão de divisas na vendas de grãos, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro.

    As escutas foram feitas em 2007 com autorização do juiz Paulo Afonso Sandri, de Itajaí (SC) e revelaram que um dos presos na operação pediu favores em repartições federais ao deputado Décio Lima (PT) e a Marcelo Sato, genro do presidente Lula.
    A justiça existe exclusivamente para Daniel Dantas? Bem feito pra ele, porque nao casou com a filha do Presidente Lula!

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  2. PRECISAMOS CRIAR MAIS UM TRIBUNAL, DESTA VEZ PARA JULGAR OS CRIMES DO SUPREMO E DE OUTROS JUÍZES COM POSIÇÕES E ATITUDES NOTORIAMENTE CORRUPTAS. MAIS OU MENOS COMO RESGATAR A PATENTE DE MARECHAL NO BRASIL!
    QUE CINISMO DE NOSSAS AUTORIDADES JUDICIÁRIAS! O ESTILO BUSH E SEUS ASSECLAS ESTÁ FAZENDO ESCOLA PELO MUNDO AFORA! É O MESMO MODÊLO QUE TRANSFORMA OS ALGOZES EM VÍTIMAS, TRANSFORMANDO O TERRORISMO AMERICANO EM "LUTA PELAS LIBERDADES DEMOCRÁTICAS" E A AÇÃO DELETÉRIA DE GILMAR MENDES E NELSON JOBIM "EM REAÇÃO À GRAMPOLÂNDIA E AO AUTORITARISMO NO BRASIL"!

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  3. O que temos visto na mídia é uma guerra sem precedentes. Muitas cabeças têm rolado: políticos cassados; ministros exonerados. É uma disputa ideológica? Não há razão para tal porque nossos partidos políticos agem dentro da lei e da Constituição. Tornamo-nos, de súbito, adeptos do moralismo vitoriano? Muitos querem a condenação de Dantas, mas, por quê? É um lobista? Afinal, houve tantos na história da República sem que ocorresse celeuma. Muita gente é atacada e nem entendemos o porquê. Sobra porrada para o Ministro da Defesa, os presidentes do Supremo, da República, do Senado, para a PF, a Abin, o Dirceu que está proscrito da política e pode sobrar, até, para o vigário de Caculé. O que está em questão, afinal: ideologia ou moralidade? Parece que nenhuma das duas. Assistimos uma disputa comercial, talvez pelo mercado da telefonia celular, nossa nova Serra Pelada. Nem devemos nos envolver com isso, nós que não ganhamos nada para tal. Melhor ouvir as palestras do Gaspareto, ler os livros do Paulo Coelho, jogar dominó na praça ou pescar no pesque e solte.

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