Crise se agrava e governo age
O risco-Brasil deu um salto de 27,7%, para 677 pontos. A Bolsa perdeu 10,18%, após ser acionado uma vez o "circuit breaker". Os mercados começaram em quedas desde a manhã, quando o governo anunciou a Medida Provisória nº 443, que abre aos bancos oficiais a possibilidade de comprar participações acionárias em instituições financeiras privadas.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, qualificou a medida de preventiva. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que não há bancos quebrando no país, mas admitiu que continuam os problemas de liquidez em algumas instituições.
A escassez de linhas externas se agravou e o saldo do fluxo cambial até o dia 17 é negativo em US$ 3,751 bilhões. Houve saída líquida de US$ 5 bilhões pelo câmbio financeiro, um déficit que geralmente é coberto pelo saldo comercial. O problema agora é que não só as linhas para a exportação foram significativamente reduzidas - em 55%, até o dia 10, se consideradas as médias diárias do mesmo período de setembro -, como os exportadores não estão comparecendo com vigor com os dólares decorrentes do câmbio não financiado.
Até o dia 17, eles somaram US$ 4,7 bilhões, ante US$ 9,9 bilhões em todo o mês de setembro e US$ 5,5 bilhões no mesmo período de outubro do ano passado. A soma desses dois movimentos mostrou que o câmbio comercial de exportação atingiu no período US$ 7,5 bilhões, ante US$ 19,2 bilhões em setembro e US$ 10,2 bilhões de outubro de 2007.
A interrupção das linhas externas, do fluxo de dinheiro e a crise financeira se refletiram no rápido encolhimento do crédito em outubro. O volume de crédito bancário caiu primeiros dias do mês, enquanto se agravava a crise de liquidez. O volume de operações para pessoas físicas caiu 13% nos oito primeiros dias de outubro, na comparação com o mesmo período de setembro.
Para as empresas, a redução foi de 12,8%. O volume de crédito, até o dia 10, encolheu 0,2% - expurgada a desvalorização cambial de 19,5% no mês, que distorce o resultado.
BB é autorizado a ir às compras e Caixa, a assumir construtoras
O governo já se prepara para um substancial aumento da presença do Estado no setor financeiro, certo de que haverá, no pós-crise, um processo de fusão de bancos. Mas o aumento da participação dos bancos públicos no sistema, segundo avalia-se no Ministério da Fazenda e no Banco Central, tende a ser transitório. A MP dá condições de igualdade entre bancos públicos e privados num momento em que o mercado, certamente, passará por troca de mãos e injeção de capital, e atende uma velha demanda do BB e da CEF.
Além destas medidas o governo deveria usar parte do compulsório para comprar títulos da dívida pública, em leilões.
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