Solta o verbo Protógenes

– Afinal, o senhor fez grampo clandestino ou não?

De maneira nenhuma. Isso é uma grande mentira, lançada levianamente, envolvendo o nome de pessoas importantes no cenário da República e de dois órgãos importantes, que são a Abin e a Polícia Federal. O objetivo daquela informação, engenhosamente montada, foi tirar o foco dos investigados e centrar nos investigadores.

– Com base em que o senhor afirma isso?

Cadê o áudio? Como se lança uma conversa entre duas pessoas importantes da República – o presidente do STF, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres – e não se apresenta o áudio? Não se pode deixar de lado a figura central de uma investigação que abalou as estruturas do país. Está se discutindo todo o arcabouço legislativo do Brasil por causa de uma investigação contra um banqueiro. Não um simples banqueiro, mas um poderoso banqueiro com ligações extremamente estreitas com pessoas do topo do aparato estatal. Isso foi demonstrado durante a investigação. Não posso entrar no mérito, porque a investigação ainda está sob sigilo.

- O senhor se refere a quem quando fala em “topo do aparato estatal”?

Eu me refiro às cúpulas do sistema. Ao topo do aparato estatal.

– O Poder Executivo ou não só?

Eu diria em termos de Estado. Não classificaria se é Executivo, Legislativo e Judiciário, mas a desenvoltura com que aparecem fatos para obstar as investigações tem um resultado prático. E aí são reveladas as pessoas que estão comprometidas com esse sistema.

– Mas a investigação que o senhor fez é alvo de pelo menos quatro procedimentos para apurar possíveis desvios.

Há que apurar os ilícitos, e não tentar produzir provas para o bandido. Com todo o respeito pelos encarregados dessas investigações, a defesa está esperando o resultado para pedir a anulação da operação. Isso é deprimente. Para mim, quem protege bandido, bandido é.

– Quem acompanha o caso tem a impressão de que há um jogo de ameaças nessa história. Isso está acontecendo?

Tudo o que foi colhido na Operação Satiagraha está nos autos.

– E qual o potencial desse material?

No material apreendido, considero da maior importância os discos rígidos da residência do investigado Daniel Dantas, porque ali pode haver segredos que podem marcar a história do Brasil.

– São os discos que estavam na tal parede falsa?

Positivo. Eu reputo ser esse o material mais importante da operação.

– E o que há nesses discos?

O conteúdo está sendo analisado pela equipe que assumiu a investigação e espero que, um dia, o Brasil conheça esse material.

– O senhor considera natural recorrer à ajuda dos serviços secretos das Forças Armadas?

Não vejo problema. Esses órgãos fazem parte do Sistema Brasileiro de Inteligência. A cooperação é prevista em lei.


Por que não pedem o fim do sigilo de justiça neste caso?
Era o que de melhor poderia acontecer para o Brasil.
O sol é o melhor desinfetante!

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