por ALTAMIRO BORGES, em seu blog
A mídia não é neutra ou imparcial, como se mistifica nas faculdades de jornalismo. Ela tem lado, posições de classe e interesses comerciais. Editores e colunistas, com honrosas e raras exceções, nunca desafiam os “barões da mídia”; servem servilmente e regiamente pagos. Da mesma forma que fazem escarcéu contra a relação extraconjugal do ex-presidente do Senado, que resultou num filho “bastardo” com uma jornalista, eles escondem outro caso extraconjugal, também com uma jornalista, da TV Globo, e que também resultou num filho “bastardo”, que hoje reside na Europa. Este caso, que somente a revista Caros Amigos ousou divulgar, envolveu o ex-presidente FHC.
Hoje, a mídia faz alarde contra as insinuações homofóbicas da campanha de Marta Suplicy. Mas em 2004, na véspera de outra eleição municipal, ela não usou da mesma virulência para condenar um panfleto do candidato José Serra intitulado “Dona Marta e seus dois maridos”. Como observa Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, a mídia “tem dois pesos e duas medidas... Quando se bisbilhotou a vida da Marta, nunca vi a indignação que ocorre hoje... Eu trabalho ao lado de uma pessoa cuja vida é devassada diariamente, que é o presidente Lula... Contra nós, vale tudo”.
Massa de manobra das elites
A mídia venal critica a “propaganda preconceituosa” contra Gilberto Kassab somente por razões eleitoreiras. Como desabafou Luiz Favre, atual marido de Marta Suplicy, a candidata sempre foi alvo do mais rasteiro preconceito das forças conservadoras, amplificado pela mídia. Ele enumera vários artigos publicados pelo jornal Folha de S.Paulo contra a sua honra e da então prefeita da capital paulista. “Eu poderia continuar até amanhã de manhã linkando matérias em que a vida de Marta foi enxovalhada e ridicularizada, numa mescla perversa de sexismo e xenofobia... Quando será que os mesmos arautos da falsa indignação reconhecerão o seu telhado de vidro?”.
A chamada “classe média”, que se julga tão iluminada, deveria ficar mais esperta diante de tanta manipulação. Do contrário, continuará sendo uma eterna otária, massa de manobra e joguete nas mãos das forças conservadoras, seja das que patrocinaram o sangrento golpe militar de 64 ou dos que hoje organizam o movimento “Cansei” e apóiam Kassab. No mínimo, ela deveria consultar outras fontes, evitando reproduzir acriticamente as verdades dos colunistas da mídia hegemônica ou votar em candidatos fabricados pelas classes dominantes.
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